Pela contribuição dada à cultura sergipana, os atores Virgínia Lúcia da Fonseca Menezes e Raimundo Venâncio receberam, na tarde desta segunda-feira, 05, o Título de Cidadania Sergipana. A homenagem, prestada pela Assembleia Legislativa de Sergipe, é resultado de Resolução de autoria da deputada Estadual Ana Lúcia.

“Virgínia Lúcia da Fonseca Menezes e Raimundo Venâncio se dedicaram à construção de iniciativas culturais que aproximassem a população das artes, e que levassem a arte onde o povo está. Ela é autora, diretora teatral, atriz, figurinista, professora de Artes Visuais. Ele, poeta, dramaturgo, produtor cultural e diretor teatral. Ambos são artistas engajados, cujas trajetórias nos mostram que a cultura pode e deve ser instrumento de transformação social”, destacou Ana Lúcia, durante a entrega do Título de Cidadania Sergipana aos atores sergipanos, na tarde desta segunda-feira, 05.

Artistas, gestores e trabalhadores da cultura, além de familiares dos homenageados prestigiaram a outorga do Título, que contou com a apresentação de uma esquete teatral da Companhia de Artes da ALESE, abordando a trajetória e contribuições dos homenageados para a cena cultural sergipana.

Virgínia dedicou o título aos amigos e companheiros que construíram consigo sua trajetória. “Essa homenagem tem uma relevância sem precedentes. Este título eu recebo em nome de todos aqueles que sempre estiveram ao meu lado, meus companheiros, que sabem que fazem parte da minha vida e da minha história. Eu me sinto representante de todos os que estiveram ao meu lado. Essa homenagem não pertence só a mim. Eles saberão e eles sabem que fazem parte da minha história”, dedicou a atriz.

Raimundo Venâncio destacou a importância do reconhecimento da Casa Legislativa a dois artistas e trabalhadores da cultura num Estado que tem a tradição de homenagear apenas doutores, e empresários, juízes e políticos. “Hoje é um dia que me deixa honrado e muito feliz, pois estou convicto de ter feito a escolha certa quando decidi pela profissão de ator. Nada tem mais valor para mim do que a arte”, destacou Venâncio.

Apesar de destacar a grande alegria de receber a homenagem, Virgínia criticou o cenário por qual passa o país, marcado pelo conservadorismo e pelos retrocessos no campo dos direitos e das liberdades individuais. “Quando penso na minha história e de tanta gente brava que sofreu com a ditadura, que foi vítima da tortura, nunca pensei que veria um Replay tão cedo de um temor como esse. Nunca pensei que estaríamos tão cedo enfrentando um não ser, um não saber, um não ter aonde ir”, lamentou.

“Agora vamos ter que desenferrujar as armaduras e cair outra vez em campo de batalha. Vamos ter que passar pelos mesmos lugares. E se passar pelos mesmos lugares por onde passei, estarei aqui, firme, em posição de sentido para ir de novo para a rua, para apanhar outra vez da polícia, tudo pela liberdade, tudo pelo povo: pelos que estão aqui e pelos que virão”, completou a atriz, cuja trajetória é intrínseca aos movimentos sociais.

Após retomar sua trajetória na vida artística, especialmente o período em que integrou o grupo Mambembe/SE, Raimundo também destacou sua atuação política e de uma geração de artistas que se engajaram em lutas sociais. “É por ter participado e construído essa história que hoje gritamos ‘Fora Temer!, Fora Golpistas, fora enganadores do povo’. E não aceitamos de forma alguma, nem legitimamos os golpistas que hoje estão no poder destruindo tudo de afirmativo que foi construído pelos partidos de esquerda desse país”, analisou Raimundo.

A solenidade foi finalizada com uma homenagem da Ação Cultural/Ponto de Cultura Juventude e Cidadania, coordenada pelo professor Zezito. Na ocasião, os aprendizes da Oficina de Dança e da oficina Rap Identidade Cultural realizaram apresentações culturais e os aprendizes da oficina de audiovisual realizaram o registro fotográfico do evento.