Com o objetivo de defender a saúde mental e resguardar os avanços trazidos pela reforma psiquiátrica no país e a necessidade de consolidar o modelo atual de tratamento de pacientes com transtornos mentais em substituição ao modelo asilar, foi a proposta da deputada estadual, Ana Lúcia (PT), de abrir a discussão por meio de palestra proferida na manhã desta quinta-feira (25), no grande expediente da sessão plenária, na Assembleia Legislativa de Sergipe.
A palestra, proferida por representantes do movimento LOUCOmotiva Sergipe, a assistente social do CAPS de Boquim e conselheira do CRESS/SE, Diléa Lucas de Carvalho, e o usuário do CAPS , membro da Associação de Usuários de Saúde Mental de Sergipe (AUSMES) Everton da Costa Tavares, contou com a presença de parlamentares, militantes do movimento antimanicomial, pacientes, familiares e trabalhadores da área, lotando as galerias do plenário da casa.
De acordo com a deputada Ana Lúcia, em Sergipe está começando um movimento contra a política de manicômio, por entender a necessidade de convivência social, por meio de inclusão social, através do trabalho que é realizado pelos CAPS. “Hoje estamos abrindo esse debate, porque existe um sério risco no Ministério da Saúde de voltar uma política de manicômio, uma vez que o último diretor dessa área, é o Coordenador Nacional em Saúde Mental, o psiquiatra Valencios Wurch”, ressaltou a deputada Ana Lúcia.
Segundo Diléa Lucas de Carvalho, assistente social do CAPS de Boquim e conselheira do CRESS/SE, ao ser questionada sobre a decisão da Prefeitura Municipal de Aracaju de privatizar o CAPS David Capistrano, localizado no bairro Atalaia, em Aracaju, entregando a gestão a uma Organização Não-Governamental, Luz do Sol, afirma ser um retrocesso na luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica implantada no país a partir da Lei 10.216/2001, que instituiu os cuidados psicossociais aos pacientes e não mais o isolamento e a internação. Diléia explicou dizendo que, “essa atitude representa uma ameaça a todos os avanços da reforma psiquiatra, a defesa dos diretos humanos e os princípios de liberdade, previsto em nossa constituição brasileira. o CAPS atende a quase 600 adultos com transtornos mentais graves, a exemplo de esquizofrenia, depressão profunda e transtorno bipolar acentuado”, concluiu.
Para Joana Gama, assistente social do CAPS David Capistrano Filho e militante do movimento LOUCOmotiva Sergipe, “ trazer o debate para a Assembleia Legislativa de Sergipe é fundamental, pois possibilita discutir saúde mental como um todo”, afirmou dizendo que “o movimento tem o objetivo de evitar a privatização desse serviço em saúde mental”, finalizou.
Por Luciana Botto – Agência de Notícias Alese
Foto: Adriana Lima