A Assembleia Legislativa de Sergipe, através da Procuradoria Especial da Mulher (PromuAlese), realiza, nesta quinta-feira, 14, o 2o. Fórum Construindo Laços de Apoio às Mulheres em Situação de Violência: interfaces com o ciclo gravídico-puerperal. O evento ocorre em conjunto com a Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres e o Instituto Agatha, que formam o Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal.
Foram tratadas diversas formas de violência, a exemplo das violências sexual, psicológica e obstétrica. O objetivo é esclarecer dúvidas e garantir que todas as mulheres saibam como identificar os casos e a quem pedir ajuda.
A técnica da PromuAlese, Marjana Almeida, explicou que a violência obstétrica é muitas vezes invisibilizada, mesmo acontecendo com frequência. A Procuradoria atende casos como esses para orientar e coibir esse tipo de violência.
“Já surgiram alguns casos, a gente vê que está surgindo um pouco mais e que, infelizmente, é uma violência muito normalizada, que às vezes as mulheres passam por algum tipo de violência nos hospitais em relação a xingamentos e a outros tipos de violência, e elas acabam normalizando porque é uma coisa que todas passam. A gente está aqui para dizer que não é normal, que as mulheres têm que ter esse cuidado, que elas têm que ser bem atendidas, que elas não podem sofrer violência em nenhum momento da vida delas e que elas têm que denunciar”, falou.
Marjana ainda acrescentou que as orientações médicas são bem-vindas, mas a mulher tem autonomia do próprio corpo e pode escolher o tipo de parto que ela vai ter. “Desde o início, ela precisa ter todas essas orientações para escolher melhor, para entender o que está acontecendo com ela. Além disso, não deixarem ter um acompanhante. As mulheres precisam se atentar para denunciar, para a gente criar uma nova cultura, relacionada à questão da maternidade”.
Representando a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a enfermeira Ana lira disse que é preciso falar sobre a mulher que engravidou vítima da violência. Ela lembrou que estas mulheres têm direito ao aborto previsto em lei.
“A gente quer garantir que essas mulheres sejam acolhidas, que elas tenham uma assistência prestada com qualidade, uma identificação se ocorreu ou não a gestação em decorrência dessa violência e que seja ofertado o aborto previsto em lei. Caso tenha feito o aborto de uma outra forma, que sejam acolhidas para garantir que ela tenha uma assistência também pós-abortamento. A gente precisa acolher essas mulheres para que não tenham infecção ou hemorragia porque essas são causas que levam aos óbitos tanto de mulheres quanto fetal”, afirmou.
Ela ainda explicou que a discussão é multidisciplinar, unindo Saúde, Ministério Público, Educação e secretaria de políticas para as mulheres. “A gente precisa trabalhar juntos com o objetivo final: acolher essas mulheres e crianças também porque tem os casos que são menores de 14 anos que podem engravidar e também é um abuso”.
A psicóloga do Instituto Social Ágatha, Carla Kathleen, salientou que a maternidade em si já traz seus momentos e seus pontos vulneráveis, mexendo com a identidade da mulher, com o que ela pensa de si, com o que ela consegue se organizar a pensar no outro, no que é família para ela, no que é filho para ela, e nas demandas que muitas dessas mulheres têm que conciliar com o momento que vive.
“Tudo isso vai mexer com ela. Então, diante de situações de violência, toda essa demanda que já é grande piora, fica maior, fica mais intensa, dificulta esse desenvolvimento dessa mulher e nós estamos aqui para discutirmos e encontrarmos formas de minimizar esses impactos e essas violências para que essa mulher consiga ter um ambiente propício para parir com segurança, para gestar com segurança, para desenvolver a sua maternidade com segurança”, falou.
Ela alertou que é preciso assegurar que todas as pessoas tenham acesso à informação para que o atendimento possa ser feita a quem precisa. “A informação tem um poder muito grande sobre as nossas dores, então quanto mais eu me informo, quanto mais eu procuro entender sobre o que é violência obstétrica, o que é violência sexual, o que é uma violência psicológica, mais eu vou conseguir me identificar em relação a essa violência e aí, a partir disso entender que não é o fim, existe uma rede de apoio, com profissionais que são capacitados para lidar com os traumas e com as emoções, então procure ajuda, procure auxílio, tente ter informações a respeito de onde pode ter esse auxílio, que podem ser posto de saúde, Cras (Centro de Referência de Assistência Social), Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e ir em busca de ONGs (Organizações Não Governamentais)”.
O Instituto Social Agatha acolhe as mulheres vítimas de violência e dá suporte emocional, com acompanhamento psicológico. O objetivo é fazer ela conseguir reescrever a própria história para continuar com sua vida.
No final do evento, serão formadas propostas com ações e objetivos para trabalhar ao longo do ano de 2025. O 2o Fórum Construindo Laços de Apoio às Mulheres em Situação de Violência: interfaces com o ciclo gravídico-puerperal foi realizado no auditório do Ministério da Saúde.
Mídia: Myllena Stephany/Agência de Notícias Alese