No Brasil, o preconceito às populações de travestis e transexuais é enorme em relação aos direitos humanos, a proteção de sua dignidade, bem como nas diversas esferas da sociedade civil e do Estado. Pensando nisso, em respeito a essas comunidades, Aracaju será palco da III Semana da Visibilidade Trans, que este ano trás o tema ” Mídia e Representação”, em comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado dia 29 de Janeiro, data marco da luta pela cidadania e respeito à população trans. O evento, acontecerá de 29 de janeiro a 01 de fevereiro, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), OAB/SE, Unidas e Amosertrans, promovendo uma série de ações durante toda a semana, com a finalidade de despertar a reflexão, orientação e a consciência acerca de qual o papel da mídia e comunicação sobre a população LGBT, bem como políticas públicas. Além das atividades da III Semana, as entidades Astra e Adones irão desenvolver atividades específicas em alusão a data. As inscrições para a III Semana da Visibilidade Trans de Aracaju: Mídia e Representação é gratuita e poderão ser realizadas através do portal da UFS (sigaa).
Em entrevista realizada pela TV Alese e Agência de Notícias na manhã desta terça- feira (10), a trans, professora e assistente social, Adriana Lohana, falou das dificuldades e dos problemas enfrentados pelo grupo.
De acordo com Adriana Lohana, as pessoas trans são marginalizadas pela sociedade. Segundo ela, foi no dia 29 de janeiro de 2004, data marco na história da população LGBT, em virtude da primeira Campanha intitulada “Travesti e Respeito”, realizada Ministério da Saúde, que se começou a pensar sobre essa população . ” Nossa realidade começou a mudar, mas ainda há muito o que se fazer”, disse.
Em seu depoimento, Adriana disse ainda que a primeira Campanha do Ministério da Saúde contou com a protagonista sergipana, Tatiane Araújo, presidente da Astra LGBT e Rede Trans. “O dia 29 possibilita um pensar e repensar sobre as questões de visibilidade Trans, além de mostrar a sociedade que somos mulheres, temos sentimentos, merecemos respeito, dignidade e direitos. Não a atribuição da rua e da noite”, salientou.
Uma das principais lutas Trans é o senso demográfico IBGE dessa população, avaliou Adriana. Para ela, é uma das grandes provas da invisibilidade LGBT e falta interesse politico para a realização do mesmo, bem como a promoção da despatologização das identidades trans, aprovação da Lei Brasileira de Identidade de Gênero, entre outros. “Nós não existimos no Estado Democrático de Direito do Brasil. O país quando faz o senso, pergunta se você é homem ou mulher, não existe a opção gay e homosexual”, frisou acrescentando que a necessidade de saber quanto somos é urgente e por isso é importante a realização desse senso com opção de identidade de gênero, bem com orientação sexual”.
Adriana explicou ainda que no último senso realizado foi possível saber quantos casais homoafetivos têm no país. Contudo, afirmou dizendo que não é suficiente. “O IBGE têm que perguntar qual o seu nome, qual o sexo biológico, qual identidade de gênero e qual a orientação sexual”, finalizou.
HISTÓRIA – O ano de 2004 foi um marco para o movimento de travestis e transexuais no Brasil: em parceria com o Ministério da Saúde, as travestis criaram a primeira campanha nacional voltada para esse público. A partir de então, o dia 29 de janeiro passou a ser reconhecido pela população LGBT como o (então) dia da Visibilidade das Travestis. Em 2004, a primeira campanha centrou-se no reforço a atitudes de respeito e de inclusão social para esse segmento da população.
Por Agência de Notícias Alese
Foto: Jadilson Simões