Na última sessão ordinária da Assembleia Legislativa este ano, realizada na manhã desta quinta-feira, 20, o deputado estadual Francisco Gualberto (PT), líder da bancada de governo, fez um emocionante discurso de despedida para colegas que não voltarão à Casa em 2019. Além disso, fez também uma contundente defesa do parlamento estadual, dizendo que seu mandato tem sido uma trave de defesa da Casa legislativa. “Estou sempre em defesa do parlamento como a maior e mais representativa trincheira da democracia do Brasil. Até maior do que o Executivo, porque aqui existe uma pluralidade de pensamento e representação”, disse o deputado.
Francisco Gualberto citou os deputados que não conseguiram reeleição, assim como outros que não concorrerem na eleição de outubro deste ano, dizendo que “uns deixarão saudade e outros nos darão o prazer de continuarmos convivendo”. Sobre Venâncio Fonseca, que durante anos travou duros embates na condição de líderes de governo e oposição, Gualberto afirmou que se trata de um amigo que lhe fez aprender muita coisa na vida. “Pessoa por quem tenho muito respeito, admiração, afeto, carinho e amizade. Coisas que a vida não tirará mais da gente. Tivemos muitos conflitos no campo da política, mas ficará a amizade e os bons sentimentos, da forma como se faz a boa política”.
O líder do governo reverenciou também o deputado Augusto Bezerra, outro com quem teve muitos atritos durante determinado momento em mandatos passados. “Mas o tempo mostrou que esses atritos no campo da política não deixaram nenhuma mágoa no campo pessoal. Desejo a ele sorte e força nas dificuldades que a vida oferece para ele e para todos nós. Nós vamos nos separar no mandato, mas não na vida”, disse Gualberto.
O discurso de despedida também foi direcionado ao Pastor Antônio dos Santos, que concorreu ao cargo de deputado federal e não foi eleito, assim como aos deputados estaduais que ficaram como suplentes, Jairo de Glória e Robson Viana. O deputado Gualberto se referiu ainda a Gustinho Ribeiro, eleito deputado federal; Paulinho da Varzinhas, Ana Lúcia, que não concorreu à reeleição, além de Morito Matos e Tijói Evangelista, deputados não reeleitos. “Convivi com vários deputados como líder do governo e em situações diferentes. Espero ter dado o melhor de mim, e que tenha cumprido com meu papel sem deixar grandes marcas negativas no nosso relacionamento. Acredito que fiz o possível para honrar a palavra, respeitar os companheiros. É verdade que houve momentos de excesso, pois acontece nos parlamentos, mas fiz tudo o que pude para que as coisas caminhassem sempre com respeito”.
Em outro momento, Francisco Gualberto fez uma defesa contundente do parlamento. “Infelizmente vivemos um momento em que os poderes executivo e legislativo estão sendo jogados no escanteio e tratados como coadjuvantes, e outros setores estão assumindo o protagonismo na disputa da hegemonia da política neste país. Mas o mundo gira, as conjunturas mudam, os impérios caem, as ditaduras são derrotadas, e os momentos ruins também passam, e muitas vezes quem pensa que será rei o tempo inteiro pode um dia não ter nada”, disse o deputado.
“Cabe a gente acreditar no que está fazendo, corrigir os erros, ter humildade para fazer as correções de trajetória, porque nada disso tira o valor de um parlamento. No dia em que um parlamento for destruído é porque não haverá mais democracia no país em que isso acontecer. Sem parlamento não existe democracia, não existe a Constituição do Brasil cumprida, do ponto de vista de que o poder deve emanar do povo”, garante Francisco Gualberto.
O deputado petista lembra que os parlamentares não fizeram concurso para cargo vitalício. “Aqui é uma Casa na qual o povo bota e tira a cada quatro anos. Portanto, este é o Poder mais legítimo dos poderes. Um governador, que comanda o poder Executivo, pode se eleger com 30% dos votos válidos, a depender da forma da disputa, mas nos parlamentos é quase impossível a Casa ser composta por um único partido, um só pensamento, com deputados que pensam da mesma forma. Portanto, aqui está a pluralidade expressa através do voto popular”, frisou. “Fora disso, o que existe é burocratismo de Estado, fascismo, intervenção, é golpe. Pode ser muita coisa, mas o poder de fato deve emanar do povo e agir para o povo”.
Por Assessoria Parlamentar
Foto: Jadilson Alese