Uma em cada quatro mulheres já sofreram violência obstétrica. De acordo com Relatório das Nações Unidas, a informação é que nos últimos 20 anos, profissionais de saúde ampliaram o uso de intervenções que eram anteriormente usadas apenas para evitar riscos ou tratar complicações no momento do parto, além de atitudes desrespeitosas e invasivas se tornaram mais frequentes. A pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, da Fundação Perseu Abramo, apontou que 25% das mulheres já sofreram algum tipo de violência obstétrica – número alto, que acende um sinal de alerta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou a respeito do tema, publicando um documento sobre a prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto, uma vez que a discussão é fundamental, pois muitas mulheres continuam sendo vítimas dessa violência justamente no momento em que estão mais vulneráveis.
Violência obstétrica são xingamentos, recusa de atendimento, realização de intervenções e procedimentos médicos não necessários, como exame de toque a todo momento, grandes episiotomias ( incisão efetuada na região do períneo) ou cesárias desnecessárias, durante o pré-natal ou até mesmo durante o parto. Haja vista, é um dos momentos mais especiais e transformadores na vida de uma mulher ou um dos mais assustadores e traumático. Tudo vai depender do processo gestacional como um todo. Ou seja, a gestante precisa se sentir segura, confiante, confortável, amada e respeitada. Levando em consideração as condições físicas e psicológicas de cada gestante.
Diante do alto índice de violência obstétrica, cresce a cada dia a busca pelo parto humanizado, que nada mais é do que um conjunto de práticas e procedimentos que buscam readequar o processo do parto dentro de uma perspectiva menos medicamentosa e hospitalar, entendendo tanto a mulher quanto o bebê, num olhar mais atento nos processos culturais, emocionais, psíquicos e espirituais envolvidos no parto, que revelam novos e norteadores horizontes, tal qual a importância, para mãe e filho, de vivenciar integralmente a experiência do parto natural.
Como denunciar a violência obstétrica?
No próprio estabelecimento (hospital ou clínica);
Na Secretaria de Saúde;
Nos conselhos de classe (CRM ou Coren);
Disque 180;
Disque Saúde 136
Você sabia?
O direito de ter um acompanhante está assegurado pela Lei 11.108, que existe desde 2005. Mesmo assim, ainda há vários hospitais que continuam não permitindo a entrada e afirmam não ter condição de receber esse acompanhante. A mulher tem direito à livre escolha de quem vai acompanhá-la. Pode ser homem ou mulher. Barrar o acompanhante já é uma forma de violência, porque é um direito sendo negado.
Por Luciana Botto- Rede Alese
Foto: Divulgação/Internet