O médico oncologista, Michel Fabiano Alves, esteve na manhã desta terça-feira, 29, no plenário da Casa Legislativa de Sergipe (Alese) para falar sobre o câncer de mama e tratamentos. O diálogo do especialista foi ampliado com a participação da coordenadora do Núcleo da saúde da Defensoria Pública da União, Djanira Madeira Lima, e da pedagoga e paciente assistida pela Associação dos Amigos da Oncologia (AMO), Kátia Margereth Lins, que também usou a tribuna para fazer uma explanação sobre sua vivência diante do tratamento.
A audiência pública foi uma propositura da deputada Estadual, Goretti Reis,(PMDB) que é a presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Mulher. Evento também fez menção ao dia 28 de maio, data marca o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher.
Durante sua explanação, o médico especialista, Michel Fabiano, abordou sobre a funcionalidade do SUS, diferenças entre o tratamento público e o particular, e, sobretudo, destacou a importância do diagnóstico precoce. “É essencial que o paciente fala o diagnóstico precoce. Quando o diagnóstico é feito precocemente, as chances de cura são muito maiores”, avaliou o oncologista.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o INCA, além do auto exame, detecção precoce do câncer de mama pode também ser feita pela mamografia, quando realizada em mulheres sem sinais e sintomas da doença, numa faixa etária em que haja um balanço favorável entre benefícios e riscos dessa prática (mamografia de rastreamento).
Um tema frisado na audiência foi a Judicialização – que é uma ação movida pelo paciente contra o Estado. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública da União, Djanira Madeira Lima, é lamentável ter que receber pedidos de pacientes solicitando tratamentos e medicamentos. “Essa situação deveria transcorrer sem a intermediação da defensoria, pois muitas das vezes são medicamentos simples e que deveriam estar à disposição dos pacientes, nas prateleiras e não está. E esse medicamento não está lá por conta da não responsabilização do gestor, que muitas das vezes esses não são cobrados sobre isso”, externou Djanira.
A vivência com a doença, a busca por diagnóstico, e a batalha diária para melhor assistência ao tratamento do câncer de mama foi relatada pela paciente assistida pela AMO. “Desde 2016 fui diagnosticada com o tumor maligno, e de lá para cá foram dezenas de quimioterapia. Ao encontrar a AMO, encontrei acolhimento e melhores condições para o tratamento. Mas continuo na luta, inclusive com ação judicial para receber medicamentos”, relatou Kátia Margareth.
A audiência foi encerrada com a contribuição do jornalista e coordenador do Projeto Navegação de Pacientes da AMO, Jeime Remir. O assessor de comunicação alertou sobre o câncer de mama em homens. “Quero chamar a atenção para o fato de que o câncer de mama não ocorre apenas com as mulheres, ele incide ainda na mama do homem”, alertou. Na oportunidade, assessor fez uma apresentação sobre a AMO – que atualmente tem cadastrado mais de 2.400 pacientes.
A deputada Goretti Reis se manifestou sobre dois temas durante a audiência: o Diagnóstico Ágil e o Registro Obrigatório. Sobre o Diagnóstico Ágil, ressaltou que no Brasil existem três formas de contabilizar os casos: por base populacional; por registro de câncer hospitalar; e pelo Sistema de Informação do Câncer (SISCAN). “Infelizmente não oferecem uma visão unificada da doença nos sistemas público e privado, além de a coleta de dados ser incompleta e não obrigatória”, lamentou a deputada.
Quanto ao Registro Obrigatório, onde Projeto de Lei foi aprovado pela Câmara de Deputados e por unanimidade na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado e atualmente segue para aprovação no Plenário do Senado Federal, a deputada Goretti Reis destacou que é preciso apoiar causas dessa natureza e cobrar ações enérgicas por parte do poder público para que vidas possam ser salvas. “A demora no diagnóstico precoce condena à morte esses pacientes da rede pública. Diagnosticar em estágio avançado de nada adianta. É preciso regulamentar esse prazo máximo para o início do tratamento com a Lei dos 60 Dias”, frisou a parlamentar.
A audiência foi presidida pelo deputado Estadual, e vice-presidente da Alese, Garibalde Mendonça.
Por Rede Alese