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Recomeço e importância da vida debatidos no plenário

Por Aldaci de Souza – Rede Alese

“Quando não houver caminho, nem lugar para chegar, é hora de recomeçar, de reaprender na dor, de recuperar a fé”. São verbos contidos em um poema de Bráulio Bessa, lembrados na audiência pública realizada pelo deputado Dr. Samuel Carvalho (Cidadania), na manhã desta sexta-feira, 25, no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe. Com o tema: Basta. Automutilação, depressão e suicídio; o evento destacou a importância de recomeçar, de ouvir; de escutar com os olhos; de ajudar a quem esteja angustiado, depressivo, deprimido e precisando de oportunidades; enfim, a somação de forças para o despertar para o acolhimento.

Integrantes da Mesa fazendo o sinal de basta

Os dados divulgados na audiência pública, mostraram que, quase 800 mil pessoas morrem no mundo anualmente em razão de suicídio; no Brasil, já são 1.173.418 casos de automutilação notificados; o Nordeste é a 3ª maior região do Brasil com casos notificados de automutilação; Sergipe aparece no Datasus como o primeiro estado em número de suicídios por causa exógenas.

Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão em todo o mundo; aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresentam depressão em algum momento da vida; à cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta; o suicídio é a segunda causa de morte no mundo entre jovens de 15 a 29 anos.

MPE

Promotora Liliam: “Ministério Público vem agindo”

A promotora de Justiça e diretora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Adolescência, Lilian Mendes Carvalho alertou que a situação é muito grave. “O Ministério Público já vem fazendo um acompanhamento dessa questão de pessoas envolvidas no contexto de automutilação e suicídio. Esse ano, tivemos um número crescente de relatos envolvendo crianças e adolescentes. A situação é grave e com esses dados de Sergipe, a gente precisa fazer um alerta. Estamos fazendo um trabalho junto com vários parceiros como a rede de saúde e de educação; como o CVV e a Sociedade Sergipana de Psiquiatria”, ressalta.

 

Ela lamentou os números que mostram crianças e adolescentes tirando a própria vida, é um contexto gritante. “O mais grave disso tudo é que a família muitas vezes, as pessoas de uma maneira geral e até mesmo os agentes tanto da educação e saúde, acham que as crianças e adolescentes não têm problemas de depressão, acham que é birra, que é rebeldia e não percebem a situação, Esses dias tivemos mais um caso de um adolescente de 17 anos que tirou a própria vida na presença dos pais”, enfatiza.

Sílvia Neves: “CVV trabalha de domingo a domingo ouvindo as pessoas”

“A gente precisa ficar alerta mesmo, pois Sergipe no Datasus é o 1º estado em número de suicídios por causa exógenas, ou seja, este ano são quase 90 casos, então fora os que a gente não consegue detectar e muitas vezes vê os relatos de sinais como isolamento, tristeza e a família não percebeu. É um assunto de urgência porque o nosso bem maior é a vida”, entende.

Cuidados

A promotora informou que foram realizados dois seminários no Ministério Público, com a rede e com os parceiros para alertar sobre os cuidados.

“Isso porque a gente precisa ter cuidados como agir, como intervir e como divulgar para que as intervenções não possam estimular esse tipo de ação. Contamos com vários palestrantes e desenvolvemos o Projeto Vida tratando dessa temática, pois houve um número considerável de suicídios, considerado o problema como a segunda maior causa de mortes. Por isso é importante esse debate aqui na Assembleia que pode colaborar na construção de acompanhamento das políticas públicas, pois a rede de atenção psicossocial é muito pequena para atender essa demanda”, ressalta.

Valorização da vida

Petruska Passos: “Basta de não amar, não cuidar e não dar limites”

A diretora do Centro de Valorização da Vida (CVV), Silvia Passos agradeceu ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luciano Bispo e ao diretor geral, Roberto Bispo, por terem cedido espaço na Alese para o CVV funcionar.

“Nós do Centro de Valorização da Vida estamos agora abrigados aqui na Assembleia e eu só tenho a agradecer, pois estamos trabalhando diuturnamente para diminuir os números assustadores e agora com uma nova vertente que é a automutilação, com um número imenso (cerca de 20% dos jovens estão se automutilando), número muito alto”, lamenta.

Silvia Passos informou as pessoas podem buscar ajuda pelo número 188, que funciona 24 horas de forma gratuita, de domingo a domingo.

Adriana Carvalho: “problema é antigo e as pessoas querem matar a dor”

“O CVV atende uma média de 140 ligações por dia em Sergipe e no Brasil, 117 postos espalhados com 40 voluntários, atendendo 11 mil ligações. Em Sergipe, atualizados pela Secretaria de Segurança Pública, foram registrados em Aracaju de janeiro até o dia de ontem, 17 casos de suicídio e 89 casos em Sergipe, sendo o município de Nossa Senhora do Socorro, tendo o maior número (seis); Itabaiana (quatro), Lagarto (quatro) e Canindé do São Francisco (quatro)”, informa acrescentando que o problema é um caso de saúde pública e que a informação salva.

Sensações

 

A diretora do CVV enfatizou que a automutilação é um grave transtorno de impulso que consiste no ato de ferir-se ou prejudicar a si mesmo. “É um comportamento desafiador entre pais sem ter necessariamente relação com distúrbio mental, em que a pessoa quer aliviar uma sensação ruim de vazio, angústia, tristeza com ou sem motivo. Os fatores de risco são abuso emocional, físico ou sexual; conflitos familiares, de álcool, tabaco e outras drogas”, explica alertando que os pais devem ficar alertas principalmente ao que os jovens postam nas redes sociais.

Audiência aconteceu no plenário da Alese

A psicóloga e psiquiatra Petruska Passos destacou que a causa de tudo é o desequilíbrio, a falta de afetividade. “Precisamos dar um basta contra o suicídio, a automutilação, o excesso de tecnologia e a depressão. Mas é preciso um basta de não amar, de não cuidar, de ignorar, de dar limites e de não ter tempo para o outro. A campanha é fundamental para iniciar, mas é preciso começar dentro de casa, antes de perder pessoas queridas e amadas em nossas vidas. Amar só se aprende amando”, completa.

A assistente social e esposa do deputado Dr. Samuel, Adriana Carvalho lembrou que o tema é muitas vezes tampado com peneiras. “O mundo está desenvolvido tecnologicamente mas esse tema não; estamos iniciando o que deveria ter feito há muitos anos, para mostrar que a vida é muito importante. É triste saber que não existem projetos do Governo Federal baseado no assunto, mas graças a Deus estamos aqui lutando pela vida de adultos, jovens e crianças que estão passando por esse problema em que a pessoa quer matar a dor”, diz.

O conselheiro tutelar de Nossa Senhora do Socorro, Ricardo dos Santos informou que o conselho faz um trabalho intenso de acolhimento às pessoas que passam por depressão.

Deputados

Samuel Carvalho destaca projeto de sua autoria

O deputado Dr. Samuel Carvalho disse que a ação visa conscientizar a população para os alarmantes números de automutilação e suicídio no estado. “Temos realizado palestras em diversas escolas do nosso estado levando a palavra de conscientização. Infelizmente vários nos procuram para relatar que se automutilam ou que já tentaram se matar. Gostaríamos que esse número fosse menor, mas não é. Por isso estamos reunindo representantes e a sociedade para debater esse tema tão importante, afinal, todos pela vida”, ressalta.

Ele lembrou que tramita na Alese, projeto de lei de sua autoria, que dispõe sobre a notificação compulsória nos casos de violência autoprovocada, incluindo tentativa de automutilação e suicídio. Por meio dessa lei, será possível obter dados oficiais e assim, construir mais políticas públicas direcionadas.

Kitty Lima: “Não percebemos quem precisa de um abraço”

A deputada Kitty Lima falou sobre a importância de debater o tema. “É um assunto que a gente precisa prestar atenção, pois vivemos num mundo muito cruel em que as pessoas passam por você e não percebem quem está precisando de um abraço; de um olhar e sair mais do celular. Precisamos cuidar mais do outro e estarmos unidos nessa luta. Como pode uma criança de cinco anos falando em suicídio? Meu filho tem quatro anos e eu não quero nem imaginar essa situação. Basta! Me coloco a disposição dessa luta e essa Casa precisa se unir, a gente pode fazer a diferença e salvar muita gente”, acredita.

 

Profissionais de várias áreas debateram o tema da audiência

A audiência pública contou com assistentes sociais, psicólogos, conselheiros tutelares, jornalistas, professores, conselheiros tutelares, representantes dos deputados Georgeo Passos e Maria Mendonça e a sociedade de um modo geral.

Fotos: Jadilson Simões

 

 

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