13/5/2022
Por Wênia Bandeira/Alese
Após 134 anos da abolição da escravatura, a população negra brasileira continua buscando por seus direitos como cidadãos. Esta é a opinião do professor de história, deputado Iran Barbosa (Psol). Mesmo sendo maioria no país – segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – os negros ainda convivem com o racismo impetrado na sociedade.
A Abolição da Escravatura foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 após uma intensa mobilização pelo decreto da Lei Áurea. A escravidão acabou naquela data, mas não foi dado junto o direito de viver dignamente.
O deputado Iran Barbosa (Psol), destacou que para estas pessoas ficaram os piores lugares na sociedade, além da exclusão e do racismo. Para ele, a data é de uma vitória que não teve finalização ou continuação de ganhos reais.
“Representa a ruptura que foi feita a partir da luta do povo negro, a partir de uma conjuntura internacional, mas uma ruptura incompleta, que deixa marca até os nossos dias. É uma demarcação de que no Brasil, infelizmente, nós abusamos de um povo para construirmos a riqueza de uma nação, que dependeu do trabalho escravo durante muito tempo e que nunca soube reconhecer, pedir desculpas e garantir a reparação que esse povo precisa”, falou.
Esta reparação é o ponto central dos eventos realizados no país em comemoração a esta data. O professor disse que não se trata da data de libertação ou da marca efetiva de concessão de um regime monárquico pelo fim da escravidão.
“O 13 de maio é o registro triste de que no Brasil nós tivemos esse período de escravidão negra, o período em que uma parcela da população foi desenraizada da África e trazida para o Brasil e explorados aqui. É por isso que a população negra disputa para colocar no calendário e na galeria datas e personagens vinculados à luta da população negra”, afirmou.
O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão. Depois de muita movimentação popular, mais de 700 mil escravos no país foram libertos dos seus serviços forçados e não remunerados.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, entre a população carcerária, os negros somam 66,7% dos presos no país. Os movimentos negros explicam que a maior parte das prisões acontecem em razão da cor e não pelas evidências dos crimes.