Por Stephanie Macêdo – Rede Alese
Tramita na Assembleia Legislativa de Sergipe a proposta de declarar como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Sergipe a “Renda Irlandesa de Divina Pastora”. A iniciativa do Projeto de Lei de nº 197 partiu do deputado estadual Garibalde Mendonça (MDB).
A cidade de Divina Pastora se tornou o principal polo da renda irlandesa em razão de condições históricas de produção vinculadas à tradição dos engenhos canavieiros, à abolição da escravatura e às mudanças econômicas que culminaram na apropriação popular do ofício de rendeira, restrito originalmente à aristocracia. A renda irlandesa é um tipo de renda de agulha, dentre as muitas existentes no Brasil. Combina uma multiplicidade de pontos executados com fios de linha tendo como suporte o lacê, produto industrializado que se apresenta sob várias formas, sendo o fitilho e o cordão os mais conhecidos na atualidade.
Em Sergipe, a opção das mulheres no município de Divina Pastora por trabalharem com o lacê do tipo cordão sedoso achatado, mesmo empregando uma técnica que é muito difundida no Nordeste, resultou na confecção de uma renda singular, de grande beleza, ressaltada pelo relevo e brilho do lacê. Isto confere ao produto do seu trabalho um diferencial em relação às rendas produzidas em vários estados da Região. Desse modo, a renda irlandesa de Divina Pastora, devido ao tipo de matéria prima empregada, apresenta características próprias, gerando um produto em que textura, brilho, relevo, sinuosidades dos desenhos se combinam de modo especial, resultando numa renda original e sofisticada.
Segundo o texto da matéria, o projeto de lei visa unicamente a preservação e a valorização da cultura sergipana. “A renda irlandesa é conhecida em todo o país e no exterior, pois o trabalho realizado pelas rendeiras é de excepcional qualidade. Em Sergipe várias localidades produzem a renda, mas é no município de Divina Pastora que existe uma maior concentração delas. Para fortalecer o trabalho das rendeiras é necessário criar espaços para a comercialização de seus produtos, promover oficinas de qualificação e cursos de aperfeiçoamento para que melhore a qualidade de vida das mesmas”, destaca a justificativa do Projeto de Lei.
Foto: Heitor Reali – Site Iphan