Por Habacuque Villacorte – Rede Alese
Após o discurso feito pelo vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Francisco Gualberto (PT), questionando a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE) que cassou os mandatos do governador de Sergipe e da vice-governadora, Belivaldo Chagas (PSD) e Eliane Aquino (PT), respectivamente, o líder da bancada de oposição, deputado estadual Georgeo Passos (Cidadania), ocupou a tribuna da Alese para pontuar que Belivaldo foi o primeiro governador a ser cassado pelo TRE/SE.
Georgeo disse que não se recorda na história de Sergipe de outro governador que tenha passado por esta situação e disse que a Alese não pode se furtar de comentar. Sobre o quem disse Gualberto, Georgeo não acredita que Belivaldo agiu “por mera inocência” e nem o seu staff. “Para mim foi algo pensado e bem definido dentro do governo. Jackson Barreto (MDB) já vinha com uma avaliação muito ruim, ao ponto de ser reprovado nas urnas em uma eleição para o Senado”.
Para o deputado, havia um receio de Belivaldo de ser “contaminado” pelo o que ele entende de “desgoverno de JB”. “Havia uma preocupação de afastar da figura de Jackson. Precisavam mudar a cara do governo e logo fizeram reiteradas licitações. Optaram pelo asfaltamento de ruas e calçadas com mais de R$ 50 milhões do Proinveste, dinheiro que já estava em caixa e não precisava mexer em recursos próprios”.
Em seguida, Georgeo tratou da assinatura das ordens de serviços em Ribeirópolis. “O governador chegou com todo seu staff para mostrar força e convidou as lideranças locais de oposição. A ex-prefeita Uita Barreto foi quem testemunhou o ato. Não foi um encontro administrativo apenas, mas um ato político, algo normal na visão do governo. Demorou para começar o serviço, lá para Setembro, e a indignação do povo é que as máquinas foram retiradas e a obra paralisada depois da eleição. Ficou configurado o objetivo eleitoreiro”.
Georgeo disse ainda que chegou a denunciar na Alese que após a eleição vários contratos assinados foram rescindidos “amigavelmente” entre o DER e as empresas. “Ou seja, o serviço em Ribeirópolis não será feito mais pela empresa que iniciou. Isso aconteceu em várias cidades! Abuso de poder político e econômico, não estavam preocupados em dar melhorias para o povo e o governador assumiu o risco da ação. Em direito penal isso é dolo eventual”, completou, dizendo que o MPF fez a sua parte.
Sergipe não pode parar
Por fim, Georgeo cobrou respostas efetivas do governo ao povo sergipano. Disse que não é aceitável que o governador fique dividido entre uma questão processual e as decisões dão andamento à vida pública do Estado. “Belivaldo pode ficar no cargo até a conclusão do julgamento, mas além de entrar para a história de forma negativa como o primeiro governador a ser cassado, ainda nos preocupa porque, sem legitimidade para governar pelo abuso que cometeu no período eleitoral, não pode deixar o Estado parar! Sergipe não pode ficar à deriva de uma decisão que pode demorar um ou dois anos. Aas coisas têm que continuar acontecendo”.
Samuel Carvalho
Em aparte, o deputado Samuel Carvalho (PPS) disse que não tem nada contra a pessoa do governador e que a oposição não torce “pelo quanto pior, melhor”. “O governo deve dar publicidade, de forma ampla, aos seus atos. Mas a publicidade é do governo e não do político. O governo é impessoal. Não separaram bem a gestão do gestor. Em Nossa Senhora do Socorro o prefeito está pintando a cidade toda de laranja, personalizando os atos da gestão. Era sua cor na campanha eleitoral. Temos que evitar esse tipo de abuso nas campanhas”.
Iran Barbosa
O também deputado Iran Barbosa (PT) falou em “letargia administrativa” em Sergipe e defendeu que haja a separação do problema jurídico envolvendo o governador e a gestão estadual. “Chamo a atenção para um aspecto: decisões como essa do TRE/SE, que estão pipocando no País, nos deixa convencido que o processo de reeleição que cria regra de desigualdade na disputa, mesmo quando não há abuso. Só o exercício do mandato, a condição é muito diferente. Seu nome fica mais conhecido e um trabalho que pode apresentar”.
Segundo Iran o debate posto deveria ser colocado com mais conteúdo sobre a necessidade de uma Reforma Política no País. “Temos uma cultura política ruim, herdeira de uma visão do Estado português, pautado no patrimonialismo. Temos uma elite que não abre mão da política para continuar escravizando o povo. Não falo em remendos de Reformas. Mas algo profundo. Reforma Política não é apenas a Reforma Eleitoral, de defender os interesses de quem está no Poder”.
Foto: Jadilson Simões