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Petroleiros defendem permanência da Petrobras em Sergipe

Por Stephanie Macêdo – Rede Alese

O posicionamento recente do governo federal de encerrar, por definitivo, as atividades da Petrobras em Sergipe motivou os funcionários a ocuparem o plenário da Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira, 26. Representados pelo sindicato unificado dos  petroleiros, petroquímicos, químicos e plásticos dos estados de Alagoas e Sergipe – Sindipetro -, os funcionários buscaram apoio dos deputados estaduais para a permanência da sede empresa em Sergipe.

A deputada estadual Maria Mendonça (PSDB), autora da indicação da mobilização de hoje, defende que toda a classe política sergipana se una para impedir o encerramento da estatal em Sergipe.  A empresa tem sua sede administrativa instalada na rua Acre, em Aracaju, mas todas as suas unidades tendem a ser gradualmente desocupadas. “Esperamos que toda a classe política e os colegas parlamentares se unam por essa causa. Essa ideia de encerrar as atividades nos deixa estupefata”, declarou Maria, enfatizando que a causa independe de partido político, uma vez que o assunto é de interesse do povo de Sergipe.   

 Impactos socioeconômicos

Os pontuais problemas socioeconômicos que serão gerados com o fechamento da Petrobras em Sergipe foram apresentados pelo diretor do Sindipetro, Bruno César Saraiva.  O sindicalista falou sobre desvantagens e perdas com o fechamento. O desemprego (direto e indireto), o encerramento de convênios com hotéis, planos de saúde, restaurantes, e até da arrecadação do ICMS pelo governo de Sergipe foram apontados por Bruno. Para ele, a saída da Petrobras  de Sergipe é frustrante, pois há  impactos diretos num efeito cascata.

“Para o estado de Sergipe,  a retirada da empresa é amplamente frustrante. Para os trabalhadores, o impacto será  imediato, com a perda de 1.200 empregos diretos. Precisamos perceber os desempregos indiretos que a própria cadeia econômica e social afeta, sejam fornecedores, seja rede hospitalar de médicos credenciados, escolas particulares, hotéis, restaurantes, entre outros fornecedores  envolvidos. Essa decisão do governo federal  só engrossa a fila do desemprego no estado. Sergipe já amarga a 5ª posição em  número de desempregados proporcionalmente no país e esse número só crescerá”, alertou o sindicalista.

FAFEN

O diretor do Sindipetro lembrou ainda que em janeiro desse ano, a Petrobras decidiu fazer a  hibernação da Fafen e que a atitude provocou  o desemprego de 700 funcionários da unidade no Vale do Cotinguiba. “É perceptível um processo crescente de desmobilização e desmonte da Petrobras em Sergipe. Há uma ação pontual, e já se percebe que o próximo fechamento em Sergipe será a sede no Tecarmo”, compreendeu.

De acordo ainda com Bruno Saraiva,  o fechamento vai representar impactos econômicos, financeiros, ambientais, culturais, sociais e do próprio desenvolvimento econômico em Sergipe. “Todos os setores que têm interface com a instituição sofrerão impactos negativos. Os municípios produtores terão impactos na redução de tributos, entre outros”, expôs.

Segundo Giovanni Alves dos Santos, técnica ambiental e integrante da diretoria do Sindipetro, “Essa situação nos traz muita angústia. Os trabalhadores estão entrando em depressão por estarem extremamente nervosos. Fomos pegos de surpresa, pois a Petrobras está com uma grande política de investimento no estado e não  tínhamos essa expectativa de se fechar de repente”, desabafa.

Compromissos

Os deputados da Casa Legislativa foram solidários aos sindicalistas petroleiros,  e manifestaram apoio incondicional pelo não fechamento em Sergipe. Participantes da audiência, a deputada Kitty Lima (PPS), juntamente com o deputado Georgeo Passos (PPS) disseram que se somarão com os trabalhadores pela permanência da estatal em Sergipe.

O deputado Luciano Pimentel (PSB) também sinalizou positivamente em favor da permanência. O deputado contou que desde o ano de 2015  já observava o comportamento da Petrobras ante a iniciativa de encerramento das atividades no estado “Fiz diversos pronunciamentos sobre o processo de desinvestimento em Sergipe”, disse. Pimentel conta que a força política de Sergipe no Senado é igual  ao Sul e Sudeste em número de parlamentares, e que portanto é  necessário que todos se juntem para a não retirada da sede no estado.

O presidente da Alese, Luciano Bispo (MDB) garantiu falar com os presidentes de Assembleias Legislativas do Nordeste no dia 01 de outubro, em Maceió. “Pedirei para que seja incluída na pauta de discussões essa questão” O presidente disse  ainda que dada a importância do assunto, é necessário buscar inserir a participação  e apoio de todos os deputados federais e senadores nesse diálogo.

 

O deputado Iran Barbosa (PT) se pronunciou e disse que a Petrobras tem como seu maior potencial  os seus trabalhadores, que estão cotidianamente construindo a empresa. Iran sugeriu que debate fosse ampliado entre governos, pois a proposta está atingindo outros estados. “A medida tomada pelo governo federal irá enfraquecer a região Nordeste, portanto é uma situação de interesse nacional”, avalia.

 

O deputado Zezinho Guimarães (MDB) sugeriu a possível mudança de estratégia para o não fechamento. Disse que o problema precisa ser discutido amplamente com o governo federal. “Não é um processo atual, e já vem sendo iniciado ao longo do tempo. A gente precisa  fazer uma estratégia muito forte, sobre pena de se falar e ficar no discurso. A estratégia deve buscar forças na sociedade, pois  se incorporar que a Petrobras é valiosa e importante para Sergipe e outros estados, esse movimento terá força nacional”, sugeriu o deputado.

O deputado estadual Garibalde Mendonça (MDB) comunga da  opinião dos colegas, e vê problema de grande  desmonte para o estado. “Como Sergipe se torna a “estrela do gás no país” e não fazer  nada pela Petrobras e nada pelo estado de Sergipe? Todas as autoridades devem estar juntas nessa discussão, e devemos sim, fazer uma grande audiência  envolvendo todos”, declarou Garibalde.

 

O deputado Rodrigo Valadares (PTB) disse que com a saída da empresa, haverá reflexos negativos na economia, mas quer ver a quebra do monopólio da Petrobras com a possibilidade da privatização. A posição do parlamentar sobre privatização da estatal não agradou aos sindicalistas no plenário.

O  secretário de estado do Desenvolvimento de Ciência  e Tecnologia  de Sergipe, José Augusto Carvalho, participou da audiência e  lembrou em seu pronunciamento que  a luta pela permanência da sede em Sergipe começou com a Fafen. “A batalha pelo não encerramento da Fafen foi travada no Congresso Nacional”, registrou, dizendo da importância da fixação da Petrobras no estado.

Ato Público

Bruno Saraiva conta que além de mobilizar os representantes da população no Poder Legislativo, os sindicalistas também vão buscar apoio de outros poderes para atuar contra a medida. “As centrais sindicais realizarão  um grande ato público, com a possibilidade de uma greve geral, no dia 03 de outubro”, anunciou.

Fotos: Jadilson Simões

 

 

 

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