Por Aldaci de Souza – Rede Alese
A possibilidade do fechamento do escritório da Petrobras, localizado à rua Acre, em Aracaju, continua repercutindo entre a população, os funcionários e a classe política tanto da bancada federal, quanto da bancada estadual por Sergipe.
O presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, deputado Luciano Bispo (MDB), disse que o fechamento do escritório da Petrobras em Sergipe, é considerado um grande equívoco. “Como é que se diz ao povo sergipano que aqui vai ter a maior exploração de petróleo, uma maior exploração de gás, uma série de coisas que têm a participação efetiva da Petrobras e ao mesmo tempo manda fechar o escritório em Sergipe?”, indaga.
Luciano Bispo soube que os deputados e senadores que estão procurando a presidência da Petrobras para tratar do assunto não estão sendo atendidos. “Isso para discutir principalmente sobre a questão das remoções dos funcionários para outros estados. Recentemente eu falei com três deputados federais e eles me informaram que não estão sendo atendidos pela Petrobras para tratar dessa medida”, lamenta.
O presidente da Alese acrescentou que a Assembleia está discutindo formas de se somar à luta para manter o escritório da Petrobras funcionando em Sergipe. “Precisamos da somação de todos para convencer a estatal a não fazer isso, pelo menos enquanto espera a reestruturação da Petrobras no Brasil e em Sergipe”, entende.
Ato
O deputado Iran Barbosa (PT), destacou o ato realizado pelos trabalhadores semana passada na porta da sede da Petrobras à rua Acre, em Aracaju. “Esse ato foi chamado pelos trabalhadores da Petrobras, mas com ampla adesão e apoio da sociedade e de outros setores sindicais, inclusive tivemos a presença de D. João José, o arcebispo metropolitano de Aracaju, porque as pessoas entendem o significado da Petrobras não apenas para os trabalhadores, mas para a população sergipana, para o Nordeste brasileiro”, afirma demonstrando preocupação.
Reunião colegiada
Ele lembrou ter feito quatro proposições no sentido de contribuir com a luta em prol da manutenção do escritório.
“Pedimos ao presidente da Casa, que articule uma reunião colegiada de todos os parlamentos do Nordeste pra discutir esse tema. Seria uma sessão conjunta das assembleias legislativas do Nordeste, a ser realizada em Brasília. Depois, que pudéssemos elaborar um documento mostrando a nossa posição contrária, as consequências para os estados afetados por essa medida e protocolar um ato público dos parlamentares presentes à sessão em Brasília, protocolando documento no Palácio do Palácio e no Ministério das Minas e Energia, pois não podemos nos calar diante de um ato tão duro”, acredita.
A deputada Maria Mendonça (PSDB) apresentou moção de apelo ao Governo federal e à Presidência da Petrobras visando a permanência do escritório em Aracaju. “É uma situação gravíssima que requer somação de esforços de todos nós para tentar fazer com que a presidência da Petrobras retroceda dessa decisão que já tem inclusive data marcada para o mês de março de 2020”, afirma lembrando que foi aprovado requerimento de sua autoria, convidando o diretor do Sindipetro Sergipe e Alagoas, Bruno César Saraiva Dantas para falar sobre o assunto no plenário da Alese.
Momento difícil
Para o diretor técnico da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário), Esmeraldo Leal, a situação é lamentável.
“No momento que nós estamos vivendo, em que o petróleo ganha cada vez mais força no mundo, o estado de Sergipe com um potencial incrível, com cada vez mais descobertas de estratégias para o mundo, perder a sede da Petrobras, que sempre foi uma referência para o Nordeste, é muito triste. É um prejuízo econômico, pois terá um impacto muito grande; são centenas de profissionais extremamente qualificados que vivem aqui e que podem ter que se deslocar para outros estados para trabalhar. Uma perda muito grande”, enfatiza.
Bancada federal
Em visita à Alese na última segunda-feira, 24, o deputado federal por Sergipe, Bôsco Costa disse ser totalmente contra a decisão da Petrobras.
“A gente sabe que o Brasil está passando por uma situação difícil, administraram mal, mas acredito que a Petrobras é viável e se vier fechar o escritório da Petrobras em Sergipe, é um atraso, um desastre na geração de emprego. O que depender de mim haverá uma somação de toda a bancada federal sergipana, do governador e demais parlamentares, para que a gente possa reivindicar o não fechamento. Estamos de portas abertas, dia e noite para discutir a questão”, anuncia.
De acordo com o deputado federal Laércio Oliveira, trata-se de um problema de todos os sergipanos. “A Petrobras tem a importância reconhecida; é motivo de orgulho pra gente, teve um papel importante no crescimento do nosso estado, trouxe muitos dividendos para a população. Em contrapartida, a Petrobras levou as nossas riquezas e comercializou pelo mundo afora. Acho que não pode simplesmente fechar uma operação porque as nossas riquezas não acabaram”, valoriza.
Pólo de Investimentos
Laércio Oliveira argumentou que a estatal precisa olhar o estado de Sergipe como um pólo de investimentos.
“A Petrobras precisa reconhecer que Sergipe não pode deixar de ser inserido no seu planejamento, de retomada do crescimento porque outras empresas aqui existem. Economizar com base no fechamento da unidade não é o caminho ético porque quando a empresa precisou, o nosso estado esteve de braços abertos e a agora a partir de outra visão, de todos os desmandos e de uma disposição de retomar o desenvolvimento olhando apenas para outros estados, não é justo. Como deputado federal me incomoda, o problema é meu também e espero que os sergipanos, independente das bancadas federal e estadual, se irmanem e cobrem explicações”, orienta.
Senado
A senadora Maria do Carmo Nascimento (DEM), encaminhou documento ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, sugerindo que a empresa tenha um olhar diferenciado para o estado de Sergipe, quando for executar a política de redução de custos, que prevê o fechamento de escritórios administrativos onde há produção de petróleo e gás.
“As reservas de gás natural de Sergipe são a maior fronteira de exploração brasileira desde a descoberta do Pré-Sal, em 2006, e o consórcio liderado pela ExxonMobil, que dividirá a exploração da reserva com a Petrobras, está entusiasmado com a possibilidade de extração de 20 milhões de metros cúbicos de gás por dia e não há motivos para que a Petrobras também não esteja”, opina.
Fotos: Jadilson Simões