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Medalha Manoel Bomfim é entregue a professores da rede pública de Sergipe

 

Na tarde que sucede o Dia do Professor, A assembleia Legislativa de Sergipe entregou a Medalha do Mérito Educacional Manoel Bomfim a dois educadores que, pelo exercício do ensino, transformaram a realidade de dezenas de estudantes e as suas próprias vidas: Carlos Christian, professor da rede estadual que se tornou símbolo de resistência à violência na escola após ter sobrevivido a cinco tiros recebidos durante seu exercício profissional e Milton Coelho, que tem se dedicado a motivar meninos e meninas a desenvolver um olhar crítico à sua própria realidade a partir da arte e da educação.

 

A homenagem, realizada na tarde desta segunda-feira, 16 no plenário da Alese, é resultado de Projeto de Resolução de autoria da deputada estadual Ana Lúcia, que cria a Medalha Manoel Bomfim, cujo objetivo é homenagear professores sergipanos que prestaram relevantes serviços ao nosso Estado.

 

“Gostaria de dividir esta homenagem com todos os profissionais de educação que, na minha concepção são guerreiros de grande coração, pois deixam seus entes em seus lares para se dedicar à educação e conviver com entes de outrem. Fico extremamente feliz por ter sido escolhido entre tantos outros guerreiros para receber esta medalha”, disse, gratificado, o professor Carlos Christian.

 

Mesmo tendo que encarar o mundo de outra forma, o professor Carlos Christian não deixou de exibir um sorriso no rosto e sentir gratidão pela nova oportunidade de viver e transformar o mundo a partir de sua própria realidade. “De vítima, Christian tornou-se um símbolo de força, coragem e resistência ante a violência que tem tomado as escolas da rede pública. Sua resiliência e força diante do ato de extrema violência ao qual foi submetido motivou esta Casa Legislativa a conceder a Medalha Manoel Bomfim a este educador, este lutador que orgulha todos os professores pelo seu exemplo de vida e superação”, destacou Ana Lúcia.

 

Após agradecer à deputada Ana Lúcia pela indicação da homenagem e a toda sua família pelo apoio e amparo, Christian destacou que cresceu sob o incentivo de diversos familiares docentes, que escolheram a educação como trabalho e forma de vida, entre eles sua avó, sua mãe Mariana Almeida Gomes – que dedicou 43 anos ao magistério público – e sua irmã Cristiane Carla. “Sempre tive a responsabilidade de dar o melhor de mim na forma e nas condições que eram possíveis”, apontou o homenageado.

 

Ana Lúcia destacou que crescer imerso numa família de educadores refletiu na concepção e nas escolhas de Christian. “Mesmo atuando na área de saúde como biomédico, Christian fez a opção por lecionar biologia na rede pública, reafirmando que os filhos da classe trabalhadora têm o mesmo direito à educação e ao conhecimento e as mesmas oportunidades que as crianças e adolescentes das classes sociais mais abastadas”.

 

Milton Coelho

 

O professor Milton Coelho não escondeu sua satisfação em ser homenageado por uma honraria que leva o nome do sergipano considerado um dos maiores sociólogos da América Latina e que tanto contribuiu com as teorias educacionais, numa perspectiva humanista. “Estar aqui e ter como patrono Manoel Bomfim me enche de orgulho. Saber que nessa terra um educador conseguiu ser moderno antes de todos os outros e hoje vale a pena ser pensado e discutido, é importantíssimo”, agradeceu.

 

Graduado em Letras e Pedagogia, Pós-graduado em Arte Educação, Milton é artista plástico, ilustrador e desenhista com diversas obras expostas desde o final dos anos 1980. Dedicado professor, ele desenvolve o projeto “Arteiros” junto com a gestão da Escola Municipal de Ensino Fundamental Juscelino Kubitschek. Milton foi ainda professor substituto do Curso de Artes Visuais da UFS e é atualmente o presidente do Conselho Escolar da EMEF JK.

 

“A Sensibilidade me direcionou durante a vida toda. A necessidade de intermediar o processo de educação com elementos simbólicos, lúdicos e criativos sempre me norteou. Foi essa sensibilidade que foi me aproximando dos meus alunos e em sequência das instituições”, confessou Milton a respeito de sua trajetória profissional e seu método de trabalho.

 

“Milton é um educador completo: domina profundamente a teoria e a técnica; extrapola a sala de aula com seus ensinamentos, propondo frequentemente trabalhos multidisciplinares em articulação com professores de outras disciplinas; e enxerga o estudante como indivíduo, como um ser histórico, social, político, o que lhe permite provocar o interesse e a reflexão sobre a realidade de seus educandos”, elogiou Ana Lúcia.

 

Educação

 

Em seu discurso, Ana Lúcia refletiu sobre a violência na escola, apontando que este é o reflexo do contexto social, econômico, cultural de nossa sociedade individualista, opressora e excludente. Ao destacar a realidade de penúria das escolas públicas, a deputada afirmou que o Estado nega as políticas públicas que estão no entorno da escola e desvaloriza o professor enquanto profissional. “O modelo de escola que predomina é autoritário e não conhece a realidade de seus estudantes e de suas famílias. Seu projeto pedagógico não consegue dar conta da complexidade da sociedade multicultural e marcada pela divisão de classe. Sem o investimento na escola pública enquanto política estratégica, a escola cria as condições favoráveis para a reprodução da violência que a sociedade vivencia”.

 

Milton Coelho destacou que o mundo está marcado profundamente pelo poder econômico, que se sobrepões aos outros valores sociais. “Aquilo que deveria intermediar processos, que deveria facilitar construções, está se distanciando do que seria uma produção harmônica na construção das relações. Uma das coisas que esta preocupando é que negociações que foram feitas no início deste século começaram a ser desmontadas. A reforma trabalhista que foi construída recentemente desmonta conquistas que foram feitas há muitos anos”, lamentou o educador.

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Como alternativa, Ana Lúcia apontou que a escola precisa ser um espaço formação integral do indivíduo, que efetivamente cumpra seu papel de socialização dos bens culturais e de todas as expressões artísticas, do esporte, da formação científica e de humanização da sociedade. “A escola precisa ser vista como espaço de formação para a cidadania, de estímulo a valores como respeito e tolerância, de superação dos preconceitos de qualquer espécie. A escola precisa ser para os educandos o espaço privilegiado de reflexão e crítica acerca da própria realidade, para que estes possam incidir nesta realidade com o objetivo de transformá-la, com vistas à superação das desigualdades sociais”, sugeriu.

 

Neste sentido, o professor Carlos Christian fez um apelo aos parlamentarem em defesa da educação pública. “Solicito aos senhores parlamentares, representantes da sociedade sergipana, que façam o possível para melhorar a situação atual da qualidade da educação em nosso Estado, quer seja em segurança, combatendo a violência, como também proporcionando condições dignas para a rede pública de ensino”, conclamou.

 

 

Por Ascom Parlamentar

Foto: César de Oliveira

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