Por Stephanie Macêdo – Rede Alese
Foi aprovado na Casa Legislativa de Sergipe, no último dia 23 de dezembro, o Projeto de Lei de nº 266/2019, de autoria do deputado Vanderbal Marinho (PSC) que declara a procissão de Nossa Senhora do Desterro, do município de Japoatã (SE), como Patrimônio Cultural e Imaterial de Sergipe.
Padroeira
O termo ‘desterro’ faz referência ao evento bíblico narrado no evangelho de São Mateus sobre a fuga de Maria e José para o Egito a fim de salvar o menino Jesus da matança de recém-nascidos ordenada pelo rei Herodes em Israel. “Por isso, as pessoas que estão em perseguição se identificam com Nossa Senhora do Desterro e recorrem a ela para alcançar graças”, acrescentou o pároco Paulo Maliska. Ele explicou que originalmente a padroeira da região era a Nossa Senhora das Agonias, conhecida também como Nossa Senhora das Dores. Por volta de 1620, a imagem dessa santa foi trazida por padre jesuítas de Portugal.
Os religiosos eram de uma ordem da Igreja Católica, fundada pelo espanhol Santo Inácio de Loyola, por volta de 1570. Posteriormente, os jesuítas acabaram se tornando a maior ordem religiosa, conhecia como Companhia de Jesus. Eles vieram ao Brasil, inclusive a Japoatã, como uma missão de catequese.
Por volta do século XVIII, os jesuítas foram expulsos pelo rei de Portugal porque, assim como o rei da Espanha, sentia seu poder ameaçado pelos jesuítas. Os reis deram um ultimato ao Papa Paulo III para que eliminasse a ordem de Jesuítas. Essa seria a condição para que esses reis não se separassem da Igreja Católica. Sem escolha, o papa obedeceu ao pedido, suprimindo a ordem dos jesuítas. Eles tiveram que sair de todas as missões, inclusive de Japoatã, e levaram embora a imagem de Nossa Senhora das Dores. No lugar, foram colocadas as imagens da Sagrada Família. O padre Paulo Maliska explica que o termo ‘desterro’ também está associado a esse episódio com a imagem que teve que ser levada com os jesuítas expulsos de Sergipe.
Reconhecimento de Patrimônio
O Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes. É amplamente reconhecida a importância de promover e proteger a memória e as manifestações culturais representadas, em todo o mundo, por monumentos, sítios históricos e paisagens culturais. Mas não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações, transmitidos oral ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção imaterial da herança cultural dos povos, dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial.