Por Habacuque Villacorte – Rede Alese
Sob o tema “As Lutas pela Independência de Sergipe Conferencista”, a Assembleia Legislativa deu continuidade às comemorações dos 200 anos da Emancipação Política de Sergipe, na manhã dessa segunda-feira (13), com uma conferência, agora em ambiente virtual, ministrada pela professora doutora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Edna Matos Antônio, mediada pela também professora doutora e graduada em História, Valéria Oliveira.
No último dia 8, data em que se celebrou a Emancipação Política, o professor doutor em História e Filosofia da Educação, Jorge Carvalho do Nascimento, fez uma exposição para os deputados estaduais e a sociedade em geral sobre o processo que se deu entre os anos de 1808 e 1822.
A Conferência dessa segunda-feira (13) foi aberta pelo subsecretário-geral da Mesa Diretora, Igor Albuquerque. “Em nome da Alese quero registrar nossa alegria pela retomada dos trabalhos, desses seminários concebidos ainda no início do ano pela Comissão do Bicentenário. Ainda tivemos uma palestra presencial, que foi muito interessante e proveitosa para todos nós”.
Igor lamentou que em seguida tenha vindo a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e que a Alese teve que seguir as regras de distanciamento social, mas exaltou a iniciativa dos seminários em ambiente virtual. “A Assembleia Legislativa entendeu a necessidade de se reinventar, em meio a este momento histórico de 200 anos de Emancipação Política”.
Edna Santos
A conferencista Edna Santos iniciou destacando a necessidade da busca pelo conhecimento da história. “Conhecer a nossa história é uma declaração de amor. E não temos como não registrar as diversas rebeliões que ocorreram por aqui. Muitas vezes sabemos mais de movimentos populares de outros lugares e nem sabemos do que ocorreu em nosso Estado”.
Edna Santos explicou que se debruçou sobre documentos da época colonial, em várias pesquisas que fez e sempre baseada em informações concretas. “Os colonos não eram a ‘massa de manobra’ que se imagina e nem eram pessoas extremamente alheias ao que acontecia. Elas estavam envolvidas nos processos políticos. O processo de Independência do Brasil teve sim a participação dessas camadas, só não sabemos como, mas isso não significa que elas não participaram”.
A pesquisa pontuou que é possível sim vislumbrar um envolvimento amplo da sociedade sergipana em um processo de Independência, com a participação de grupos sociais e vários agentes que não ficariam indiferentes diante de tamanha mobilização. Ela pontuou dominação por parte da Bahia, inclusive com proibições sobre movimentos voltados para a independência. “A luta política era muito intensa, em especial no Rio de Janeiro e as existiam muitas posições divergentes entre as Capitanias”.
Por fim, ela falou muito em “uso de violência” contra famílias portuguesas que foram presas e/ou encaminhadas para Pernambuco, se não demonstrassem que eram patriotas. “A independência de Sergipe se deu sim por força da luta”, disse, explicando que existe um “repertório de documentos” que ainda precisam ser explorados e que, com exceção dos arquivos recuperados pelo Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, boa parte da documentação referente à história do nosso Estado ainda encontra-se na Bahia.
“Tem muita coisa administrativa e burocrática que ficou preservada no arquivo da Bahia. Tem que ir lá para pesquisar. Tem muita coisa de Sergipe, tanto na condição de Capitania quanto na condição de Comarca, inclusive com correspondências trocadas pelos capitães-mores e os governadores”, concluiu.
Próxima Conferência
Possivelmente também em ambiente virtual, a próxima Conferência promovida pela Assembleia Legislativa terá o tema “A Resistência Negra à Luz do Bicentenário da Independência de Sergipe”, prevista para o dia 18 de agosto, às 9h30, tendo como conferencista Prof. Dr. Petrônio José Domingues (UFS) e que terá Anselmo Machado como coordenador.