O Dia de Luta das Pessoas com Deficiência Física (21/09), foi lembrado na manhã desta quinta-feira, com a realização de uma audiência pública no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). A iniciativa foi da deputada Goretti Reis (PMDB), presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres. Na oportunidade, a superação de limites e o apoio às famílias foram destacadas pelos palestrantes Ângelo Alves Neto e Alynne França Oliveira. Cerca de 25% da população sergipana possui algum tipo de deficiência, segundo dados de 2010.
O presidente da Confederação Brasileira de Vôlei para Deficientes, Ângelo Alves Neto, bacharel em Ciências Contábeis, bacharel em Direito, especialista em auditoria, perito judicial e escrivão de polícia, falou de superações.
“Quero inicialmente falar da minha superação. Eu fui acometido pelo vírus da pólio aos dois anos de idade e só consegui ir para a escola aos 8 anos, mesmo assim, a minha mãe me deixava na sala de aula e depois me pegava. À época, não existia escola especializada e nem com acessibilidade e a minha luta começou bem cedo e mesmo assim a minha mãe não desistiu. Fui à escola mais tarde,mas mesmo assim consegui me formar em Ciências Contábeis, passei no concurso público de escrivão de polícia e em seguida me formei em direito. Tive vários obstáculos e consegui superar”, relata.
Quanto ao esporte, ele lembrou a atuação em São Paulo com o voleibol paralímpico. “Falando do esporte, até o ano passado eu joguei em São Paulo no Centro Integrado de Esportes Paratleta. O voleibol paralímpico é novo, mas já conseguiu alcançar o topo da classe. No ano passado, o Brasil no masculino ficou em quarto lugar e o feminino subiu ao pódio, com medalha de bronze”, comemora.
Ângelo Alves finalizou destacando que “mesmo sem o apoio necessário, os paratletas de Sergipe podem muito mais, assim como acontece no país em que o esporte paralímpico está entre os dez primeiros colocados do mundo. A gente se supera à cada dia, seja no esporte ou na vida pessoal. Sempre que amanhece é uma nova batalha a ser vencida”.
Apoio às famílias
A coordenadora da Rede Estadual de Cuidados às pessoas com Deficiência, Alynne França Oliveira, mostrou o atendimento oferecido pelo Estado e lembrou a importância do apoio às famílias que tem pessoas com deficiência. Ela tem filhos gêmeos, um deles com Síndrome de Down.
“Uma das questões em saúde é a forma como se acolhe uma família, aonde nasce uma criança com deficiência. Sou mãe de g com seis anos e um deles tem síndrome de Down e eu não fui bem acolhida na época. Recebi a notícia como se fosse um bicho. Há uma quebra da expectativa, não é aquele filho desejado, idealizado e a família não encontra apoio e ai vem a angústia, medo e insegurança. A deficiência não é uma doença”, alerta lamentando que ainda haja preconceitos.
Ela também informou que em Sergipe, está em fase de construção na região de Lagarto, um Centro Especializado em Habilitação que vai atender as deficiências física, intelectual e auditiva, assim como em Propriá.
E que existem projetos para a construção de Centros especializados em habilitação física e intelectual em Nossa Senhora do Socorro, Itabaiana e Estãncia.
Quebrando paradigmas
A deputada Goretti Reis destacou a importância da audiência no sentido de ajudar a quebrar paradigmas. “A gente precisa cada vez mais chegar ás comunidades, às pessoas para que possamos efetivamente mudar algumas dessas posturas em relação ao tratamento, além de quebrar paradigmas dentro dessa área. Precisamos saber quais as dificuldades para que a gente possa avançar nas melhorias das políticas públicas”, resssalta.
Participaram da audiência, representantes da prefeitura de Aracaju, dos Conselhos Tutelares de Lagarto e Tobias Barreto, pessoas com deficiência, além dos deputados Georgeo Passos (PTC), Moritos Matos (PROS), Ana Lúcia Vieira (PT) e Jairo de Glória (PRB).
Por Agência de Notícias Alese – #redealese
Fotos: Jadilson Simões