Milton Alves Júnior | Agência de Notícias Alese
Uma parceria firmada entre a Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB / Seccional Sergipe), e o Instituto Social Ágatha, resultou na realização de uma palestra sobre violência contra as mulheres, tendo como foco central os casos que envolvem agressões obstétricas. Coordenada pela Procuradoria Especial da Mulher (PromuAlese), a atividade ocorreu na tarde desta quinta-feira (25), na sede do Instituto Ágatha, localizada no bairro Aeroporto, zona Sul de Aracaju, onde recebeu mulheres-mães, as quais residem na comunidade.
“Vejam como tem sido múltiplo o nosso trabalho: costumamos realizar debates e palestras em instituições de ensino, em especial naquelas que acolhem crianças e adolescentes; tudo isso com o objetivo de mudar o cenário do futuro. Hoje fizemos diferente; viemos ao Instituto Ágatha, com o apoio da OAB, onde recebemos mulheres, mães, que sofreram algum tipo de violência obstétrica, ou mesmo buscam por informações a fim de compartilhar a proteção de todas”, destacou a coordenadora da PromuAlese, Luana Duarte.
Sobre o encontro denominado: ‘Maternidade sem Trauma’ ter sido realizado em conjunto, a coordenadora destacou a necessidade de multiplicar as parcerias versáteis em busca por soluções cada vez mais rápidas. “Estamos, novamente, tratando de um assunto que demanda urgência. Quanto mais conquistarmos apoiadores compromissados em fortalecer essa luta, melhor. Hoje estamos com a OAB e com o Instituto Ágatha, e tem sido uma troca de experiência incrível. O combate à violência depende de todos nós”, completou Luana Duarte.
Um levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que, pelo menos até a década anterior, cerca de 45% das mulheres afirmam ter sofrido algum tipo de violência obstétrica no SUS e na rede privada, 30%. “Por mais assustador que seja, esses dados são reais e podem ser até mais negativos, preocupantes”, avaliou a advogada e palestrante, Isabella Nascimento. De acordo com a especialista, a violência obstétrica não se resume ao ato envolvendo toque – na grande maioria das ocorrências protagonizadas por homens cisgênero.
“Paralelo ao absurdo do toque, quantas vezes cada uma de nós não já ouvimos relatos de mulheres que, ao chegar em uma maternidade em trabalho de parto ouviram algo do tipo: ‘você é fraca’; ‘se não aguentar as dores é porque é fraca’; ‘você não consegue, não?’. Precisamos discutir estes assuntos e denunciar. Quantas vezes a Alese nos chamar para ampliar estas discussões, nós faremos questão de participar”, disse. Há cinco anos em atuação – completados no dia 26 de fevereiro deste ano sob a Resolução 05/2018 –, atualmente quem assume a pasta é a deputada estadual Maísa Mitidieri (PSD).
Idealizadora do Instituto Social Ágatha, a Assistente Social, Talita Silva, enalteceu a importância em instituições de credibilidade desenvolver atividades de ampla relevância entre os milhares de sergipanos. “Quando soubemos que a Assembleia Legislativa e a OAB mostravam interesse em discutir um assunto como este em nossas dependências, ficamos emocionadas. Convidamos as mulheres e elas compareceram. Super apoiamos essa ideia de unidade; a boa impressão que passa é que os poderes se juntaram pela prevenção e pelo combate contra os mais variados tipos de violência obstétrica”, avaliou.
Fotos: Joel Luiz | Agência de Notícias Alese