A Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), através da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, convida a sociedade sergipana para no próximo dia 24, às 11h, no plenário Pedro Barreto de Andrade, para Sessão Especial de entrega da Medalha do Mérito Educacional Manoel José Bomfim. A honraria será entregue a 13 professores em alusão ao Dia do Professor, comemorado anualmente no dia 15 de outubro. São eles: Ada Augusta C. Bezerra (in memoriam); Alexandrina Luz Conceição; Beatriz Góis Dantas; Elcina Batista dos Santos; Francisco Silva de Azevedo (Chicão); José Alexandre F. Diniz; José Ibarê Costa Dantas; José Paulino da Silva; Judite Oliveira Aragão; Lianna de Melo Torres; Maria do Carmo Oliveira da Fonseca; Maria Nele Santos Ribeiro; Walburga Arns da Silva.
A Medalha do Mérito Educacional Manoel José Bomfim, foi instituída por meio de Resolução Nº36/2010, datada de 15 de dezembro, publicada no Diário Oficial nº 26.152, de 10 de janeiro de 2011, destina-se aos profissionais de educação pelos relevantes serviços prestados para o sistema educacional público gratuito e de qualidade para todos no Estado de Sergipe.
A escolha dos nomes dos homenageados tem a autoria das deputadas estaduais Ana Lula (PT) e Goretti Reis (PSD) e do deputado estadual Garibalde Mendonça (MDB).
Manoel José Bomfim
Sergipano, médico, psicólogo, pedagogo, sociólogo, historiador e intelectual.
Nasceu em Aracaju, no dia 8 de agosto de 1868, sendo seus pais Paulino José do Bomfim e Maria Joaquina do Bomfim. Formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1890. Em 1898, ingressou no magistério, lecionando Educação Moral e Cívica na Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual assumiu logo depois a cátedra de Pedagogia e Psicologia. Em 1902 foi a Paris com a finalidade de desenvolver seus estudos em Psicologia, tendo freqüentado o Laboratório de Psicologia anexo à Clínica Jouffroy, em Saint’Anne, e estudado com Georges Dumas e Alfred Binet, com quem planejou a instalação do primeiro Laboratório de Psicologia brasileiro, instalado em 1906 no Pedagogium, do qual foi diretor por quinze anos; poucas informações há sobre a produção desse laboratório, embora suas atividades sejam citadas nas obras publicadas pelo autor. De volta ao Brasil, foi nomeado diretor da Instrução Pública.
Autor de vasta obra, escreveu sobre História do Brasil e da América Latina, Sociologia, Medicina, Zoologia e Botânica, além de vários livros didáticos, dos quais alguns de Língua Portuguesa, em co-autoria com Olavo Bilac; em Psicologia e Educação escreveu Lições de pedagogia (1915) e Noções de psychologia (1916), obras utilizadas como suporte para suas aulas na Escola Normal; Pensar e dizer: estudo do symbolo no pensamento e na linguagem (1923), obra em que demonstra vasta cultura geral e domínio das mais importantes correntes de Psicologia na época; O methodo dos testes (1926) e Cultura do povo brasileiro (1932), além de outras publicações como: Critica à Escola Activa, O fato psychico, As alucinações auditivas do perseguido e O respeito à criança.
Sua obra escrita revela um pensador original e não articulado às idéias correntes na época; sua interpretação de Brasil apóia-se na análise histórica da colonização empreendida pela metrópole, na exploração e na espoliação das riquezas brasileiras, com conseqüências sobre as condições culturais do povo; assim, defende a expansão da educação pública como meio privilegiado para a construção de uma sociedade democrática, calcada na liberdade, que só poderia ser atingida pelo acesso de todos ao saber.
Suas concepções de Psicologia, fenômeno psicológico e método para seu estudo também seguem caminho diverso do corrente na época. Considera o fenômeno psicológico como eminentemente histórico-social, constituído nas relações entre consciências, mediatizadas pela linguagem, compreendida como produto e meio da socialização. Critica a pesquisa realizada em laboratório, considerando que a complexidade do psiquismo não seria passível de ser apreendida em condições tão restritas e artificiais; propõe o método interpretativo para o estudo do psiquismo, baseado no estudo das múltiplas manifestações humanas, no qual deveria ser incluído o estudo da história forjada pela humanidade ao longo do tempo, expressão maior da inteligência e fonte para sua compreensão. É possível dizer que Bomfim antecipou algumas idéias posteriormente correntes na Psicologia, como as de Vigotski e Piaget, assim como teria antecipado as idéias de Ernst Bloch e Antonio Gramsci em sua interpretação da sociedade. Entretanto, Bomfim permaneceu “esquecido” na historiografia brasileira, fenômeno esse que pode ser parcialmente explicado por suas diferenças e contraposição aos pensamentos hegemônicos da época.
Por Luciana Botto – Rede Alese com informações do site BVS-Psicologia Brasil
Foto: Luciana Botto