O deputado estadual do PSC, Capitão Samuel, é autor da Sessão Especial que ocorreu na manhã desta quinta-feira, 21, no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe. A sessão abordou “Nova Política Mental e as Comunidades Terapêuticas”. Entre os objetivos da exposição, a temática pretende alavancar melhorias no tratamento de pacientes com transtorno mental.
Segundo o parlamentar, o Brasil mudou a política manicomial em 1970 e de lá para cá, passaram a existir novos meios de redução e danos nos tratamentos. “Um esquizofrênico não é igual a outro esquizofrênico. Há diversas atitudes para tratar os pacientes. O mesmo método não servirá para todos. Para um, o ideal pode ser a internação, para outro, o tratamento pode ser assistencialismo social ou psicológico”, explicou.
De acordo com o parlamentar, o governo do Estado está se encaminhando para disponibilizar novas vagas de leitos hospitalares para esses pacientes. ” O que é um lado positivo, mas é necessário também um amparo maior para esse paciente que ocupará o leito”, lembrou o deputado.
Problemática
Segundo externou o deputado, há uma divergência de entendimento para o investimento de recursos. “Que os envolvidos, na área da Psicologia e Assistente Social, tenham o entendimento de que os recursos financeiros do Estado não devem ser destinados apenas para leitos de internação. Eu acredito que devemos nos somar ao pessoal dos hospitais, da terapêutica, da assistência, da Psicologia dos CAPS , e buscar mais recursos para oferecer a esses pacientes com problemas mentais, diversos tratamentos.
O deputado ressaltou que pacientes não podem deixar de ser acolhidos. “ Não podemos deixá-los à mercê, ou jogados na ruas. Exemplo disso é que há presos como criminosos nos presídios, pois não foram detectados com essa deficiência mental antes, e com isso cometeram delito. Não podemos deixar esses pacientes sem o correto assistencialismo. E é isso que estamos tentando evitar”, explicou Capitão Samuel.
Exposições
Para a coordenadora da Rede Atenção à Saúde da Secretaria de Saúde, Renata Roriz, Sergipe segue em consonância no tratamento da saúde mental com a política nacional.
“Seguimos a política nacional, mas, muito mais além chegamos. Cuidamos de pessoas, de gente. Nos voltamos para as práticas de evidências cientificas. Contudo, trabalhamos com vários pontos de atenção, pois além das pessoas que têm doença mental, cuidamos do sentimento de suas famílias”, comentou a coordenadora.
A superintendente do Samu, Conceição Machado, fez uma explanação da realização do atendimento a pacientes psiquiátricos. “Trabalhamos em rede com os CAPS e Hospitais. Diante de uma chamada para esse tipo de paciente, a gente não vê só o surto. O paciente tem doenças tradicionais e orgânicas. Ligam pra 192, e paciente pode estar em casa ou na rua, e o Samu vai até ele”, explicou.
João Lima Junior, médico, diretor de Avanço Integral à Saúde, registrou que o debate chegou no momento oportuno, que envolve o debate técnico e com a sociedade. “Estudos apontam que até 2030 a população estará mais idosa no país. E um olhar para esse ponto é importante pois o aumento de transtorno metal tende a aumentar também”, citou, ressaltando que há a dificuldade de financiamento específico para a área de saúde.
“Mas trago uma oficial informação nesse sentido. O governo vem ampliando leitos nos hospitais para potencializar melhor o atendimento. Em Estância, no Hospital Jessé Fontes, chegarão 15 leitos à mais. Em Lagarto, mais 10 leitos para o infanto-juvenil”, salientou o diretor João Lima.
Anderson Amorim, defensor público, ressalta que a Defensoria foi criada para estar junto à população carente, de serviços seus interesses no aspecto da cidadania. Defensor é o coordenador do núcleos de execução penais.
“Meu foco é antimanicomial. Estou desde 2008 na Defensoria, recebemos parentes que nos procuram e não querem aceitar essa realidade, colocando em risco a vida própria do paciente e dos familiares. Não existe mágica. O nosso foco é anti-institucionalização e antimanicomial do paciente. Deixar o paciente segregado, durante anos, como nas décadas pretéritas, é algo que não deve ser repetido. Não há como avançar com retorno à segregação. Se o eletrochoque é indicado, não cabe a mim métodos de tratamento. Cabe dizer que tem tratamentos, e precisamos do fortalecimento dos CAPS e não tolhê-lo de materiais para o melhor funcionamento.
O deputados Iran Barbosa (PT), e Valderbal Marinho também participaram do debate, e parabenizaram a Alese por abrir o diálogo. “Importante a chegada de novos leitos para acolher esses pacientes”, disse doutor Vanderbal, parlamentar. Segundo Iran Barbosa, debate aponta necessidade de investimentos importantes na saúde e assistência social.
A deputada Maria Mendonça do PSDB, e a deputada Kitty Lima da REDE, entenderam que segmento precisa ser replanejado. “É inegável a necessidade do fortalecimento desses centros”, aponta Kitty. Segundo Maria Mendonça, leitos precisam ser ampliados para garantir que pessoas com surto saiam de crise. Em casa, família ficam sem aparo. Necessário que Estado pense numa solução dos problemas. Que essa discussão não fique aqui, que precisamos levar à práticas, pois os pacientes precisam e suas famílias também”, falou a deputada Maria.
Ex-deputada Ana Lúcia, em discussão aberta, sugeriu que Casa faça Moção para o CAPS ser implementado. Deputada labutou sobre o tema durante seus mandatos. Também, Zezinho Sobral, líder do governo na Alese, se manifestou durante a audiência, e ressaltou casos de vivência à época como secretário de Saúde. Segundo contou, filho de agricultor tentou suicídio com arma branca, por ter deficiência mental.
“Como fiz um acompanhamento pessoal, há deficiências. CAPS não tem como realizar todo o trabalho. Hoje inaugura nova visão nessa área e que está sendo negligenciada em todos os aspectos”, afirma Zezinho. Na ocasião, Georgeo Passos também se manifestou, e parabenizou o colega Capitão Samuel. “Parabéns ainda por estar à frente do Batalhão da Restauração por dependente químicos, e por discussão importante na Casa Legislativa”.
Desfecho
O deputado Capitão Samuel, que presidiu a mesa de debates, expressou que um documento será elaborado afim de que encaminhamentos sejam prestados. “Buscaremos recursos do Governo Federal para fortalecimento e implementação dos CAPS e o fortalecimento de toda a rede que trabalha com esses pacientes”, externou o deputado.
Pacientes, ex-dependentes químicos, familiares e profissionais de comunidades terapêuticas diversas, do município e do Estado, participaram dos debates.
Por Stephanie Macêdo – Rede Alese
Foto: Jadilson Simões