Foi realizada na tarde desta terça-feira (26), a audiência pública “Territórios de resistências e encantamentos: vozes de malungos, ecos palmarinos”. A ação foi de autoria das Comissões de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese), e teve como objetivo retratar direitos de pessoas que moram em comunidades tradicionais, e ainda, estimular o combate a intolerância e ao racismo estrutural, religioso e ambiental.
O momento foi aberto com uma peça teatral interpretada pelo Grupo Parlacênico. Na apresentação foi abordada a atual situação socioeconômica de pessoas pretas que vivem no Brasil e em Sergipe. Em seguida, foi iniciado o primeiro Painel com o tema: “Território Tradicional: saberes, fazeres, (re)existência e direitos da comunidade Caípe Novo, em São Cristóvão).
“É um momento muito importante para debater direitos da comunidade Caípe Novo que está reivindicando seu território e cobrando dos órgãos públicos uma maior assistência para a população. Está acontecendo um descaso e a população daquela localidade quer ser ouvida em debates sobre as mudanças climáticas que impactam diretamente nestas comunidades tradicionais e que sobrevivem basicamente da pesca tradicional e do artesanato”, destacou a deputada Linda Brasil (PSOL).
A professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Maria Batista destacou a importância da reabertura da escola rural da comunidade Caípe Novo, fortalecimento da educação além de políticas públicas como forma de evitar o êxodo na comunidade. “A escola segue fechada e a falta de transporte adequado são uma realidade na comunidade. Pedimos que o poder público olhe mais para a nossa comunidade para evitar que ela acabe ao longo do tempo”, enfatizou.
Em um discurso a líder comunitária do Caípe Novo, Audilene Lima disse: ‘Muitas pessoas da nossa comunidade têm que andar 12 km para trabalhar ou estudar. Lutamos pelos direitos dos moradores do Caípe Novo, para que tenham assegurado o transporte público de qualidade”, ressaltou.
Religiões de Matriz Africana
O segundo painel da audiência pública abordou o tema “As religiões de matriz africana e os enfrentamentos ao racismo: ancestralidade versus desencantamentos”. De acordo com o deputado Chico do Correio (PT) a ação faz parte das atividades alusivas ao mês da consciência negra. “Estamos num mês importante. E essa audiência pública junto com a população e especialistas tem a finalidade de quebrar o preconceito e estimular os saberes, fazeres e aprimorar os nossos conhecimentos sobre a ancestralidade”, pontuou.
A palestrante e professora da UFS afirmou: “Esse debate traz informações fundamentais sobre as lutas e conquistas do povo negro, mostra o lugar de pertencimento e pensar dentro dessa perspectiva na luta contra o racismo, seja ele: estrutural, ecológico, ambiental e tantas outras variações”, esclareceu.
A audiência foi acompanhada por estudantes da UFS, representantes das comunidades de terreiro, da comunidade Caípe Novo e da vereadora por Aracaju Sônia Meire (PSOL).
Fotos: Joel Luiz/ Agência de Notícias Alese
