Por Aldaci de Souza
A TV Alese exibe desde o dia 3 de setembro, o programa Religiões – Uma Temporada de Fé. O objetivo é abordar as diversas religiões, a Fé e a Ciência. São cinco episódios construídos com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério Público Estadual, da Universidade Federal de Sergipe e da Ordem dos Advogados do Brasil. A realização é do Núcleo de Documentários e Reportagens Especiais da TV Alese.
O Brasil é um estado laico e a Constituição Federal garante a liberdade religiosa. De acordo com dados do IBGE, 86,8% dos brasileiros são cristãos, 64,6% são católicos, 22,2% evangélicos, 2% são espíritas e 8% não religiosos. Entre as religiões de matrizes africanas, o Candomblé e a Umbanda são as mais procuradas.
A ideia nasceu com a realização do Fórum de Religiões de Matriz Africanas e através de audiência sobre o assunto no Ministério Público Estadual. Foi realizada pesquisa para elaboração dos programas. No primeiro foi destacado o tema: Religião, Ciência e Fé.
A produção é da jornalista Bette Cerqueira, textos do jornalista Eduardo Almeida e apresentação do jornalista e radialista Acival Gomes. As imagens são dos repórteres-cinematográficos Allan Magalhães e Fernando Dimas; arte de Wadson Rodrigues, editor de imagens André Mendonça e motorista Jairo Santos.
O segundo episódio enfatiza A Sacralidade e as Consagrações Populares nas Religiões, o terceiro ressalta A Morte e a Imortalidade nas Religiões; o quarto episódio mostra A identidade de Gênero nas Religiões e o quinto, Direitos Humanos e Religião. Todos têm duração de 30 minutos.
Fé, Religião e Ciência
O primeiro episódio da temporada destacou que a fé é uma crença inquestionável, ou seja, nunca precisa de provas materiais; religião é metafísica e vai além do que se pode ver e tocar, buscando relacionar a humanidade ao mundo espiritual; Ciência é observação, experimentação e produção de teorias. O professor da Universidade Federal de Sergipe, Joe Marçal Santos explicou que a Ciência busca responder o que são os fenômenos naturais e sociais e não como se lida com eles. “A vocação historicamente da religião é ajudar seres humanos, as comunidades que necessitam de orientação quanto ao que se faz com a vida como ela é, com a dimensão de valores e crenças”, disse.
“A igreja católica ensina utilizar a Ciência para entender os fatos e Deus se faz presente em todas as criaturas; a Ciência é um instrumento da razão humana, tentando procurar entender os fatos da criação, a história biológica da vida; não se pode dogmatizar”, ressaltou o padre Isaías Nascimento lembrando que a fé é um sentimento pessoal e que no DNA de cada um está Deus.
Segundo o pastor Jabes Filho, “a Teologia não é a Ciência de Deus, mas um diálogo sobre experiências de vida que não se colocam em testes. Fé e Ciência não devem entrar em atrito”. Para a promotora de justiça, Euza Missano, que segue a doutrina espírita, o que se tenta proclamar no interior do coração é o sentimento verdadeiro de fé raciocinável. “Passamos durante anos de processos evolutivos, acreditando que muitas vezes a fé estava envolta à mistérios, dogmas e a Ciência trabalhando a questão material. Mas, fé e Ciência são altamente conciliáveis; ninguém evolui e constrói casa sob o alicerce do outro”, entende.
O babalorixá Júnior (do Candomblé) acredita que “a fé no sentido religioso está dentro da comprovação nas experiências, algo para além do comprovável pela Ciência que se baseia em métodos, muitos vezes superados; mas no universo das experiências, o que é verdadeiro sempre será”.
Pai Ruan de Ogun (da Umbanda) ressaltou que fé e Ciência andam juntas. “Temos hospital espiritual, mas recomendamos às pessoas que procurem um médico, para que haja um tratamento conjunto, pois nosso corpo é feito de matéria e de espírito”, observa.
Mãe Ciza (da religião Nagô) também não separa Fé e Ciência. “Temos o exemplo da vacina; se ela vai salvar vidas, a gente pede licença ao orixá e toma; é bobagem separar a Fé da Ciência”, acredita.
O primeiro episódio contou com entrevista do físico e astrônomo Marcelo Gleizer. Ele entende que o papel da Ciência é tentar explicar o desconhecido com o conhecer. Para o pesquisador brasileiro, a Ciência não mata Deus. “Quando falo isso é no sentido que a missão da Ciência não tem nada a ver com a missão da fé. A Ciência desvenda os mistérios do mundo natural e isso não tem nada a ver com acreditar ou não em Deus”, enfatiza.
O segundo episódio da temporada de fé foi sobre A Sacralidade e as Consagrações Populares nas Religiões, destacando as orações. as procissões, o sagrado e consagrado pelas tradições religiosas dos sergipanos. O terceiro foi exibido no dia 19 de setembro com o tema: A Morte e a Imortalidade nas Religiões.
O quarto episódio, que vai ao ar nesta sexta-feira, em 24 de setembro, debate o tema: A Identidade de Gênero na Religião e o quinto, será exibido dia 1º de outubro às 19h, destacará o tema: Direitos Humanos e Religiões.
Foto: Divulgação Portal Cultura