Por Habacuque Villacorte
A Assembleia Legislativa de Sergipe, atendendo a um requerimento da deputada estadual Kitty Lima (Cidadania), promoveu debate para discutir a carreira dos trabalhadores em Rádio e Televisão do estado. Como palestrantes foram convidados o ex-presidente do sindicato dos Radialistas de Sergipe e atual diretor da Federação Nacional da categoria, Fernando Cabral; o ex-coordenador da Federação Nacional e membro do Conselho de Comunicação do Senado, José Antônio de Jesus Silva e o vice-presidente do sindicato dos Radialistas, Alex Carvalho.
Fernando Cabral agradeceu à deputada Kitty Lima pelo espaço e sugeriu que na casa seja constituída uma Frente Parlamentar para discutir assuntos pertinentes ao segmento. Ele falou que a Assembleia sergipana é o parlamento que, proporcionalmente, conta com mais radialistas com mandato. “Os deputados Francisco Gualberto (PT), Kitty Lima, Samuel Carvalho (Cidadania), Capitão Samuel (PSC) e Gilmar Carvalho (PSC) são todos radialistas”.
Cabral ressaltou a importância do debate enfatizando o momento difícil pelo qual passam os trabalhadores em Rádio e Televisão de Sergipe. “Nossa data-base é 1º de maio e nós estamos negociando com o sindicato dos patrões desde fevereiro. Apresentamos uma pauta de reivindicações e o piso dos radialistas hoje na área artística é de R$ 1.563,27; já o piso dos técnicos é de R$ 1.465,59”.
“Nós reivindicamos o repasse da inflação no período que chegou a 5,7%, mais pelo menos um ganho real de 1%. Isso geraria um impacto econômico de R$ 94,99 para a área artística e de R$ 88,96 para a área técnica, ou seja, isso não quebraria as empresas. Mas aproveitando a passagem do Dia do Radialista, a gente pede que esta casa se some a nossa luta para que a gente chegue logo à solução deste impasse. Queremos mais dignidade e respeito”, pediu o ex-presidente.
Cabral falou das péssimas condições de trabalho pelas quais alguns radialistas estão submetidos e revela que, em algumas empresas, os profissionais sequer têm um motorista para levá-los em busca das reportagens e nem um veículo com identificação da empresa. “Queremos agradecer à deputada kitty Lima pela oportunidade e valorizamos o trabalho da TV Alese, Rede Alese e agora da FM que levam para a sociedade o trabalho que é desenvolvido por este parlamento de uma forma democrática”.
José Antônio
O ex-coordenador da Federação Nacional dos Radialistas falou que o desafio da categoria não se restringe a Sergipe, mas a todo o território brasileiro. Ele Ele pontuou que a falta de valorização por parte dos empresários ocorre em diversos estados e cita que até nos grandes conglomerados existem dificuldades. “Em São Paulo estamos com o processo de negociação emperrado desde 2018. Infelizmente os governos preferem investir milhões na iniciativa privada do que na televisão pública. Isso tem gerado grande desemprego na categoria”.
Ele também falou das dificuldades relatadas pelos trabalhadores após a migração do sistema de rádio AM para FM. Segundo José Antônio, houve redução dos postos de trabalho. Ele lamentou que o governo não investisse em comunicação, mas estimulou os estudantes do curso técnico de Radialista do Senac que acompanhavam a palestra nas galerias da Assembleia. “Tenho que valorizar esse povo nordestino, o sergipano em especial, que é apaixonado pelo rádio. Não defendem a continuidade do AM, que tem um alcance maior, assim como as ondas tropicais, porque os empresários falam em altos custos. Preferem trabalhar com a FM porque usam menos profissionais. A média de uma rádio AM são 35 e de uma FM são apenas 10 trabalhando”.
“Temos uma luta histórica pela democratização do rádio. Infelizmente a gente vê os profissionais falando apenas o que o patrão manda. Falam que a mídia é o 4º poder, mas eu acho que somos o terceiro porque a Globo já provou que pode tirar e colocar alguém no poder. Me perguntam sobre os avanços da nossa categoria nos últimos cinco anos. Eu respondo que só acumulamos perdas nos últimos 20!”, disse, ressaltando as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de rádio quanto à perseguições trabalhistas, chegando a defender uma aposentadoria especial para a categoria.
Kitty Lima
A autora do requerimento enfatizou que em Sergipe o rádio é muito forte e tem curado depressões. “Esse debate não foi apenas para parabenizar, mas para encaminhar. Precisamos avançar na questão salarial, as famílias que sempre dominam, política envolvida. Os radialistas cobrem várias manifestações, mas não podem cobrir suas próprias atividades. Precisamos avançar e esses trabalhadores precisam de mais apoio. Temos que dar as mãos e valorizar esses profissionais”.
Iran Barbosa
O deputado Iran Barbosa (PT) valorou o evento e enfatizou que não basta parabenizar, mas valorizar o profissional. “A primeira ação é incentivar a sua formação. Querem impor a ideia que é importante ser um profissional da Comunicação sem esse exercício. Não dá para sair da profissão para a ocupação; tem também que estimular a carreira para que as pessoas apostem e continuem nela. É preciso garantir o salário até porque não se trata de uma profissão de importância pequena. O comunicador é respeitado pelo papel como formador de opinião”.
O deputado defendeu que é importante dar condições de trabalho aos profissionais. “Aqui a gente não avança muito porque nós sabemos quem controla os meios de Comunicação. As grandes fortunas e a elite da classe política sem fundem em alguns momentos. São sete famílias que comandam as grandes redes no país inteiro. Não há democracia neste monopólio. E no interior são controladas pelos políticos. Desde já nós precisamos avançar!”.
Francisco Gualberto
O deputado Francisco Gualberto se manifestou e disse que apoia a luta dos trabalhadores, lembrando que, apesar de não atuar na profissão, também é radialista e que tem uma paixão pela categoria.
Adailton Martins
O deputado Adailton Martins (PSD) saudou alguns radialistas que ele reconheceu nas galerias e pontuou que sempre foi muito apaixonado pelo rádio. “Costumo acompanhar os programas, estou sempre com rádio ligado no meu carro. Infelizmente alguns empresários do setor estão maltratando os profissionais, não dão a devida condição de trabalho. Como deputado, estou à disposição para ajudar os trabalhadores nesta luta”.
Goretti Reis
A deputada Goretti Reis (PSD) parabenizou Kitty Lima pela iniciativa e reforçou que o rádio é muito ouvido no interior. “A gente sabe dos profissionais sérios que temos no rádio. Conheço a luta dos trabalhadores e gostaria de saber por que nas rádios comunitárias os profissionais que trabalham lá não tem formação, atuam apenas para agredir e macular a imagem das pessoas. Deveria estar lá um profissional qualificado para atuar. O sindicato precisa atuar mais nisso e até defender a mudança na legislação”.
Garibalde Mendonça
O deputado Garibalde Mendonça parabenizou a todos os radialistas, em especial, Fernando Cabral, pelo trabalho contínuo da categoria. “Infelizmente a tecnologia está acabando com muitos postos de trabalho. Hoje uma máquina faz o trabalho de 100 homens em uma rodovia, por exemplo. Mas vejo uma desunião muito grande na categoria que tem o poder da fala, de enfrentar as autoridades. Espero que continuem com o trabalho e contem com o apoio da nossa casa”.
Dilson de Agripino
O deputado Dilson de Agripino (PPS) falou da luta travada pelos radialistas para manterem o sustento da família. “As vezes os grandes usam vocês para maltratar! É uma arte importante, como também a luta de vocês. Apesar do domínio que existe sobre as rádios, também temos agora as rádios comunitárias. Vocês levam mais alegrias do que tristeza para os ouvintes, para os apaixonados pelo rádio”.
Luciano Pimentel
O deputado Luciano Pimentel (PSB) parabenizou a deputada Kitty Lima pela iniciativa e os participantes do evento. “Eu pouco vejo televisão. Mas o rádio é a primeira coisa que eu ligo quando entro no carro. Em casa, pelos programas, a gente fica procurando ouvir o que está acontecendo nos municípios. Pela internet a gente ouve o programa que a gente quer com os aplicativos. Acompanho o trabalho feito por vocês”.
Maria Mendonça
A deputada Maria Mendonça (PSDB) enfatizou que a categoria leva a informação de forma célere e quis comungar com a ideia do deputado Iran Barbosa, defendendo que a formação deve ser basilar, sempre dialogando com o povo e precisa ter uma estrutura no que diz respeito ao conhecimento, para dar acesso ao povo uma informação verdadeira, enxuta e transparente. “O Sindicato tem um papel muito importante neste sentido”.
Fotos: Jadílson Simões