De autoria do deputado Georgeo Passos (Cidadania), foi realizada na tarde desta terça-feira (26), no plenário da Assembleia Legislativa do estado de Sergipe (Alese), uma Sessão Especial voltada para o Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado em 21 de março, com o tema: “Chega de Rótulos e Abaixo o capacitismo”.
Segundo o parlamentar, é a quinta vez que realiza uma Sessão Especial sobre o tema, em parceria com o ex-vereador Lucas Aribé. “Essa é a oportunidade de a gente fazer um debate aprofundado para que a sociedade entenda que essas pessoas com síndrome de Down podem contribuir no coletivo. A gente sempre escuta muito que chega de rótulos e a gente quer avançar no tema, pois são pessoas que realmente têm condições de nos ajudar enquanto sociedade e por isso fazemos questão de realizar todos os anos essa Sessão Especial aqui na Assembleia Legislativa”, destaca.
Para Lucas Aribé, a parceria formada há aguns anos com o deputado Georgeo Passos, tem o objetivo de trazer para o povo sergipano, a oportunidade de debater a temática da pessoa com síndrome de Down. “Essa é muito mais do que uma data; é um momento para chamar a atenção do poder público, da sociedade civil, do setor empresarial e de toda a população de que as pessoas com síndrome de Down precisam e merecem oportunidades. A gente não pode mais continuar na era da exclusão; precisa excluir a palavra exclusão por oportunidades . É o clamor desses jovens e daqueles que acreditam em um mundo cada vez mais inclusivo e mais respeitoso”, entende.
A presidente da Associação Sergipana dos Cidadãos com Síndrome de Down (Cidown), Sueli Magalhães Moura Rodrigues disse ser necessário e importante a realização de debates a exemplo do que vem sendo promovido pelo deputado Georgeo Passos.
“Essa fala aqui hoje é necessária e importante porque a sociedade rotula as pessoas com Síndrome de Down, com deficiência Intelectual, como eternos anjos, eternas crianças, como se não fossem capazes e quando mostram que são capazes, ficam dizendo ser uma superação. Não, eles não superaram, eles são pessoas como qualquer outras, que bastam ter oportunidades. Esse é um momento em que o deputado Georgeo Passos nos brinda todos os anos para que a gente possa trazer os nossos jovens e mostrar para a sociedade que eles estão crescendo e precisam ter uma profissão, trabalhar, namorar, casar e fazer tudo que qualquer outro jovem ou adulto faz. E não ficar em casa sendo tratados de uma forma infantilizada”, observa alertando sobre a importância da inclusão.
A presidente da Federação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais em Sergipe, Mônica Carmélia Marinho de Souza agradeceu pela oportunidade do debate no plenário da Alese.
“Hoje é uma data de celebração das vitórias que nós conseguimos, mas estamos aqui para falar um pouco sobre as dificuldades e as lutas que as Apaes encontram para promover a inclusão das Pessoas com Deficiência de forma geral. Síndrome de Down não é deficiência, é uma condição congênita. Na Apae de Aracaju temos tão somente 29 pessoas com Síndrome de Down, na Barra dos Coqueiros, duas, em Itabaiana 12, em Lagarto 14, em Neópolis, duas; em Nossa Senhora do Socorro, 11. Onde estão as pessoas com Síndrome de Down; estão segregadas e colcadas à margem, fora de onde deveriam estar, que é onde quiserem. Segundo o IBGE de 2010, nós temos uma população 45 milhões 606 mil e 48 Pessoas Com Deficiência, mas esqueceram de catalogar as pessoas que têm Down. Temos uma lei de autoria do deputado Georgeo Passos que obriga as maternidades a informar as crianças que nascem com Down, mas a lei não saiu do papel. Temos uma outra lei que seja realizado o eletrocardiograma nos recém-nascidos com síndrome de Down e outra que institui o Programa Estadual de Orientação sobre a síndrome. São muitas leis que precisam ser implementadas e cabe à cada um de nós lutar para que os direitos sejam respeitado”, ressalta.
O jornalista Saulo Coelho destacou o projeto de fotografia que vem desenvolvendo com meninos e meninas com Síndrome de Down, intitulado Incluzoom.
“A importância de comemorar essas datas é mostrar na prática o que está sendo feito; a competência, a qualidade técnica, a sensibilidade do olhar desses alunos e alunas do Incluzoom. Esse é o primeiro desdobramento de um projeto chamado Galera do Click, que teve início em 2013 em São Paulo com a fotógrafa Sandra Reis, que tem um filho com síndrome de Down e hoje é um fotógrafo profissional. Ela veio para Aracaju em 2018 e durante as oficinas na Universidade Tiradentes, ela me disse que seria eu o professor dessa galera aqui. Começamos as atividades em 2019 com a ajuda de várias organizações, como Lumiar, Cidown e Yazige. Hoje temos 22 alunos e alunas que mostram seu trabalho à cada ano. Estamos realizando no Shopping Riomar, a terceira exposição na programação do aniversário de Aracaju. Na primeira homenageamos os monumentos e pontos turísticos da cidade; na segunda, personagens históricos e esse ano, a rica culinária da nossa cidade, com a exposição Aracaju, Cores e Sabores”, relata.
A jovem Flávia Guadalupe, que nasceu com síndrome de Down, é uma das alunas do curso de fotografia.
“Eu amo o curso e meus colegas. Sou autodefensora da Região Nordeste, por Sergipe, da Federação Brasileira de Associação de Síndrome de Down; tenho o curso incompleto em Serviço Social pela Universidade Tiradentes (Unit), mas o meu sonho é fazer Dança na Universidade Federal de Sergipe (UFS); sou dançarina de dança do ventre, fotógrafa; faço curso de oratória, canto, teclado, iniciação ao teatro e não esqueço das minhas atividades físicas: pilates e academia. Sou católica, tenho fé em Deus, pois sem Deus, não somos nada, gosto de ler, fazer amizade, viajar e também luto pelos direitos como trabalhar, estudar, viajar, morar sozinha e cuidar da minha mãe”, enfatiza.
A Sessão Especial contou ainda com a deputada Linda Brasil (PSOL), que defendeu o destacou a importância do debate em torno do tema e o deputado Luizão Donatrampi (União), que sugeriu à Alese, contratar jovens como Síndrome de Down para trabalhar na Casa Legislativa. Professores, familiares e alunos das instituições, participaram da Sessão Especial nas galerias e no plenário.
A síndrome de Down é também conhecida como trissomia do cromossomo 21. Trata-se de uma alteração genética causada por uma divisão celular atípica durante a divisão embrionária. Para se ter uma ideia, as pessoas com a síndrome, em vez de dois cromossomos no par 21 (o menor cromossomo humano), possuem três.
Durante a gestação, o ultrassom morfológico fetal para avaliar a translucência nucal pode sugerir a presença da síndrome, que só é confirmada pelos exames de amniocentese e amostragem das vilosidades coriônicas. Depois do nascimento, o diagnóstico clínico de síndrome de Down é comprovado pelo exame do cariótipo (estudo dos cromossomos).
Fotos: Joel Luiz/Alese