
Deputada Áurea Ribeiro
Durante o grande expediente da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese), nesta terça-feira (14), foi realizada a palestra “Contracepção: Um Olhar Especial”, de autoria da deputada Áurea Ribeiro (Republicanos). O evento abordou temas essenciais como saúde integral da mulher, planejamento familiar e métodos contraceptivos.
A deputada Áurea Ribeiro destacou a importância do tema, afirmando que é uma questão amplamente discutida na sociedade. “Como parlamentar, mulher e mãe, não poderia deixar de trazer à tona uma questão tão relevante. Devemos cuidar das nossas mulheres e adolescentes, um público vulnerável diante da gravidez indesejada. Jovens de 13 e 14 anos engravidando por falta de preparação são situações alarmantes e que precisam ser discutidas com urgência”, afirmou.
A parlamentar enfatizou também a relevância do binômio mãe-bebê para a saúde pública. “São duas vidas em jogo: a da mãe e a da criança. A educação, sobretudo nas escolas, deve estar voltada para a conscientização sobre os riscos da gravidez precoce. O diálogo, principalmente entre pais e filhos, pode prevenir muitos problemas de saúde pública”, ressaltou.
Especialistas
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil registra, anualmente, cerca de 2,5 milhões de nascimentos, sendo que aproximadamente 1,5 milhão são de gestações não planejadas, com 300 mil ocorrendo em adolescentes. A ginecologista e obstetra Carmem Luísa Leite afirmou que a contracepção e o planejamento familiar são avanços dentro das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Não podemos mais aceitar os altos índices de aborto e mortalidade materna. Precisamos investir na educação, que é a base de qualquer mudança efetiva”, afirmou.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, a taxa de gravidez na adolescência é de 62,4 para cada 100 mil mulheres, muito acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de seis para cada mil mulheres. A médica ginecologista Myrthis Ribeiro explicou que essa realidade impacta diretamente a estrutura social e econômica do país. “A gravidez precoce afeta a qualidade de vida não só das mulheres, mas também dos homens que se tornam pais. Por isso, a discussão sobre os métodos contraceptivos é fundamental”, destacou.
Métodos contraceptivos
A médica Milla Jansen apresentou os diferentes métodos contraceptivos disponíveis pelo SUS, destacando a eficácia de cada um. “Os métodos mais comuns são a pílula anticoncepcional, o injetável, o DIU de cobre e os métodos de barreira, como os preservativos masculino e feminino. Entre os mais eficazes estão os métodos hormonais, como o Implanon, o Mirena e o Cailina”, explicou Milla.
Ela ainda ressaltou a importância de envolver os homens no planejamento familiar. “Embora a adesão masculina ainda seja limitada, é fundamental que os homens participem ativamente dessa discussão. A camisinha, por exemplo, é um método de barreira acessível e eficaz, que além de prevenir a gravidez, protege contra doenças sexualmente transmissíveis”, afirmou.
Gravidez indesejada e o desafio para o SUS
Especialistas também abordaram a questão da gravidez precoce como um problema de saúde pública. “É um problema doloroso de se ver. Já atendi uma menina de 11 anos grávida, e é um choque perceber que uma criança de corpo e mente ainda infantis é gestante”, lamentou a médica Daniela Prado.
Ela destacou que gestantes adolescentes enfrentam um risco elevado de complicações, como aborto espontâneo e parto prematuro, e que as sequelas para a saúde da mãe e do bebê podem ser duradouras.
Em relação ao aspecto jurídico, foi destacado que, no Brasil, qualquer relação sexual com menores de 14 anos é considerada estupro de vulnerável, independentemente do consentimento. “Se um profissional de saúde identificar uma gravidez em meninas abaixo dessa idade, ele deve denunciar ao Conselho Tutelar, garantindo que a menina receba o atendimento adequado”, afirmou a médica.
Importância da educação e conscientização
As especialistas concordaram sobre a importância de disseminar informações sobre contracepção e planejamento familiar. “Não devemos esperar que uma mulher ou adolescente passe por uma gravidez indesejada para procurar ajuda. A informação é a chave para evitarmos complicações futuras, tanto para a saúde das mulheres quanto para a saúde pública em geral”, concluiu Daniela Prado.
Participação
Também participaram da palestra “Contracepção: Um Olhar Especial”, os deputados Luciano Pimentel (PP), Lidiane Lucena (Republicanos) e Linda Brasil (Psol).
Fotos: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese












