O vice-presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, deputado Francisco Gualberto (PT), fez hoje (20) pronunciamento em defesa da manutenção da Fafen – Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, em Laranjeiras. A unidade vem sendo constantemente ameaçada de fechamento e Gualberto aponta como motivo real o interesse do capital estrangeiro no controle dos preços dos fertilizantes. “Nós não queremos a Fafen funcionando apenas porque gera empregos diretos e indiretos. Esse papel ela já tem. E essa geração de milhares de empregos tem a ver com o sucesso do comércio de Sergipe. Além disso, a Fafen também é uma importante pagadora de impostos ao Estado e à cidade de Laranjeiras, mas existe um papel que nós em Sergipe precisamos cumprir”, alerta o deputado.
“A Fafen produz fertilizantes – uréia pecuária e uréia granulada, utilizada na agricultura – e é justamente por isso que querem fechar a fábrica, pela importância que tem o seu produto. Hoje o Brasil importa 88% do fertilizante que consome, e só produz 12% nas fábricas de Sergipe, Bahia e Paraná. As empresas multinacionais precisam manter o cartel de fertilizantes no Brasil. E a Fafen precisa ser fechada para não atrapalhar esse cartel, principalmente no item que diz respeito à regulação de preço”, revela Francisco Gualberto.
Para o deputado, a Fafen representa uma pedra no caminho para as multinacionais. Isso porque a manutenção das fábricas pode atrapalhar o preço que o cartel multinacional quer impor. “Nenhum país do mundo aceita esta relação. Até nos Estado Unidos o setor de fertilizantes é controlado pelo estado, assim como na França, Itália e outros países. Quanto mais caro fica o fertilizante, mais caro fica o boi que servirá de alimentação, assim como o milho, o feijão, o arroz. Esse raciocínio qualquer criança de 7 anos pode compreender muito bem. Só um país com características de submissão e de entreguismo absoluto aceita que o seu petróleo, sua energia e outros setores estratégicos do Estado, como o fertilizante, fiquem totalmente controlado pelo capital internacional”, disse Gualberto, que por 12 anos trabalhou na Fafen em Sergipe, sendo demitido em 1995 por justa causa por ser um dos dirigentes do movimento sindical que impediu a privatização da fábrica na época.
Segundo Gualberto, o item mais caro no processo de produção dos fertilizantes é o gás, algo que a Petrobras em Sergipe tem de sobra na estação do Tecarmo, em Aracaju. “Não fosse essa visão entreguista do país, estaria tudo em casa”, disse. “Portanto, a nossa defesa da Fafen tem a ver com os interesses do Estado de Sergipe, mas tem a ver também com os aspectos estratégicos do Brasil. A defesa da Fafen neste momento não é uma questão de oposição ou situação, de direita ou esquerda. Para mim é uma questão que interessa a todos os brasileiros. Mas infelizmente existem brasileiros que estão no poder e acham que ser apenas lacaio dos EUA é o caminho para o progresso do Brasil. Isso é um crime de lesa-pátria”.
Em relação à audiência do governador Belivaldo Chagas, deputados federais e o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, realizada em Brasília na terça-feira, Gualberto acredita que a reivindicação para que a Fafen não seja fechada poderá ter sucesso. “Todo o esforço do governador e demais pessoas envolvidas é muito válido. Acredito que teremos sucesso. Mas a sociedade sergipana precisa acordar. O povo precisa entender que quando chega o feijão no prato de alguém, por ali passou antes o fertilizante. Ou quando a carne do boi ou do porco chega à mesa, por ali antes passou o fertilizante. Portanto, ou se atende a ganância do capital internacional e entrega o fertilizante a eles, ou se entende que é preciso preservar uma empresa dessa para que ela produza o possível de fertilizantes”.
Em Sergipe, a unidade da Fafen possui hoje 257 funcionários próprios, 427 terceirizados, alimenta uma rede de 72 transportadoras, além de oito grandes empresas misturadoras que trabalham com os produtos da Fafen. Em 2018, o Brasil produziu em suas fábricas 6,7 milhões de toneladas de fertilizantes. No entanto, importou outros 27,5 milhões de toneladas. E é justamente essa importação em grau elevado que encarece o produto e ameaça a manutenção das fábricas de fertilizantes no Brasil.
Por Ascom Parlamentar
Foto: Jadilson Simões