Num momento em que a educação pública é alvo de debate por causa da falta de investimentos e da perda de qualidade, a Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa de Sergipe reúne educadores para discutir “As Experiências que Deram Certo na Educação Pública”, seminário idealizado pela deputada Ana Lúcia. Casos de sucesso, como a experiência do Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Escola Parque, situada em Salvador (BA), são mostrados como exemplo de que a educação precisa ser rediscutida e se tornar uma prioridade para os gestores.
A deputada Ana Lúcia, que visitou experiências bem sucedidas na Bahia, afirma que o sistema educacional Escola Parque, criado pelo educador Anísio Teixeira, democratiza o ensino e serve de referência de escola pública no país. “Queremos que Sergipe tenha uma Escola Parque e que todas as escolas públicas do Estado tenham esse mesmo padrão”, disse a deputada, que destacou o papel inovador do educador baiano defensor da tese de que o movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização.
A Escola Parque desenvolve ações e projetos de integração com a comunidade, não apenas com os estudantes. “São experiências muito importantes, que não exigem tanto investimento em recurso, mas que precisam, acima de tudo, de vontade política para motivar essa juventude a frequentar a escola, a gostar de estudar, a terminar seus cursos, numa perspectiva de emprego, renda e inclusão social”, observou a deputada.
Coordenadora Pedagógica da Escola Parque, Ivonete Barreto Amorim disse que o princípio democrático é a maior virtude do modelo aplicado na unidade. A escola está situada numa área de extrema pobreza, num bairro de periferia, e cumpre um papel social de grande relevância. “Quando falamos em democracia não se trata de uma falácia. Os alunos escolhem o tema pedagógico que será usado durante o ano. O trabalho pedagógico é o desenho da escola, é o que norteia a escola”, explicou.
A primeira experiência tratada no seminário foi a que funciona no Centro Educacional Carneiro Ribeiro. Nesse sistema, adotado na unidade, as escolas oferecem o currículo básico e propõem acesso a aprendizagens sobre trabalho e à cultura ampla da humanidade, possibilitando o desenvolvimento do senso de responsabilidade, de ação prática e de criatividade. “A palavra Escola Parque me agrada porque reúne uma grande estrutura, envolve responsabilidade. Tudo é muito grande. Temos um teatro com capacidade para 568 lugares e vivência na prática o que se aprende na teoria”, declarou a coordenadora de Núcleo de Pluralidade Artística do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, Silvana Maia Carvalho.
“A escola que Anísio Teixeira deixou é uma escola que acolhe, que apresenta uma proposta de democratizar o ensino público, democratizar o homem. Tem a missão de preencher e provocar a sensibilidade, o ouvir e o sentir”, disse o diretor da Escola Parque, Gedean Ribeiro do Nascimento, que mostrou aos participantes do seminário detalhes do sistema de aprendizagem que torna a unidade uma referência. Gedean elogiou a iniciativa da deputada Ana Lúcia em propor um evento onde o intercâmbio de ideias pudesse gerar propostas para a escola pública de Sergipe.
O seminário mostra ainda a experiência bem-sucedida no campo, da Escola Municipal Francisco José dos Santos, localizada no Projeto de Assentamento Oito de Outubro, município de Simão Dias-SE. A escola atende desde a educação infantil até o 5º ano e, através da utilização dos princípios de organicidade, da pedagogia do trabalho, da pedagogia da história, da pedagogia do MST e da mística, consegue promover uma integração com a realidade local. À tarde seá apresentada a experiência dos Centros Juvenis de Ciência e Cultura do Estado da Bahia (CJCC).
Foto: Jorge Henrique
Texto: Dilson Ramos