Por Ethiene Fonseca
Com o objetivo de incentivar o desenvolvimento do Estado, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) lançou em julho de 2021 o Plano de Desenvolvimento Sustentável de Sergipe 2020-2030 (PDSS), que se trata de uma agenda com várias propostas voltadas principalmente ao crescimento econômico de todo o território sergipano. A ideia para a realização do estudo surgiu em 2019 a partir de conversas entre o presidente da Alese, deputado estadual Luciano Bispo, e os empresários locais sobre a necessidade de mais informações quanto ao cenário econômico sergipano.
No ano de 2020, quando as entrevistas com os empresários e a coleta de dados para o Plano se intensificaram, foi também o período em que teve início a pandemia da covid-19, momento que foi acompanhado por muitas incertezas em vários setores, inclusive na economia. Com o documento pronto, em 2021, a Assembleia Legislativa de Sergipe decidiu levar esse conhecimento para todas as regiões do Estado através de um fórum itinerante, que visitou ao longo do ano oito municípios que são centrais para Sergipe: Nossa Senhora do Socorro, Estância, Lagarto, Itabaiana, Propriá, Nossa Senhora da Glória, Aracaju e Itabaianinha.
“Perspicazmente, Luciano Bispo percebeu que era necessário visitar as oito regiões do Estado, nem que fosse apenas um município central. E, nessas visitas, trazer todos os atores para fazer a divulgação. Essa atitude promoveu o Plano de forma extraordinária e estratégica. Recebemos contribuições, recebemos apontamentos, sugestões e críticas construtivas sobre o estudo. Por exemplo, as pessoas nos perguntavam sobre tal dado, diziam que era necessário ampliar mais a discussão. Esta era a grande proposta do Plano: trazer esse debate”, explica coordenador do PDSS, Marcelo Barberino.
Casa do Povo
Outra questão que pode ser destacada sobre a divulgação do Plano de Desenvolvimento no interior do Estado é a aproximação entre a Assembleia Legislativa e a população. Para o economista Fernando Carvalho, assessor especial da Alese, a realização dos fóruns itinerantes promoveu a integração entre o parlamento sergipano e as várias regiões que compõem o Estado, estimulando o protagonismo dos cidadãos, do empresariado e dos gestores municipais. A ideia por trás disso é que o Plano seja implementado de fato, que os dados levantados contribuam para o crescimento local.
“Um ponto muito importante dos fóruns é que a Assembleia deixa de estar centralizada aqui na capital e vá até os municípios. Isso é relevante: enquanto Casa do Povo você sair da capital, visitar as regiões, apresentar o Plano e dizer que aquilo é deles, serve para eles. É o protagonismo de cada região, do sertanejo, do Baixo e Alto São Francisco, do Centro Sul sergipano. É trazer os municípios e o cidadão como protagonistas desta história. Se não for assim, o Plano é só mais um estudo, mais um livro que vai ficar guardado na gaveta. Principalmente, é importante que ele semeie essa possibilidade de desenvolvimento em cada região”, defende o assessor.
Ao fazer um balanço sobre o PDSS, o presidente da Casa afirma que o estudo vem no sentido de propor diretrizes que contribuam com uma administração pública pautada no planejamento. Para que os gestores possam tomar decisões de forma mais acertada, é necessário que eles se cerquem de dados e informações sobre o cenário econômico, algo que é contemplado pelo Plano de Desenvolvimento, pondera o parlamentar.
“A gente só pode projetar o futuro se a gente conhecer, detalhadamente, o passado e o presente. É uma semente que estamos plantando e será sempre lembrada como um legado da Alese para o povo sergipano. Estamos analisando o presente e projetando o futuro. É dever dos parlamentares ouvir e perceber os sentimentos da sociedade e realizar ações que vão ao encontro dos anseios da população. As apresentações do Plano estão recebendo o apoio de todos os participantes tanto na capital quanto no interior”, destaca o presidente Luciano Bispo.
Mãos dadas para o futuro
Ainda que muitas informações sobre a economia de Sergipe já fossem de conhecimento público, o coordenador do Plano explica que o estudo compila esses dados, pensando os municípios sergipanos de forma integral e sistêmica. O estado tem muitas possibilidades de crescimento, mas os gestores e o empresariado pensam nos seus setores individualmente. Para Barberino, o PDSS tem esse diferencial: propor um pacto de desenvolvimento para Sergipe como um todo.
“Nós temos capacidade, temos condições, só falta a gente se unir para fazer o desenvolvimento acontecer. Cada ator está pensando de uma forma, individualmente, mas nós não tínhamos um trabalho pensando no desenvolvimento para Sergipe. O Plano aborda as potencialidades das regiões. Focando só na região, percebemos que podemos fomentar vários municípios em cadeia. É um trabalho sistêmico. E a Casa do Povo é o melhor local para se fomentar isso”, defende Barberino.
O PDSS revela que a principal fonte de fomento nos municípios sergipanos ainda é o Poder Público, seja por meio das prefeituras ou da seguridade social, a exemplo dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Outro dado que deve ser destacado se refere ao papel central da capital do estado no Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com Carvalho, Aracaju é responsável por cerca de 40% da economia sergipana.
“Esse papel de destaque da capital se deve principalmente ao setor de serviços e do turismo. Nós, através do Plano, levantamos esses dados e levamos para o estado como um todo. Ele funciona como uma espécie de bússola, de farol, apontando quais as perspectivas e principalmente trazendo a transformação digital e a governança como os principais parâmetros ou balizadores para o desenvolvimento”, complementa o assessor Fernando Carvalho.
UFS
A repercussão das apresentações do Plano de Desenvolvimento durante o ano passado despertou o interesse da sociedade e a ideia é que sejam realizadas mais algumas edições do Fórum Itinerante em 2022 nos municípios que não foram contemplados. Também foi firmada uma parceria entre a Assembleia Legislativa de Sergipe e a Universidade Federal de Sergipe visando alinhar o desenvolvimento do estado ao conhecimento científico produzido pela instituição, iniciativa que contempla um dos eixos do Plano.
“Estamos alinhando os projetos com a UFS para que a Alese possa ser uma grande fomentadora, para sairmos do papel de apontamento para o papel de indução desses conhecimentos científicos, para que eles se transformem. Defendemos muito no Plano essa questão da governança. É olhar macro, inserir os atores e contribuir, ver qual será o impacto disso na vida das pessoas, entender isso de forma sistêmica”, explica Barberino.
Uma das ações dessa parceria entre as duas instituições consiste na produção de programas de TV voltados à divulgação do conhecimento científico produzido pela UFS. Inclusive, no último dia 12, foi realizada uma reunião entre os setores de Comunicação da Universidade e da Assembleia para alinhar esse projeto. A ideia é que os programas sejam produzidos e veiculados ainda em 2022.
“A questão não é só dar publicidade ao que está sendo produzido pela UFS, mas que aquilo que foi produzido seja transformado em um instrumento que mude a vida das pessoas. Uma das pesquisas da Universidade é, por exemplo, a identificação de leite sem lactose. A partir disso, podemos fazer essa identificação e levar a técnica para todo o estado. É fazer com que esse conhecimento desenvolva a região”, finaliza Fernando Carvalho.
Fotos: Jadilson Simões e Joel Luiz