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Audiência promove debate sobre Educação Civil e Modelo Militar

Por Habacuque Villacorte – Rede Alese

A Assembleia Legislativa de Sergipe, através da sua Comissão de Educação e por iniciativa do mandato do deputado estadual Iran Barbosa (PT), promoveu na tarde dessa terça-feira (15), uma Audiência Pública para debater o tema “Os Caminhos da Educação Civil Frente ao Modelo Militar do Governo Federal”, que teve como palestrante o doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP, Rudá Guedes Ricci.

Em sua exposição, o palestrante pontuou que o militar é servidor público como qualquer um e que tem direito e o dever em discutir as políticas públicas. “Temos que sugerir o debate com os militares, mas não entendo como abrir espaços para eles na Educação. É verdade que as coisas não estão bem, mas na Saúde também não está e não vemos militares querendo ocupar o espaço dos médicos. Já pensou como seria?”.

Rudá Guedes defendeu que é preciso ter cuidado para não entrar no irracionalismo, mas pontuou que os militares “não se prepararam para pensar em Educação”. “Educar não é para qualquer um! Não se resume a uma apostilha que qualquer um pode fazer. Essa coisa de aluno ideal, que só tira nota 10 não existe! Apenas na cabeça dos tecnocratas! Esses são os adultos que mais fracassam, que não conseguem tomar uma decisão frente uma novidade, porque só estão preparados para dar respostas mecânicas. Tem que tá preparado para responder para a vida”.

O palestrante emocionou os presentes quando defendeu, efetivamente, a presença materna e da mulher no processo de Educação da criança.  “Alunos que moram só com os pais têm metade das notas, em qualquer lugar do Brasil, do que os alunos que moram só com a mãe; alunos que têm mães que estudaram até quatro anos em uma escola têm três vezes mais nota que os alunos cuja mãe nunca estudou. A mãe tem o dobro de tempo, em qualquer classe social, de dedicação aos filhos. O pai no máximo é 15%”.

Palestra de Rudá Guedes foi concorrida

“A mãe é o principal fator de desempenho escolar no Brasil, muitas pesquisas mostram isso e a gente precisa focar as políticas de educação a partir dessa realidade”, disse, acrescentando ainda que “as crianças que passam fome não conseguem ter o mínimo de atenção na sala de aula, segundo o MEC. Demoramos 20 minutos para fazer a chamada, porque as crianças precisam chegar e descarregar aquela energia negativa da violência de ondem residem. Não adianta o modelo militar se a paisagem continuar assim”.

Rudá Guedes criticou a teoria de que na escola pública tem que se ‘impor rigor”. “Não sei o que os militares estudaram, mas quando você impõe o rigor na sala de aula, é uma regra quando o professor vira as costas ele recebe bolinhas de papel. Disciplina não é rigor, é ameaça! Tentam impor que os militares têm educadores fantásticos e que é a melhor Educação do Mundo, não ficando apenas na escola, mas aí vai ter que ir para as famílias, para a sociedade, para o País e para o Mundo”.

“Estamos longe de ser uma educação razoável e brasileira. Somos mais uma Educação Europeia ou Norte-Americana. Agora nós, Educadores brasileiros, temos uma característica que faz toda a diferença: fazemos tudo para que nossos alunos tenham uma vida melhor do que as nossas. Por isso temos a profissão mais nobre e que menos se vendeu par ao mercado”, concluiu o doutor em Ciências Sociais.

Iran Barbosa

Audiência Pública foi movimentada na Alese

Autor da proposta de debate, o deputado Iran Barbosa defendeu a importância de se discutir o tema por entender que “eu sou educador, tenho mais de 30 anos de militância na Educação e eu particularmente não acredito que para a Educação melhorar você tem que trazer o modelo do quartel para dentro das escolas, que tem e deve cumprir o seu papel social que, inclusive, pode ser melhorado”.

O deputado também criticou os cortes que são promovidos na Educação quanto ao repasses de recursos. “É preciso garantir a implementação dos projetos pedagógicos que as escolas produzem. É assim que a legislação determina e que está na política de Estado do País, regulamentado na Constituição Federal e na LDB. Queremos autonomia e a garantia da autoridade docente. Queremos discutir com a sociedade, dialogar com os alunos, sem que venham medidas milagrosas de cima para baixo”.

Adaílton Martins

O presidente da Comissão de Educação, deputado Adaílton Martins (PSD) também comentou a exposição feita por Rudá Guedes Ricci e sua dedicação em se aprofundar sobre um tema tão vasto. “Tivemos uma grande exposição e o que foi dito aqui é que não precisa esse militarismo na escola porque não é nela que vamos reduzir a violência, mas isso passa pela situação financeira do povo brasileiro, que está desencadeando uma série de problemas. Não é massacrando os estudantes que nós vamos melhorar a Educação”.

Ivonete Cruz

A presidente do Sintese (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe), Ivonete Cruz, vê com preocupação a relação entre Educação Civil e Modelo Militar. “É um processo preocupante que avança no Brasil com essa conjuntura de militarização das escolas públicas. Nós temos a concepção que a escola é o local do saber, pautada pela ciência, pela arte e pela cultura, pelo respeito à diversidade. O modelo militarista é para o controle e manter uma disciplina hierarquizada, que não respeita a liberdade”.

Fotos: Júnior Mattos

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