“Vossa excelência já começou na política como um ancião com muitas rugas”. Foi dessa maneira que o deputado estadual Francisco Gualberto (PT), vice-presidente da Assembleia Legislativa, reagiu ao ser criticado pelo deputado Rodrigo Valadares (PTB), que em pronunciamento na segunda-feira afirmou que ele (Gualberto) “representava a política velha”. Para o petista, politicamente falando o jovem deputado “foi desleal, falou inverdades e foi desonesto”. “Com essa prática, ele está no período da pedra lascada. De novo, não tem nada. Essa prática não é nova em lugar nenhum”, disse Francisco Gualberto, explicando que para cada ação, existe uma reação, segundo o físico inglês Isaac Newton.
A celeuma teve início porque na segunda-feira, 18, Gualberto havia feito uma breve explicação sobre a laicidade do Estado, que não o obriga a realizar festas religiosas com recursos próprios. Referiu-se a critica de alguns deputados pelo fato de a Prefeitura de Aracaju não ter realizado um show gospel no aniversário da cidade, no dia 17 de março. “O poder público pode ajudar a várias denominações religiosas, justamente porque o Estado é laico, mas não é obrigado”, reafirmou, lembrando que não fez qualquer comentário específico sobre denominações religiosas.
Sentindo-se atingido, por pertencer a uma denominação evangélica, Rodrigo Valadares foi à tribuna da Alese dizer que Gualberto e Zezinho Guimarães (MDB) representavam a política velha por apoiarem Edvaldo Nogueira e Belivaldo Chagas, e que ele, Rodrigo, significa o novo. “Pare de se apresentar aqui como o novo, tentando desmoralizar a história dessa Casa. Não somos os donos da história do parlamento sergipano. Somos parte, porque antes de nós outros parlamentares importantes passaram por aqui construindo esta história”, respondeu Gualberto.
Para Francisco Gualberto, o deputado Valadares precisa compreender o que é projeto político. “Uma coisa é fazer qualquer intervenção em rede social, ter meia dúzia de votos e ser eleito. Outra coisa é compreender o que é um projeto político. Quem defende um projeto político com convicção, estará com o seu grupo em qualquer instância”, frisou. “Por isso digo que na política ele é um ancião, mas tem tempo de se recuperar porque em termos de idade é jovem, é inteligente. Só não pode confundir o que é velho e o que é novo. Muitas vezes o cérebro humano envelhece pelo caldo cultural no qual vive”, disse Gualberto.
Para provar que Rodrigo Valadares não representa nada novo na política, Gualberto contou que o jovem de direita militou contra todos os projetos sociais de Lula e Dilma, comemorou nas redes sociais a prisão de Lula, é contra todos os avanços sociais do país, e mesmo assim aceitou o apoio de integrantes do PT em sua campanha eleitoral. “Se fosse novo na política ou da política nova não aceitaria o apoio de representantes de meu partido, o PT, em sua eleição. Dizia claramente: ‘vocês são de um projeto e eu sou de outro’. Mas ele não fez isso”, revelou Gualberto. “Mas essa política que se apresenta em Sergipe e no Brasil dizendo que é nova, é nuvem passageira. Não passa desse período. É porque a sociedade às vezes cochila, mas muitas vezes acorda pensando melhor e vendo melhor o que está ao seu redor”.
Ainda sobre a questão do Estado laico, Francisco Gualberto disse que as pessoas precisam compreender melhor os fatos.
“Muita gente fica fofocando em redes sociais e não estuda. O Estado e a igreja atuaram junto no mundo até a Idade Média. A partir dali a humanidade chegou à conclusão que o estado e a religião deveriam se dissociar. E foi daí que surgiram países com constituições como a nossa, garantindo a laicidade. Abraçam o catolicismo, os evangélicos, os umbandistas, os ateus, os espíritas, e qualquer outra manifestação de fé ou de cultura religiosa. É isso que é Estado laico”, explicou. “Portanto, tentar passar a ideia de que fiquei contra os evangélicos é deslealdade, e a deslealdade acompanha o início da humanidade, por isso que digo que politicamente Rodrigo Valadares é um ancião. E muitas vezes o ancião precisa saber respeitar seus limites, tem que entender que não pode subir a ladeira correndo”, finalizou Gualberto.
Por Assessoria Parlamentar
Foto: Jadilson Simões