A deputada Linda Brasil (Psol) subiu à Tribuna, nesta quinta-feira (25), para falar sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Nº45, conhecida como PEC das Drogas. O texto torna crime o porte de qualquer quantidade de drogas, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) discute o assunto para estabelecer quantidade mínima para diferenciar usuário e traficante.
A parlamentar citou diversos dados publicados por organizações, a exemplo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que diz que 80 milhões de pessoas morrem no mundo por tabaco, sendo 443 pessoas mortas diariamente no Brasil. Além disso, a nicotina tem resposta de vício de 90% dos usuários, enquanto a maconha corresponde a 9%. Ela ainda acrescentou que, em 2021, de acordo com o Datasus do Ministério da Saúde, foram registrados 69 mil mortes e 335 mil internações associadas ao álcool no país.
“Essa PEC é uma tentativa de criminalizar mais ainda o uso e confundir o que é usuário e traficante e a gente sabe as consequências: a superlotação do sistema prisional que já é deficitário em nosso país”, afirmou.
A deputada falou que esta discussão não deve ser ligada à segurança pública, mas sim à saúde. Linda Brasil explicou que muitas pessoas precisam de ajuda, além do uso medicinal da planta para tratamento de diversas doenças e condições.
“Esse é um tema que atravessa diversos outros, como o uso da Cannabis Medicinal por pessoas que sofrem com epilepsia, dores crônicas, autismo, entre outros. Além disso, no Brasil, discutir a legalização da maconha é pautar também o combate ao racismo, já que a juventude negra, atravessada pela desigualdade social e econômica, é exterminada na chamada guerra às drogas”, disse.
Ela afirmou que esse sistema fortalece o crime organizado e as grandes empresas armamentistas. As declarações ocorreram durante o grande expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa de Sergipe.
Pobreza e extrema pobreza no estado
Linda Brasil comentou, ainda durante o grande expediente, sobre dados que colocam Sergipe como o 10° estado em taxa da pobreza, com 44,1% da população, de acordo com o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), com coleta de informações do Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referentes a 2023.
A pobreza é caracteriza pela remuneração até R$ 664,02, enquanto a extrema pobreza tem como renda R$ 280,42. Ela falou que o Programa Prato do Povo não resolve o problema por não oferecer possibilidade de aumentar a renda com ensino e empregabilidade.
“Essa taxa é muito grande e diz muito sobre as prioridades do Governo Estadual em relação a festas, grandes obras, em detrimento de geração de emprego e renda e, principalmente, combate à fome. O Programa Prato do Povo é uma verdadeira humilhação ao povo, um governo de pão e circo que dá o básico para não passar fome, mas não dá a condição das pessoas se desenvolverem e ter uma melhor qualidade de vida”, acrescentou.
A parlamentar disse que o Prato do Povo funciona em 11 cidades com 4,2 mil refeições diárias, enquanto a realidade é que Sergipe tem mais de um milhão de pessoas em situação de insegurança alimentar, de acordo com dados do segundo inquérito nacional sobre insegurança alimentar no contexto da pandemia.
O líder do Governo na Casa, deputado Cristiano Cavalcante (União Brasil), em aparte, declarou que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pobreza e extrema pobreza tem caído no estado. Ele afirmou que, em um ano, houve queda de 10,1%, e q que este valor é acima da média.
“Essa queda está acontecendo e um dos pontos que está fazendo essa queda acontecer é os programas sociais a exemplo do Prato do Povo, que está em pleno funcionamento não em 11 municípios, mas em 21 municípios”, disse.
Fotos: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese