Por Wênia Bandeira/Agência de Notícias Alese
Era meado do período de ditadura militar no Brasil, quando no dia primeiro de setembro de 1972 foi realizada a primeira edição do Festival de Arte de São Cristóvão (Fasc), dentro do conjunto de comemorações do sesquicentário da Independência do Brasil. A cidade, declarada cidade monumento histórico por decreto do Governo estadual, em 1968, e rica de bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passou a ser referência de cultura no estado.
Para reconhecer esta realidade, a Assembleia Legislativa de Sergipe aprovou o Projeto de Lei Nº 350/2023, de autoria do deputado Paulo Júnior, que declara o evento cultural e artístico ‘Festival de Artes do Município de São Cristóvão’ (Fasc), ‘Bem de Interesse Cultural’.
O historiador Jorge Carvalho lembrou que este evento foi iniciado para comemorar junto aos festejos da Independência. A ideia era obedecer as ordens de idealizar a comemoração em todas instituições federais.
“Naquele ano, o Brasil era governado pela Ditadura Militar e no país havia aquele ufanismo de Brasil grande, que vai pra frente, que foi uma das marcas do marketing dos generais da Ditadura. As instituições públicas, dentre elas as universidades, foram instadas a promover celebrações do 7 de setembro para comemorar os 150 anos da Independência e, na Universidade Federal de Sergipe, o grupo integrado pelo jornalista João Oliva Alves e com o entusiasmo de outros nomes que trabalhavam na Universidade como do professor Clodoaldo Alencar Filho, propôs a organização de um festival de arte”, detalhou.
Contudo, o Fasc passou a ser utilizado como forma de combater este modo de governo opressor. Os participantes passaram a demonstrar, durante suas apresentações, que queriam a volta da democracia.
“Naquele período de embates entre a Ditadura e lideranças políticas de esquerda, estudantes universitários e ativistas, o espaço do Festival se consolidou também como um espaço político com manifestações de artistas das várias linguagens da arte que se opunham às práticas da Ditadura Militar e aproveitavam as práticas artísticas para manifestar sua insatisfação e repúdio”, contou.
Ele ainda destacou a relevância do evento para a cultura do estado. “O Festival foi extremamente importante porque teve como palco aquela cidade histórica com belo casario, com as igrejas tradicionais e ali nesses espaços é que ocorreram os grandes eventos”.
O Fasc vai comemorar, este ano, 51 anos de existência com 38 edições. O evento será realizado nos dias 1, 2 e 3 de dezembro e reúne artistas das mais diversas áreas, como música, dança, teatro, artes plásticas, literatura, gastronomia, entre outras.
Paulo Junior destacou a importância do evento para a economia do estado. “Isso representa o ápice da cultura sergipana que se volta todo para São Cristóvão. É um momento muito importante porque, além do investimento e do fortalecimento da nossa cultura, movimenta a economia do município, gera emprego e renda para a cidade e tem um público estimado por noite entre 50 e 70 mil pessoas”.
Desde o primeiro ano, o Fasc mostra a diversidade da cultura do estado com um festival a céu aberto, que abre espaço para qualquer pessoa, como disse o parlamentar. Ele lembrou que foi nesta cidade onde a história de Sergipe começou.
“Apresentações nas praças São Francisco e Do Carmo, com oficinas literárias e gastronomia. Isso fortalece ainda mais a identidade cultural de Sergipe e São Cristóvão é a cidade mãe de Sergipe, onde tudo começou no nosso estado, principalmente a cultura sergipana”, afirmou.
Na primeira edição do Festival, foram realizados seminários, cursos, oficinas de arte, apresentações de corais, de música e de balé, além de teatro e ginástica moderna, cinema amador, artesanato e grupos folclóricos.
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