Por Habacuque Villacorte – Rede Alese
“Passamos seis meses brigando com o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB), para receber o nosso cachê da apresentação do Forró Caju! É triste, mas hoje o artista sergipano, os forrozeiros vivem mendigando para tocar, porque não podem se apresentar”.
O desabafo é do conhecido músico sergipano Cebolinha do Forró e foi feito para os deputados estaduais, no plenário da Assembleia Legislativa, na tarde dessa quinta-feira (11), durante a audiência pública para debater as dificuldades dos artistas sergipanos, promovida pelo deputado estadual Georgeo Passos (REDE).
Cebolinha do Forró denunciou para os presentes que “alguns empresários parecem os donos das prefeituras e ali só se apresentam as bandas controladas por eles e os artistas nacionais. Tem que fazer uma CPI no Forró Caju e nos demais Forrós do Estado para identificar esses tiradores de notas fiscais que se aproveitam dos forrozeiros e ainda cobram 20%! Isso é um cartel”, denunciou.
Segundo ele, assim que chega na prefeitura, o artista já é direcionado para o empresário e que não adianta o cidadão abrir a própria empresa. “Pode deixar quantas propostas quiser! Você não vai tocar porque não é do interesse dele! Não vão deixar de contratar uma banda por R$ 50 mil, onde ele vai ter um retorno, para chamar a gente e não ganharem nada em troca! Espero que essa audiência pública tenha frutos”.
Por fim, Cebolinha do Forró externou uma realidade triste dos artistas sergipanos. “Todos conhecem Zé Rozendo e Marluce em Sergipe. Ela está em uma cama, doente e seu esposo me procurou, buscando apoio. Ninguém da Secretaria Municipal de Cultura ou Estadual de Cultura apareceu para levar ajuda, para dar algum medicamento. Sou filho de Lourinho do Acordeon com orgulho, mas às vezes tenho vergonha de dizer que sou artista sergipano”.
Jaílson do Arcodeon
Outro que também se manifestou foi o tradicional Jaílson do Acordeon. Ele parabenizou Georgeo Passos e a Assembleia Legislativa pela iniciativa e colocou que não se arrepende de nada que disse na entrevista que concedeu, em rede nacional, ao jornalista Roberto Cabrini, recentemente, sobre uma suposta “Máfia dos Shows” em Sergipe.
“Só falei a verdade e não me arrependo de nada! Não tenho medo porque não menti, não inventei! Nós, artistas sergipanos, estamos sofrendo com essa situação. Com o abandono porque não temos espaços para trabalhar! Quando disseram que vinham R$ 16 milhões para Sergipe, imaginei que ia ganhar uns R$ 16 mil, pelo menos. Toquei no Forró Caju por R$ 5 mil e, tirando os impostos, me restaram apenas R$ 4 mil. E para onde foram esses recursos?”, questionou.
Cabo Amintas
Presente na audiência, o vereador de Aracaju, Cabo Amintas (PTB), também se manifestou lamentando que o público em geral e muitos artistas sergipanos não tenham ido prestigiar a audiência. “Essas galerias deveriam estar tomadas! O músico sergipano não despertou para a importância que um debate desses tem! Aqui nós vemos sempre os mesmos guerreiros, batalhando em defesa da nossa Cultura. Rogério deixou um legado, que Sergipe é o País do Forró. Hoje não somos nem o povoado!”.
Foto: Habacuque Villacorte