11/8/2022
Por Aldaci de Souza/Agência de Notícias Alese
A Escola do Legislativo Deputado João de Seixas Dória, realizou nesta quinta-feira, 11, data em que se comemora o Dia do Estudante, mais uma edição do Projeto Quintas Negras, idealizado pela Biblioteca da Elese, Marcelo Déda. Alunos e professores do Colégio Estadual Valnir Chagas, integrantes da Ocupação João Mulungu e representantes da Universidade Federal de Sergipe, assistiram aos filmes: Ocupa Educação e Nove Águas, além de debaterem o tema: Territorialidade e Corpo.
A abertura do evento foi feita pela diretora da Elese, Isabella Maza, que ressaltou a importância do Projeto Quintas Negras. “Estamos realizando mais um Quintas Negras, um projeto que a gente colocou na grade da Escola do Legislativo, dentre outros. É muito bom ter jovens e crianças participando, aqui nesse lugar que é tão bacana na Casa Legislativa, que faz as leis e espero que vocês possam aproveitar bastante desse momento, que a nossa coordenadora de Cultua, Vera Vilar, faz com tanto carinho e é um projeto de extremamente importante; sejam muito bem vindos à Escola do Legislativo, que está sempre de portas abertas”, afirma.
De acordo com Vera Vilar, a discussão racial é muito importante nos dias atuais. “Essa é uma oportunidade mensal, em que a gente traz temáticas para discutir e se encontrar enquanto negros e negras, crianças para mostrar que não somos escravos, mas pessoas escravizadas”, observa.
A estudante do Mestrado em Antropologia da Universidade Federal de Sergipe, Ana Marinho, informou que a exibição dos faz parte da Mostra Lona Cinema e Território, organizada pelo Movimento de Lutas dos Bairros, Vilas e Favelas, de Belo Horizonte (MG).
“O movimento entrou em contato com os núcleos em outros estados, sugerindo que a gente levasse os filmes para além de Belo Horizonte e através do professor Luiz Gustavo, do Programa de Pós-graduação e Cinema e Antropologia da UFS e em contato com a Vera Vilar, a gente trouxe os filmes até a Escola do Legislativo, visando discutir um pouco mais sobre a questão da territorialidade e corpo”, ressalta.
O professor Luiz Gustavo Pereira Souza Correia, do Programa de Pós-Graduação de Cinema e de Pós-Graduação em Antropologia, afirmou ser fundamental, fazer a mostra de filmes circular.
“A Mostra Lona discute moradia, direito à cidade e a gente procura fazer através disso, essa circulação de conhecimento. São filmes produzidos fora e pelo próprio movimento e aqui no Projeto Quintas Negras da Elese, a gente tem a presença do pessoal da ocupação, que luta por moradia e pelo direito à cidade; então é fundamental mostrar a pauta e a forma como o movimento se organiza. Hoje a gente teve a felicidade de coincidir a data com o Dia do Estudante e a gente espera fazer essa outra circulação entre a juventude”, enfatiza.
Debate
Participaram como debatedoras, Josineide Santana Nascimento – Mestra da Cultura e Arte Popular (UFS), Membro do Movimento Feminino ÁUA ANANÃ, do Projeto Afro Mulher/SE e capoeirista do AIDÊ Brasil/SE e Iza Negratcha – Mãe, Escritora e Rapper. Acadêmica de Direito, ativista na luta das mulheres encarceradas, FNMH2, Frente Sergipana do Desencarceramento.
“O Quintas Negras traz a abordagem ao negro na sociedade, os locais que estão ocupando e os setores de Educação na sociedade, além da mulher negra e de como está sendo tratado esse corpo negro dentro da sociedade. Esse é o maior significado do projeto: a consciência do ser negro. Muita gente ainda não se intitula como negro, apesar de ter a origem sanguínea. Esse espaço na Elese também serve para que as pessoas se identifiquem à essência delas, pois antes eram identificados como negros, os chamados retintos e hoje já temos os negros de cabelos cacheados e lisos e o projeto Quintas Negras aborda esse tema”, afirma a Mestra da Cultura e Arte Popular da UFS, Josineide Santana, conhecida como Josi Aduma.
A escritora Iza Negratcha acrescentou destacou a importância de trazer temas relevantes para debater com jovens. “Isso para a gente trazer à tona os pensamentos da juventude que será o nosso amanhã. Esse debate desenvolvido no Projeto Quintas Negras leva os jovens à reflexão e o entendimento para um futuro melhor sobre os movimentos sociais estudantis e de vários problemas que vêm acontecendo dentro das comunidades e da sociedade, mas que a gente precisa se atentar, a exemplo das violências e como a gente pode fazer para trocar de rumo, quanto às mazelas impostas dentro das comunidades”, ressalta.
Conhecimento
A professora de Matemática (readaptada) da ColégioValnir Chagas, Viviane Primo lembrou que todo conhecimento é válido.
“Quanto mais os estudantes escutam, mais abrangem a mente. Nos dias de hoje, cada informação que chega pra eles, a colheita é mais satisfatória, por isso a importância dos debates realizados durante o desenvolvimento do Projeto Quintas Negras”, entende.
O estudante do 9º Ano, Derick Vinicius Santos falou sobre a oportunidade em participar do Quintas Negras no auditório da Escola do Legislativo.
“Esse projeto é muito bom para que possamos discutir temas importantes sobre a negritude. Tema que deve ser debatido nas escolas, faculdade e em todos os lugares”, complementa o aluno do Colégio Valnir Chagas.
Fotos: Joel Luiz