As várias expressões da cultura sergipana foram destacadas no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe, na manhã desta quarta-feira, 28. Durante Sessão Especial proposta pela deputada Ana Lula (PT), por meio da Comissão de Educação, Cultura e Desportos da Alese, 40 pessoas receberam a Comenda Cultural Maria Beatriz Nascimento (ativista do movimento negro), entre elas a atriz Valdelice de Matos Santos, conhecida no meio artístico como Tetê Nahas.
“Eu só tenho a agradecer à deputada Ana Lúcia e digo que venham sempre as homenagens em vida porque as pessoas costumam homenagear na morte. Essa homenagem não é só minha,mas de todos que me acolheram, de todos os grupos Grifacaca, Check-up, Asas, Imbuaça e agora também pela minha companhia teatral. Esse reconhecimento não é só do meu trabalho, mas de todos que permitiram que eu mostrasse a minha arte e fizesse esse crédito perante a sociedade”, comemora Tetê Nahas.
Para o músico da banda Samba do Arnesto, Roque Souza, é muito bom ser lembrado com uma comenda tão importante com o nome de Maria Beatriz Nascimento. “Ela foi uma sergipana que lutou pela resistência do povo negro e a gente fica feliz em ser reconhecido. Somos uma banda de samba, mas nunca deixamos de nos posicionar politicamente nos nossos shows e também na construção de vários atos em Sergipe. Nós fazemos da música o nosso instrumento de resistência e não nos calamos; gostamos de colocar o dedo na ferida e lutar por um pais mais justo”, enfatiza Roque Souza.
Homenagem coletiva
A deputada Ana Lula destacou a superação de preconceitos e de rituais medievais que precisam ser superados.“Esse ano nós trouxemos para a Assembleia Legislativa de Sergipe, uma vivência que é das homenagens coletivas e num momento como esse, essa homenagem nos reeduca, pois vamos ter as várias expressões da nossa cultura seja na pintura, nas artes cênicas, na música, na dança e na literatura, que serão reconhecidas pela presidência da Assembleia e por toda esta Casa, que é a Casa do Povo, com todos os pensamentos e os embates no campo político e ideológico. Tivemos hoje uma grande celebração da cultura sergipana”, enfatiza a deputada.
Homenageados
Receberam a Comenda Maria Betariz Nascimento: Tetê Nahas- artista e produtora cultural; Ivo Adnil- ator e produtor cultural; Rivaldino Santos- ator; Grupo Raízes; Grupo Raízes Nordestinas; Diane Velôso de Araújo- atriz; Grupo Imbuaça; Grupo Quilombo Ubuntu Teatro Negro; Virgínia Lúcia da Fonseca Menezes- autora teatral, grupo Mamulengo de Cheiroso; Casa Curta-se; Sercine – Festival Sergipe de Audiovisual; Antônio da Cruz- artista visual; Elias Santos – artista visual; Hortência Barreto- artista visual; Nadir Maria dos Santos- Nadir da Mussuca- mestre da cultura popular; Aglaé D’ Ávila Fontes- professora, escritora e pesquisadora da cultura popular; Chico Queiroga e Antônio Rogério- dupla musical; as bandas: The Baggios; Samba do Arnesto; Reação; Orquestra Sanfônica de Aracaju; Associação Musical Lira Carlos Gomes, Filarmônica Nossa Senhora da Conceição;
Homenageados também Irineu Fontes- artista, produtor e gestor cultural; Francisco Dantas- escritor e poeta; Jeová Santana- escritor; Antônio Vinícius Oliveira Gonçalves- poeta; Isabel Cristina Santana do Nascimento- escritora e cordelista; Wilton Santos de Jesus- escritora e cordelista; Ilma Mendes Fontes- escritora, cineasta e produtora cultural; Vera Vilar- escritora e poetisa;
Aglacy Mary- escritora e poetisa; Hunald de Alencar (in memoriam)- escritor e poeta; Everlane Morais- cineasta; Moema Pasconi Barreto- cineasta; Ginká- Coletivo Afro Contemporâneo; Companhia de Dança Contemporânea; Companhia de Dança Loucurarte; Academia Passo a Passo; Academia Sergipana de Ballet e Cia de Arte Alese, que fez uma apresentação destacando a vida de Beatriz Nascimento e as mortes da vereadora Mariele Franco e do Mestre de Capoeira Moa, assassinados no Rio de Janeiro e em Salvador, além de outros negros mortos barbaramente.
Beatriz Nascimento
Historiadora, professora, roteirista, poeta e ativista pelos direitos humanos de negros e mulheres, nascida em Sergipe, em 12 de julho de 1942. Filha da dona de casa Rubina Pereira do Nascimento e do pedreiro Francisco Xavier do Nascimento.
Beatriz também era poetisa. Sua poesia traz à cena a experiência de ser mulher negra. Essa sensibilidade se traduziu em toda sua escrita. Estava fazendo mestrado em comunicação social, na UFRJ, sob a orientação de Muniz Sodré, quando sua trajetória foi interrompida. Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento, deixando uma filha. Faleceu em 28 de janeiro de 1995 no Rio de Janeiro.
A mesa foi composta pelo presidente da Alese, deputado Luciano Bispo (MDB), as deputadas Ana Lula e Maria Mendonça (PSDB), a superintendente executiva da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), coronel Roberval Correa Leão, representando o 28 Batalhão de Caçadores, Estácio Bahia Guimarães, representando a Academia Sergipana de Letras, Pascoal Maynard representando a Academia de Letras de Aracaju, José Hamilton Maciel vice-presidente da Academia Sergipana de Medicina e Ângela Melo, da Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Por Aldaci de Souza- Rede Alese
Fotos: Jadilson Simões