Por Wênia Bandeira
Nesta semana que antecede o Dia Mundial da Diabetes, a Assembleia Legislativa de Sergipe vem alertando sobre pontos que geram dúvidas nas pessoas que convivem com a doença e naquelas que nunca tiveram contato com o problema. A diabetes é tema de campanha em todo o planeta para auxiliar quanto aos cuidados necessários na prevenção e no controle, com a data de 14 de novembro e o mês Novembro Diabetes Azul.
A enfermidade se apresenta em vários tipos e os mais comuns são tipo 1, tipo 2 e gestacional. Existem diferenças de sintomas e de causas entre eles e é possível prevenir o aparecimento em um dos casos, mas em todos é possível ter uma vida saudável.
A pessoa com glicemia alta tem geralmente fome frequente, sede constante e vontade de urinar diversas vezes ao dia. Mas os sintomas se diferenciam entre os tipos que a doença se divide.
Diabetes tipo 1
A diabetes tipo 1 atinge cerca de 5% a 10% das pessoas diabéticas. Ela pode se desenvolver desde a infância até a vida adulta e não há prevenção. Trata-se de um erro do sistema imunológico que ataca as células beta do pâncreas, onde é produzida a insulina e, com isso, acontece o encerramento da produção.
Para o tratamento, é preciso fazer injeções de insulinas diferentes algumas vezes por dia e acompanhar a glicemia com testes em casa sempre que possível. O mais indicado é aprender a fazer contagem de carboidratos e relacionar com a quantidade de insulina aplicada. Existem aplicativos que podem ser instalados em smartphones e auxiliam neste dia a dia.
Quando a pessoa desenvolve o tipo 1, costuma apresentar rápida perda de peso, fraqueza, fadiga, mudanças de humor, náusea e vômito. Os estudos científicos realizados até hoje não conseguiram saber por qual motivo o sistema imunológico ataca e destrói as células beta no pâncreas, por este motivo, não há como prevenir o seu surgimento.
Diabetes tipo 2
Já a diabetes tipo 2 se concentra em 90% das pessoas com diabetes. Aparece quando o organismo não consegue usar a insulina que produz de forma adequada ou não produz insulina suficiente.
É mais frequente em adultos, mas crianças também podem apresentar. É possível prevenir e controlar sem medicamentos, mas para isso é essencial realizar atividade física com frequência, ter um planejamento alimentar e perder peso. Quando isso não é feito, a doença exige o uso de insulina e/ou medicamentos orais para controlar a glicose.
Quando a enfermidade surge, a pessoa tem ganho de peso, formigamento nos pés e mãos, infecções frequentes na bexiga, rins e pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada. Mas o diabético tipo 2 pode não identificar o aparecimento da doença por muito tempo, o que leva a problemas graves.
As principais causas são excesso de peso, sedentarismo, alimentação pouco saudável, tabagismo e acúmulo de gordura na região abdominal. Com isso, acontece a resistência à insulina e o pâncreas passa a produzir cada vez maior quantidade deste hormônio até o dia que não consegue mais realizar este aumento.
A dieta alimentar equilibrada e a prática de exercícios físicos com perda de peso podem, até mesmo, fazer com que seja desnecessário o uso de medicamentos orais ou por injeção na diabetes tipo 2. O controle pode ser feito mantendo uma vida saudável.
Este tipo é mais comum em adultos a partir dos 40 anos de idade, mas pode acontecer em crianças e adolescentes com má alimentação e obesidade.
Diabetes Gestacional
A diabetes gestacional se manifesta desde o início da gravidez até o parto. Com o feto, o corpo da gestante passa por várias mudanças e é preciso produzir mais insulina, o que não acontece em algumas mulheres. Neste quadro, o bebê tem maior risco de crescimento excessivo, o que causa partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até obesidade e diabetes na vida adulta.
As mulheres ou o bebê costumam apresentar ganho excessivo de peso, cansaço excessivo, visão turva, náuseas e infecções frequentes na bexiga, vagina ou pele. Este tipo tem maior incidência em mulheres com idade mais avançada, mas é possível acontecer em jovens.
Os fatores de risco são idade materna avançada, ganho de peso excessivo durante a gestação, síndrome dos ovários policísticos, hereditariedade, hipertensão arterial na gestação e gestação múltipla (gravidez de gêmeos). Ela se encerra após o nascimento do bebê, mas é preciso ter um controle da glicemia durante a gravidez para que a criança não tenha sequelas.
Tecnologia e a diabetes
Existem equipamentos que podem auxiliar no tratamento e controle da diabetes. O mais comum é o glicosímetro que mede a glicemia com o uso de uma gota de sangue, e as canetas de insulina, que são mais precisas na quantidade de insulina que se injeta do que as seringas, mas é possível acompanhar os níveis de glicose e injetar insulina sem processos invasivos.
Os diabéticos podem utilizar o sensor de glicemia para realizar a medição. O sensor é do tamanho de uma moeda e fica grudado no braço. A medição é feita através de rastreamento com a tecnologia NFC, a mesma utilizada para pagamentos com cartão de crédito e de débito por aproximação de smartphones, e pode ser compartilhada com a equipe médica. A leitura pode ser feita também por um glicosímetro.
Para utilizar a insulina, é possível fazer uso da bomba de insulina. Trata-se de um aparelho ligado por uma cânula ao corpo que injeta a insulina o dia inteiro e pode, inclusive, paralisar a injeção quando percebido a probabilidade de ocorrer hipoglicemias através de algoritmos de monitoramento.
Também está disponível no mercado, a insulina inalável. Ela é utilizada pela boca como acontece com as bombinhas para asma. Enquanto nas insulinas injetáveis o efeito começa a partir de cerca de 15 minutos após, as inaláveis iniciam o seu efeito imediatamente após o uso. No entanto, não são indicadas para quem tem problemas respiratórios.
Exames que detectam a diabetes
1 – Exame de Glicemia em Jejum
É feito em laboratório, solicitado por um médico, através da coleta de sangue e com jejum de 8 a 12 horas. É indicado para diagnosticar a diabetes e para o controle da doença após o diagnóstico.
2 – Teste oral de tolerância à glicose
É feito em laboratório e solicitado por um médico. A glicemia é medida antes e depois de ingerir um líquido açucarado. O objetivo é saber a reação do organismo a altas dosagem de glicose.
3 – Hemoglobina glicada
É feito em laboratório, solicitado por um médico, através da coleta de sangue e com jejum de 8 a 12 horas. Com ele, é possível saber a média da glicemia dos últimos três meses, sendo indicado para quem já está diagnosticado com diabetes.
4 – Glicemia pós-prandial
É feito em laboratório, solicitado por um médico, através da coleta de sangue duas horas após a refeição. É indicado para diagnosticar a diabetes e para o controle após o diagnóstico.
5 – Teste de ponta de dedo
É feito em casa utilizando um glicosímetro com o uso de uma gota de sangue da ponta de dedo. É indicado para o controle da doença após o diagnóstico.
6 – Sensor de glicemia
É feito em casa utilizando um sensor de glicemia que fica grudado no braço por 14 dias e rastreando com o uso do glicosímetro ou do smartphone. É indicado para o controle da doença após o diagnóstico.
Função da insulina
A insulina é um hormônio que tem como função metabolizar a glicose para produção de energia. Ela funciona como uma chave para abrir as células e permitir a entrada da glicose, onde será usada como energia para o corpo.
Na diabetes tipo 1, a injeção algumas vezes por dia de insulina é necessária, já que o pâncreas para de produzir este hormônio. Nos demais tipos de diabetes, é possível fazer o tratamento de forma eficaz sem a injeção de insulina, utilizando medicamentos orais que estimulam a produção do hormônio pelo pâncreas ou mesmo apenas com dieta alimentar equilibrada e prática de exercício físico. Em alguns casos, com a doença descontrolada, é preciso injetar a insulina para melhorar o tratamento.
Gravidez com diabetes
Todos os tipos de diabetes podem ser perigosos para as mulheres e para as crianças durante a gestação caso a doença não esteja controlada. Na diabetes tipos 1 e 2, é preciso se preparar para a gravidez, adequando os níveis de glicose no sangue no dia a dia antes mesmo da fecundação. Durante a gestação é também primordial estar em dia com este controle.
A mulher diabética pode ter uma gravidez saudável igualmente a qualquer outra mulher, mas é necessário estar sempre atenta aos níveis da glicemia dentro do recomendado pelo médico.
Alimentação
Não há restrições alimentares para diabéticos, no entanto é preciso controlar a quantidade dos alimentos. Não são apenas os doces que aumentam a glicose no sangue, mas também massas, frituras, carnes brancas ou vermelhas e até mesmo frutas e verduras, tudo isso quando consumidos em excesso.
Comer porções adequadas de três em três horas auxilia no controle da glicemia e na perda de peso ou ganho de massa muscular quando necessários.
Principais complicações da doença
A diabetes controlada não causa complicações, mas caso os níveis de glicemia fiquem alterados por muito tempo alguns problemas podem acontecer.
Pé diabético
Esta é uma das complicações mais frequentes e ocorre devido a lesões nos vasos sanguíneos e nervos. São feridas na pele e falta de sensibilidade no pé, podendo pisar em algo e não sentir. Em casos mais graves, pode ser necessária a amputação.
Nefropatia diabética
Trata-se de lesões que aparecem nos rins que levam a dificuldades na filtração do sangue. Isto pode levar à insuficiência renal e à necessidade de realizar hemodiálise.
Retinopatia diabética
É uma lesão nos vasos sanguíneos da retina dos olhos, podendo causar cegueira permanente. A visão turva ou desfocada é sinal de que precisa consultar um oftalmologista para realizar o tratamento.
Neuropatia diabética
É a degeneração dos nervos, o que provoca diminuição da sensibilidade em algumas partes do corpo, como os pés, originando o pé diabético ou sensação de queimação, frio ou formigamento nos membros afetados.
Problemas no coração
Diversos processos inflamatórios podem acontecer no organismo, aumentando o risco de comprometimento do coração. Assim, é maior a possibilidade de infarto, aumento da pressão arterial ou Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Hipoglicemia
A glicemia muito baixa também é perigosa para a saúde, mas a consequência é imediata. Quando a glicose fica abaixo de 70 mg/dl, a pessoa fica desorientada e pode desmaiar. Em casos mais graves, pode levar ao coma e até à morte. A hipoglicemia é causada pelo excesso de insulina injetada ou pela falta de alimentação na hora correta.
Foto: Junior Ventura