A presidente da AMO (Associação dos Amigos da Oncologia), Conceição Balbino, foi uma das expositoras no amplo debate sobre o câncer de mama na Assembleia Legislativa, promovido pela deputada estadual Goretti Reis (PMDB). Na oportunidade, ela revelou um dado extremamente preocupante: em 2016, 50% das pacientes diagnosticadas com o câncer de mama, já estavam em um quadro avançado da doença. “Não adianta ter medicamentos de ponta, se não temos condições de atender o básico”, relata.
Ao fazer seu relato no evento, Conceição disse que “a AMO tem 20 anos de história e a 20 anos que a gente vê essa realidade. Infelizmente as pessoas são diagnosticadas tardiamente. Muitas coisas avançaram no SUS, mas o diagnóstico precoce ainda é um problema. Para se ter uma ideia 50% das mulheres diagnosticadas em 2016 estavam com estágio avançado e 30% delas já apresentavam metástase, ou seja, o câncer já não estava localizado na mama, mas espalhado. E isso é grave!”.
Em seguida, a presidente da AMO explicou que a Organização Mundial de Saúde já liberou medicações para o tratamento, que existe a lei, mas que faltam recursos. “Não podemos só pensar em teorias inovadoras e esquecer das básicas. Estamos há três meses distribuindo medicamentos básicos que faltam na rede. Em dois anos minha avaliação é que há um avanço do ponto de vista que a sociedade consegue discutir, que esse tipo de evento, de debate é fundamental. Agora não adianta ter medicamentos de ponta se não atendemos o básico”.
Sobre o Hospital do Câncer, Conceição Balbino se posicionou favorável, mas enfatizou que é preciso pensar no “hoje”. “Toda oferta que venha atender no futuro é bem vinda. Seja o Hospital do Câncer ou o Centro de Oncologia do Hospital Universitário. É mias oferta e mais qualidade de vida para os pacientes. Agora a nossa preocupação, enquanto ONG, é atender o paciente de hoje, é lutar para que a radioterapia e a quimioterapia sejam continuadas”.
“Eu preciso ter a porta aberta para essas pessoas. Que no futuro elas sejas testemunhas da vitória do Hospital do Câncer, e não apenas mais uma estatística. Nossa luta hoje é para que os hospitais funcionem bem, que a máquina não quebre tanto. A radioterapia parou e os pacientes tiveram que retornar. Essa descontinuidade no tratamento fragiliza ainda mais. Depois que esses serviços estiverem funcionando efetivamente, aí a gente pode pensar no futuro”, completou a presidente da AMO.
Por Agência de Notícias Alese
Foto: César de Oliveira