Por Assessoria Parlamentar
Pela primeira vez em sua história, a tribuna da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) foi ocupada por uma mulher trans na condição de deputada estadual. Nesta terça-feira, 7, a deputada Linda Brasil (Psol), mais uma vez, quebrou barreiras. Em um discurso emocionante, a parlamentar, que foi eleita com o voto de 28.704 sergipanas e sergipanos, tratou sobre as duras realidades enfrentadas pelas minorias sociais, refletiu sobre a missão da mandata no processo de transformação da política reafirmando sua luta para combater os problemas sociais enfrentados pela população sergipana.
Emocionada, a parlamentar definiu o momento como uma quebra de paradigmas da história sergipana, relacionando a ocasião com as dificuldades vivenciadas diariamente pelas pessoas trans na sociedade.
A deputada registrou, na ocasião, que 80% da mandata é composta por pessoas LGBTQIA+, sendo 13 pessoas trans. “Já estamos mudando a cara da Alese e vamos mudar também a fotografia da política sergipana. A ocupação da política por corpas trans representa um avanço civilizatório, especialmente quando está acompanhada de representatividade de identidade de gênero, de sexualidade, de raça e de classe. Tudo isso é essencial para aprofundar a democracia, combater o preconceito, ampliar direitos e garantir cidadania”, assegurou.
Linda detalhou a estrutura da mandata, explicando que a equipe foi dividida em sete Grupos de Trabalho (GTs), que estão atuando com especial atenção às pautas relacionadas à garantia dos Direitos Humanos dos grupos sociais mais vulnerabilizados; juventude e cultura; meio ambiente e povos e comunidades tradicionais; e Educação. Tudo interligado com os setores Legislativo, Jurídico e uma perspectiva de Comunicação informativa, educativa e pedagógica.
“É com essa mandata babadeira que vamos enfrentar a fome que assola o nosso estado, fortalecendo a agricultura agroecológica e familiar em nosso estado; que vamos lutar para preservar o meio ambiente cuidando das comunidades tradicionais, quilombolas, e pesqueiras; que vamos proteger a vida da juventude negra, mulheres e pessoas LGBTQIAP+; enfrentar a violência com uma polícia promotora dos direitos humanos e valorização de todo o funcionalismo público; lutar para pôr fim às terceirizações, fortalecendo serviço e as/os servidoras/es públicas/os; e educar as gerações futuras para a liberdade, valorizando e fortalecendo as/os profissionais da educação”, reforçou Linda Brasil.
Mandata Participativa
Linda Brasil reforçou que os trabalhos na Alese serão pautados na base do diálogo e com ampla participação das cidadãs e dos cidadãos, além dos movimentos. “Assim como na Câmara de Aracaju, trataremos como prioridade política o enfrentamento às desigualdades sociais, à violência de gênero, ao racismo, à LGBTQIAP+fobia, racismo religioso, a defesa da classe trabalhadora, a escola pública enquanto ferramenta de transformação social. Acreditamos na construção sendo norteada pelo diálogo e buscaremos integrar os movimentos sociais e as ideias que vêm das cidadãs e cidadãos sergipanos. Quero fazer o convite aos movimentos e às pessoas. As portas da minha gabineta estão abertas, inclusive, tive a honra de receber, ontem, o Sintese. Quero que o povo saiba que pode contar comigo, pode contar com a mandata. E, juntes, dialogando, vamos mudar Sergipe”, disse a deputada estadual.
Desafios
A deputada expôs índices que precisam ser superados. Em sua fala, a parlamentar destacou a colocação de Sergipe como a 4ª maior taxa de desemprego (14,9%) do país, tendo 169 mil pessoas fora dos postos de trabalho; lembrou que o estado ocupa o 5º maior índice de pobreza do país, estando com mais de 1 milhão de pessoas na condição de pobreza e extrema pobreza; registrou que 46,8% da população sergipana enfrenta graves problemas relacionados à falta de alimento; finalizando os dados com o aumento em 40% dos casos de feminicídio no último ano e destacando que Sergipe ainda é um dos estados que mais matam pessoas LGBTQIAP+.
“Nós vamos lutar para mudar essa realidade! Não recuaremos! Temos a certeza de estar construindo um legado importante, que alcança a maioria da população sergipana, porque nós somos parte da dessa maioria social que está nas ruas dialogando com a classe trabalhadora em sua diversidade para construir um projeto de presente e de futuro para a juventude, mulheres, negras e negros, população LGBTQIA+, povos indígenas, comunidades tradicionais e sem terra. Nós somos a mandata onde todas as lutas se encontram! E vamos trabalhar para mudar esses graves índices”, garantiu Linda Brasil.