“As idas e vindas da saúde mental no nosso estado nos coloca hoje, em 2019, em cenários emoldurados pelo retrocesso”, Iracy Telles, Assistente Social.
“Saúde Mental será sempre resistência! O cuidado em liberdade é o caminho”, foi através desse tema que a Casa Legislativa de Sergipe recepcionou na manhã desta sexta-feira, 17, diversos setores da sociedade. Por meio da realização de uma audiência pública – presidida pelo deputado estadual, Iran Barbosa (PT) – abriu-se a oportunidade de discutir o direito de o paciente com transtorno mental receber atendimentos menos invasivos.
Para o deputado Iran, que é o autor da propositura da audiência, o direito de o paciente receber um tratamento menos invasivo é uma contraposição aos manicômios e aos tratamentos desumanos e ultrapassados, com choques elétricos e isolamento total. “Esse tema é a razão da participação de várias segmentos da sociedade nesta audiência no dia de hoje. Nós iremos lutar por melhorias, e combater o retrocesso”, defendeu o deputado.
Debatedores
Para a assistente social do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) Infanto-Juvenil Vida, da Secretaria Municipal de Saúde, Iracy Telles, a audiência foi muito significativa para a Saúde Mental. Na oportunidade de sua exposição, a debatedora fez um apanhado histórico da luta contra o manicômio em Sergipe e da atual situação da política mental em Sergipe.
“Em Sergipe em especial, Aracaju, a luta manicomial e a reforma psiquiátrica foram acolhidas e atendidas através da resignificação do processos de trabalho e dos espaços de cuidado tratamento e acompanhamento. Aracaju se configurou como um modelo a ser seguido e aprimorado por outros entes da federação tal a sua pujança na organização política, técnica administrativa e territorial em relação aos novos paradigmas da saúde mental”, salientou.
A assistente social criticou a atual forma que se encaminha o tratamento. “As idas e vindas da saúde mental no nosso estado nos coloca hoje, em 2019, em cenários emoldurados pelo retrocesso, que caminha célere para uma “adequação” às exigências do mercado em detrimento da lógica do cuidado. Acolhem a lógica do enclausuramento, do abandono, do retorno a eletroconvulsoterapia como suporte terapêutico pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Defendem a internação de crianças, que ficam foram do seio familiar, em desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, frisou Iraci.
Também debateram na audiência, a psicóloga, que é especialista em Atenção Psicossocial e Saúde Mental, Mônica Trindade, o presidente da Associação Sergipana de Redução de Riscos e Danos (Assereda), Sérgio Andrade, e o representante dos usuários da Rede de Saúde Mental, Joaldo Marcelo dos Santos.
Foto Central: Junior Matos – Rede Alese