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Livros são lançados em roda de conversas na Elese

19/5/2022

Por Wênia Bandeira/Alese

A Escola do Legislativo (Elese), órgão da Assembleia Legislativa de Sergipe, recebeu, nesta quinta-feira, 19, o lançamento dos livros Amores Di (Versos) e Coisa de Preto, ambos de autoria de Daniela Bento. O evento contou com a presença da assessora da área cultural junto à direção da Casa, Vera Vilar, do bibliotecário e coordenador da Biblioteca da Elese, Celson Iris, e da autora.

Vera Vilar falou que o objetivo é levar conhecimento para todas as pessoas, de forma democrática. Ela explicou que é necessário garantir que temas como estes possam estar mais próximos da comunidade, além de proporcionar a leitura de um bom cordel, inclusive para ensejar futuras propostas para os deputados estaduais.

“Existe um preconceito com o próprio cordel, que as pessoas acham que o cordel não é uma poesia ou que é uma poesia de menor grau, mas na realidade para se fazer um cordel você precisa compreender e entender de fonética, o que já demonstra que é uma poesia muito difícil de construir”, afirmou.

Ela ainda disse que ambos os temas são atacados pelo preconceito. Vera salientou que o povo negro e as pessoas orientações sexuais diversas precisam ser ouvidas e tratadas com maior respeito.

“Existe uma matança muito grande de negros, as pessoas estão gritando, apesar do povo brasileiro ser uma grande mistura. Algumas pessoas com pele clara continuam não só desprezando, mas matando o negro seja ele quem for. Quanto ao público LGBTQIA+, ainda bem que hoje já se discute com uma naturalidade maior, mas ainda não é como a gente gostaria, há todo um preconceito de educação sexual nas escolas para crianças, sempre tem uma conotação erradíssima que se está orientando para uma sexualidade x ou y e, na realidade, há muitos abusos sexuais com crianças e adolescentes por falta dessa educação sexual”, declarou.

O coordenador da Biblioteca da Elese, Celson Iris, comentou a importância de fazer com que quem escreve e quem lê esteja em um mesmo ambiente. Essa aproximação, segundo ele, eleva o conhecimento.

“O propósito é trazer autores e leitores, aproxima-los e proporcionar um ambiente de debate, de novas ideias e visões. A gente quer democratizar a informação, com temas diversos”, falou.

Para tanto, foi feita uma roda de conversa na Biblioteca da Alese, com a autora dos livros e interessados nos temas. Daniela Bento destacou a necessidade de falar sobre estes assuntos.

“São comportamentos humanos que precisam ser melhor entendidos no âmbito da sociedade em geral. Minhas obras vêm como uma literatura que além da poesia em si, oferecem um arcabouço de pesquisas”, disse.

O cordel ‘Amores Di (Versos)’ trata do assunto envolvendo as pessoas LGBTQIA+. Trata-se, segundo a autora, uma demonstração do que foi vivido por ela mesma desde sua infância.

“Eu sou uma mulher lésbica e eu parto da minha narrativa pessoal, dos meus desafios enquanto criança: como é você perceber esses amores, como é se ver apaixonado na adolescência e você não poder dizer porque além da vergonha e da timidez, existe um conceito cultural que diz que o que você sente é feio. Eu parto desse sentimento de menina, passo pelo acolhimento da minha família e sigo pela aceitação, quando você vê que não são só letras, existem outras pessoas”, detalhou.

Daniela falou que é necessário ver a sigla como demonstração de que existem pessoas enfrentando diversos problemas. “Precisamos nos enxergar enquanto comunidade. Nós temos dores, nós precisamos entender que existem lugares de dor que são mais perversos para um e para outro”.

No livro ‘Coisa de Preto’, a autora mostra o racismo embutido nas palavras comumente usadas, enquanto demonstra a cultura por trás do povo negro e de sua história.

“Eu parto desta expressão que é historicamente racista: ‘menino, para de fazer coisa de preto’, ‘preto só é gente quando morre’, ‘negro é gente pelo menos uma vez na vida, quando bate na porta do banheiro e responde tem gente’. Então eu vou a partir dessa expressão que é dita de forma pejorativa e vou descrevendo a cultura, a dança, a religião e os nomes”, disse.

Fotos: Joel Luiz/Alese

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