Por Assessoria Parlamentar
A procuradora da Mulher da Alese, deputada estadual Goretti Reis (PSD) fez a abertura da primeira noite do Webinar: ‘Violência contra a mulher e os impactos da pandemia em Sergipe’ que teve como mediadora a advogada da Procuradoria Especial da Mulher da Alese, Bartira Maia. O evento contou com as participações da delegada de Polícia Civil, Ana Carolina Machado Jorge; da historiadora e advogada Ângela Farias e da deputada estadual e a primeira procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Janete de Sá que agradeceu a oportunidade e a confiança da Procuradoria em convidá-la.
Em sua fala, a deputada Janete ressaltou uma frase criada por ela: “a mulher pode não mudar com a política, mas a política com certeza, ela muda com a presença da mulher” e complementou “é preciso termos coragem para enfrentar esses desafios. Nada nos será dado pelos homens, claro que tem muitos homens que estão nessa luta com a gente. Esses espaços terão que ser conquistados por nós, mulheres. É preciso ter coragem para enfrentar. Muitas pedras aparecerão em nosso caminho. Muitas apareceram nos caminhos da Goretti, da Bartira, da Ana e da Ângela. Precisamos, como diz o pessoal da roça, ‘arrodear o toco e seguir em frente’. Não tropeçar e acreditar que podemos, juntos com os homens, caminhando lado a lado, construirmos um pais melhor. Mais fraterno e humano. Mais igualitário para todos nós que aqui convivemos, mulheres e homens. Meu abraço carinhoso e minha admiração a deputada Goretti que preside a mais jovem Procuradoria Especial da Mulher das Assembleias Legislativas de nosso País. A delegada Ana Carolina que fez uma explanação belíssima, muito pude aprender com ela. Obrigada por existir e ser essa mulher corajosa. A historiadora Ângela também uma mulher de luta que nos orgulha aí no Nordeste. Parabéns a vocês!
A delegada Ana Carolina deixou um recado para as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. “Para as mulheres que estão nos assistindo e que são vítimas dessa violência, a gente sabe que dar o primeiro passo é um grande desafio. São muitos medos que povoam as nossas cabeças porque não estamos falando de qualquer pessoa, vamos denunciar um pai, um irmão, um marido, um ex-marido e essas pessoas, por trás, tem outros afetos, que é uma sogra, uma irmã e que a gente gosta muito, e que também adoecem. Mas precisamos, antes de tudo, pensar na nossa vida e na proteção de nossos filhos que estão vivendo essa situação de violência, e se a gente não romper com isso, isso vai se replicar. Então procure a delegacia mais próxima. Procure orientação porque são nas delegacias que essas orientações ocorrem. Se ainda não tem coragem para denunciar, vão lá mesmo assim, conversem porque lá pode ser o caminho para te encaminharem para a rede, onde você pode ser fortalecida emocionalmente, para dar esse primeiro passo. Fiquem tranquilas porque o autor do fato não será preso, as vezes não há necessidade, mas é preciso uma intervenção para proteger você. Confie no nosso trabalho. Sororidade sempre!
Outra responsável pela riqueza do evento foi a historiadora Ângela que disse sair fortalecida por perceber que existem outras mulheres tão comprometidas com essa causa. “Sinto que nada está perdido. Só temos a ganhar com a presença de mulheres tão importantes. A Alese e a deputada Goretti minha admiração por ouvirem outros pesquisadores. Feliz por vocês dispensarem um tempo para ouvir um pesquisador e seus questionamentos. A questão da LOA, também falada por Janete, como é que você vai lidar com a questão da violência doméstica sem transferir uma parte desses recursos para atacar essas questões? Então, mulheres do meu Brasil, quando forem votar precisam prestar atenção em candidatas que estejam por dentro dessas discussões. Quais políticas defende em relação a mulher? É importante que essas questões sejam levantadas. Não se faz políticas públicas sem investimentos. É preciso investir para colher com o tempo. E até economizar socialmente. Através de um estudo que fiz, cheguei a triste realidade, de cada mulher, vítima do feminicídio, os filhos ficam entregues à própria sorte se entregando até a prostituição. A Delegada Ana tocou em um ponto importante quando disse que nenhum agressor é agressor 24 horas por dia. Existe o momento da risada, da convivência, por isso é tão difícil para uma mulher sair de uma relação de agressão. Porque ali existem outros sentimentos envolvidos. Se a revolução não for feminista, não haverá revolução”.
Para a deputada Goretti, uma noite muito rica e de muito aprendizado. “Encantada com essas mulheres maravilhosas. Tenho certeza de que quem teve a oportunidade de ouvi-las, só acrescentou informações e conhecimento para avançarmos nas conquistas e nas lutas da igualdade de direito. Queremos fazer com que a sociedade mude de comportamento. Feliz com a pesquisa de doutorado de Ângela sobre as desigualdades vividas pelas mulheres. A dependência econômica dessa mulher, a faz prisioneira da violência doméstica. Pensando nisso, tenho um projeto de lei, tramitando na Casa, que institui que as empresas que prestem serviços terceirizados ao governo do Estado, disponibilizem 3% (três por cento) das vagas de emprego às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A falta de mulheres na política, como citou com muita propriedade, a colega Janete, dificulta a aprovação de projetos dessa natureza, pela falta de entendimento, por parte dos homens. Incluir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), políticas públicas para proteção à mulher, muitas vezes, não são aprovadas, e sim, barradas. São inúmeros os fatores que fazem com que a vítima não leve uma denúncia à frente, e infelizmente, na maioria das vezes, se chega ao extremo, o feminicídio, que tanto tem crescido. Agradeço a Bartira pela condução e a todas as participantes. Ana Carolina, essa guerreira e batalhadora. Sua vontade de fazer acontecer é admirável. Você busca e incrementa a política pública. Os grupos reflexivos são uma realidade, em parceria com a UFS, devido ao seu esforço e ao seu trabalho. Vocês fazem a diferença! Parabéns e obrigada”.