O deputado estadual Luciano Pimentel, PSB, deu um “depoimento de vida” na sessão da Alese deste 8 de março em comemoração ao Dia da Mulher para concluir algo que ele leva muito a sério: não há e não deve haver superioridade de homem sobre mulher.
“A mulher tem muitos espaços e deve buscá-los. Ela deve estar convencida desta busca. De que deve galgar sempre, porque do ponto de vista intelectual não existe diferenciação. Não há isso de a mulher ser menos inteligente do que o homem”, disse Luciano.
O parlamentar disse gostar de dividir espaços e atribuições de trabalho com mulheres e revela que o respeito por este gênero vem de berço. “Eu gostaria de dizer que também fui criado por uma mulher franzina, com um metro e meio de altura, mas que todos os filhos a respeitavam até a data do seu falecimento”, diz Luciano Pimentel. Veja a íntegra do discurso dele.
“Hoje nós tivemos aqui uma sessão muito especial. Eu concordo muito com uma frase da deputada Maria Mendonça, de que todos os dias são dias das mulheres. Mas nesta data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher nós tivemos a oportunidade de ouvir aqui um pronunciamento da vereadora Emília Correa, mostrado os posicionamentos da pessoa Emília, o quanto da avaliação que ela tem do papel da mulher na sociedade. Tivemos um pronunciamento muito bom do deputado Georgeo Passos, no qual ele traz dados estatísticos e mostra a situação da mulher no contexto nacional e internacional, e até regional. Tivemos a fala das deputadas Sílvia Fontes, Goretti Reis e Maria Mendonça.
Mas eu fiz questão de ficar até o final porque não poderia deixar de também dar o meu depoimento. Eu ouvi quando o presidente Luciano Bispo disse que foi criado por uma mãe como pessoa forte, uma figura matriarcal. Eu gostaria de dizer que também fui criado por uma mulher franzina, com um metro e meio de altura, com meu pai de um metro e noventa e quatro numa casa de seis filhos, composta de cinco homens e uma mulher.
Meu pai, pela função que tinha, era servidor público estadual, era auditor fiscal no Estado da Bahia e naquela época um auditor fiscal viajava muito, não tinha a forma de comunicação que se tem hoje, tinha que visitar empresas, passava de quatro a cinco dias viajando, fui criado por esta mulher franzina, mas que todos os filhos a respeitavam até a data do seu falecimento. Para minha alegria, ela esteve aqui para a minha posse. Faleceu depois. Hoje, nos respeitamos em memória. Mas respeitávamos muito a figura da minha mãe.
Eu não sou o mais velho -tenho dois irmãos e uma irmã antes de mim -, mas quando minha mãe falava, todo mundo parava para ouvir. Insisto que era uma mulher franzina, de um metro e meio de altura. Meu pai, que tinha um metro e noventa e quatro, parava, imagine eu. Com isso, quero aqui fazer um relato e dizer que em minha vida pessoal tenho duas filhas e um filho e que na minha casa trato a todos de uma forma muito harmônica. Muito respeitosa. Este testemunho só estou dando para dizer o seguinte: a mulher tem muitos espaços e deve buscá-los. Ela deve estar convencida desta busca. De que deve galgar sempre, porque do ponto de vista intelectual não existe diferenciação. Não há isso de a mulher ser menos inteligente do que o homem.
Isso tem sido demonstrado nos vestibulares. As mulheres têm atingido índices de aprovação maiores do que os homens. Idem nos concursos públicos. Como um executivo que fui de uma grande empresa por muitos anos, onde fui também instrutor gerencial, participei de diversas bancas examinadoras para escolher executivos desta empresa. E aí tive a grande felicidade de, por muitas vezes, escolher mulheres. Tanto que quando eu saí da empresa deixei várias delas exercendo cargo executivo.
Este testemunho que estou dando neste momento tem o propósito de valorar e de dizer que não entendo a mulher diferente do homem. As vezes para mim, deputada Sílvia, causa até estranheza quando alguém diz assim: “Uma mulher! E vai ser uma mulher?”. Para mim soa como uma cosia tão natural ser uma mulher deputada, uma mulher desembargadora, ser uma mulher governadora, ser uma mulher presidente, como ser um homem. Reforço: não existe diferenciação para isso.
Então, nesta data de hoje, que considero muito especial, é fundamental ampliar a discussão sobre o papel da mulher. Para que ela mesma tenha consciência da importância e, principalmente, da igualdade que ela tem com o homem. Eu não tenho a menor restrição a trabalhar com mulheres. De dividir o espaço funcional com mulheres e acho que dividir aqui é somar – e aí a deputada Sílvia fez uma abordagem de que o que é acordado não é caro, no que concordo inteiramente: eu cresci profissionalmente quando minha mulher dizia “não podemos ir eu e você ao mesmo tempo”, uma vez que ela tinha tanta, ou até mais, qualificação do que eu.
Mas ela me dizia sempre não poder exercer determinados cargos que ela exerceu enquanto os filhos tivessem numa idade que precisasse do seu acompanhamento. Aí ela abriu mão para acompanhar os filhos e dizia a mim, generosamente: “vá”. Sem eu ter dito, em nenhum momento, que prevalecia a minha carreira profissional sobre a dela. Ao contrário, ela que dizia “vá, que eu lhe dou a sustentação”. E graças a Deus e graças a isso temos três filhos maravilhosos, bem-criados. E hoje ela voltou à carreira executiva da Caixa Econômica Federal. Mas fez isso por opção. Sem nenhuma decisão involuntária dela.
Por isso o que eu acho que é todos nós devemos estimular, mas às vezes cada um tem a felicidade de agir em coisas diferenciadas. Às vezes uma mulher é feliz por desempenhar o papel de prefeita do seu município, que é belíssimo. Outra se realiza sendo governadora de Estado, senadora, deputada, e outras se realizam, por exemplo, numa sala de aula, educando jovens e crianças, ou sendo dona de casa. Criando seus filhos e seus netos.
O que eu vejo é que o ser humano, de um modo geral, tem de buscar uma única coisa na vida: ser feliz. Ter Deus no coração, amar o próximo, fazer o bem e levar tudo de um modo que a vida seja a melhor possível para todas aquelas pessoas que ele ou ela consiga alcançar com a sua fala, com a sua presença, com seu carinho, com sua dedicação. Com o seu amor. Finalizando, quero mais uma vez parabenizar e dizer que saí muito feliz desta sessão no dia de hoje. Parabéns, e viva as mulheres brasileiras, as mulheres sergipanas e todas as mulheres do mundo”.
Por Ascom Parlamentar
Foto: Jadilson Simões