Comemorado em 13 de dezembro, o Dia Nacional do Forró celebra muito mais que um ritmo musical: representa a identidade, a memória e a força cultural do Nordeste. Além disso, a data marca o nascimento de Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião, que completaria 113 anos, e cuja obra se mantém viva como símbolo da resistência e da alegria do povo nordestino.

Educador musical, sanfoneiro e compositor Lucas Campelo – Foto interna: Diego Marques
De acordo com o educador musical, sanfoneiro e compositor, Lucas Campelo, em Sergipe, entitulado por muitos o “País do Forró”, as celebrações ganham dimensão especial e têm se consolidado, nos últimos anos, por meio de diversas ações de fortalecimento da cultura sanfoneira. Terra da emblemática Orquestra Sanfônica de Aracaju, o estado tem inspirado o surgimento de novos grupos, mestres e jovens aprendizes que fazem da sanfona um instrumento de expressão e identidade.
Para o educador musical, o Dia Nacional do Forró possui significado profundo, sobretudo para quem carrega a música como missão. “Para o povo do Nordeste, o dia 13 de dezembro celebra o nascimento de um ser humano que dedicou sua vida à cultura do Brasil por meio da música e da sanfona que usou durante sua trajetória. Fazer parte dessa cultura e do cenário sergipano como sanfoneiro e educador, no Conservatório de Música e no projeto ‘As Sanfoneiras de Sergipe’, uma iniciativa desenvolvida pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SPM) e da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), muito me orgulha. Isso mostra como Sergipe tem construído novos cenários para o forró e suas atmosferas”.
Lucas Campelo também destacou ‘As Sanfoneiras de Sergipe’ como um “projeto que tem desenvolvido e fomentado a presença das mulheres sanfoneiras nesse ambiente ainda tão machista. O fato de ter recebido mais de 360 inscrições de mulheres interessadas em participar reflete a busca de uma sociedade compromissada em manter a tradição do ensino e da aprendizagem dessa cultura. Quando observamos tantas ações e tantas crianças em busca de aprender a tocar e apreciar a música do Nordeste, vemos inúmeras conquistas e lutas de muitos e muitas que levantaram a bandeira do forró e têm construído o país do forró”, pontuou o educador.
Campelo reforça que iniciativas como essa e o fortalecimento de grupos culturais revelam a transformação social proporcionada pelo ensino musical: “Quando vemos tantas crianças querendo aprender sanfona e tantas mulheres conquistando espaços em um ambiente ainda tão machista, percebemos o resultado de lutas e conquistas de quem sempre levantou a bandeira do forró. Sergipe tem ajudado a construir o verdadeiro ‘país do forró’ ”, concluiu o educador musical, sanfoneiro e compositor.
O legado do Rei do Baião

Foto: luizluagonzaga.com.br
Luiz Gonzaga nasceu em 13 de dezembro de 1912, no município de Exu, Pernambuco. Sua música transformou a realidade social e artística do Nordeste. Com canções como “Asa Branca”, “Assum Preto”, “Qui Nem Jiló” e “Respeita Januário”, Gonzaga apresentou ao Brasil a vida sertaneja, suas dores, sua poesia e sua resistência. Sua influência atravessa gerações e fronteiras. Grandes nomes do forró foram seus discípulos, como Dominguinhos, Anastácia, Genival Lacerda e tantos outros. Seu sobrinho, o sanfoneiro Joquinha Gonzaga, também iniciado por ele ainda jovem, hoje carrega essa herança nos palcos do país. Apesar de ter falecido em 1989, aos 77 anos, Luiz Gonzaga permanece sendo o símbolo maior do gênero e a principal referência para músicos, pesquisadores e artistas populares.
Foto de capa: Eliane Cardoso/Funcap
