Após dois fortes pronunciamentos durante o Grande Expediente da sessão plenária dessa quarta-feira (23), ainda em torno do Projeto de Lei Complementar Nº 10/2017, de iniciativa do Governo do Estado, que trata do sistema previdenciário do Estado de Sergipe, os deputados estaduais Ana Lúcia (PT) e Francisco Gualberto (PT) seguiram divergindo e se inscreveram na Explicação Pessoal.
Um pouco antes, ainda em seu discurso enquanto líder do governo, Gualberto sofrera questionamentos de membros do Sintese (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe) que estavam nas galerias. O parlamentar não apenas rebateu algumas provocações como também se colocou na condição de agredido pelo o que ele diz ser a “escolinha do mal”.
Inscrita na Explicação Pessoal, a deputada Ana Lúcia saiu em defesa de sua categoria dizendo que “Gualberto é um trabalhador, aqui temos trabalhadores em desespero, e com a história de vida que tem, o deputado não pode ter esse raciocínio dicotômico do bem e do mal. Da mesma forma que o deputado age pelo instinto contra trabalhadores, puxando o facão, tem trabalhador ou professor que também diz coisas que não deveria dizer. Ninguém deseja a morte de ninguém!”.
Em seguida, a deputada emendou dizendo que não existe essa coisa da “escolinha do bem e do mal” e pontuou que “ninguém desejou a morte de Marcelo Déda (in memoriam). Eu como deputada, militante do movimento social, não vou aceitar este estigma que o governador Jackson Barreto estabeleceu que o Sintese matou Marcelo Deda, que não teve a sorte porque quando fez a cirurgia não diagnosticaram seu câncer e quatro anos depois teve uma metástase avassaladora”.
Por fim, a deputada petista lembrou que, simbolicamente, ela, Déda, Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Marcelo Ribeiro “sepultaram” o então governador Antônio Carlos Valadares (PSB). “Que apelação! Que estímulo à violência e ao ódio! Que irresponsabilidade! Numa situação que estamos passando e uma autoridade estimulando a intolerância? Temos que respeitar uns aos outros. Eu estou apelando pelo diálogo entre os poderes. Estamos falando do futuro de todo mundo e não apenas de uma ou outra categoria”, disse, discordando completamente do discurso feito pelo deputado Zezinho Guimarães (PMDB).
Outro lado
Já o deputado Francisco Gualberto optou por não comentar mais sobre o projeto, mas em falar sobre o discurso da colega de parlamento e sobre as provocações que ouviu das galerias da Casa. “Em momento algum eu fiz referências ao discurso do governador. Eu vi uma gravação de uma pessoa que, por infelicidade, disse que eu tinha que morrer como Marcelo Déda morreu! A pessoa disse que eu tinha que morrer agora, que se eu morresse antes, ela morreria feliz”.
Em seguida, o deputado questionou: “quem está fazendo apologia à violência aqui? Essa é a violência mais escancarada possível! Eu desejar que alguém morra? Esse é o limite do desejo da eliminação humana! Eu não escondo meu comportamento e procuro ser o menos hipócrita possível. Não sou deputado para ouvir desaforo e desejo que eu morra calado. Isso não é discussão política. Eu não misturo as coisas”.
Gualberto seguiu dizendo que não tem “temperamento de barata”. “Eu não vou me amedrontar! Eu não tenho medo deste setor! Podem gritar, espernear, arremessar o ovo, pode tudo! Agora no que eu puder reagir para defender minha integridade, eu vou fazer! Eu faço qualquer coisa para defender minha integridade, para não apanhar no meio da rua! Vou endurecer sem perder a ternura, como já dizia Che Guevara! Pode falar de facão ou de foice! Vou defender a minha existência sempre sem desejar o mal”.
Por Agência de Notícias Alese
Foto: Jadílson Simões