Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), foi palco de debates sobre a situação das comunidades indígenas em Sergipe e no Brasil na manhã dessa quinta-feira (28). A tribuna da Casa Legislativa foi ocupada pelo Cacique Bah do povo Xokó e por Ugo Maia Andrade, doutor e Mestre em Antropologia pela Universidade de São Paulo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe.
A iniciativa partiu da deputada estadual Ana Lúcia, por meio de requerimento 325/2016 que foi aprovado pela Mesa Diretora da Casa Legislativa e foi prestigiada pelos deputados.
Em seu discurso, o doutor Ugo que dedica-se à pesquisa em etnologia indígena no médio e baixo Rio São Francisco e no baixo Rio Oiapoque, localizado na fonteira do Brasil com a Guiana Francesa, e ainda trabalha temas como xamanismo, ritual, redes de relações sociais e cosmologia explicou que a finalidade evento é de criar interface com a sociedade sobre a situação das comunidades indígenas em Sergipe e no Brasil. “O meu propósito é oferecer informações atuais sobre a temática indígena, principalmente no que diz respeito à legislação, e trazê-las para os parlamentares”, afirmou.
Já o cacique Bah relembrou a origem do povo Xokó e a luta pelo território que os ancestrais perderam com a ocupação de fazendeiros que se diziam dono. “Perdemos muito da nossa cultura, inclusive da língua. Fomos ditados a falar da forma como eles falavam para nos comunicar, principalmente, os Índios da Região Nordeste que sofreram grande influência por causa da mistura”, contou.
Atualmente são pouco mais de 115 família que vivem na aldeia indígena localizada na Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, cerca de 430 pessoas. Segundo o cacique, uma luta diária para manter a união, as tradições e cultura, inclusive da juventude, porque a tecnologia tem interferido nessas questões. “Para manter a cultura viva é bastante complicado, quando falo da juventude é porque eles não tem um passado de tradições, mas é um desafio que temos mantido”, frisou.
A deputada Ana Lúcia, afirma que os índios, irmãos nativos foram muito oprimidos e explorados ao longo da história do país. Ainda hoje os indígenas sofrem inúmeras violências, perseguições e assassinatos, sobretudo devido às disputas de terra. “Além de serem exterminados, os indígenas têm frequentemente suas terras invadidas e sua cultura dizimada”, lamentou.
Demarcação das terra
Um dos aspectos que será debatido durante a palestra é a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 215/2000, que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas. “Este projeto é um retrocesso e representa uma grave ameaça aos direitos indígenas e todos os povos tradicionais”, avalia Ana Lúcia, que é coordenadora da Frente Parlamentar de Meio Ambiente, Comunidades Tradicionais e Segurança Alimentar da Alese. A proposta foi aprovada na Comissão Especial da Demarcação de Terras Indígenas, da Câmara Federal e ainda deverá ser votada pelo plenário da Câmara Federal. Se for aprovada, segue para votação pelo Senado Federal.
Por Glice Rosa – Agência Alese de Notícias