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Músicos de filarmônicas pedem socorro em audiência

Por Aldaci de Souza – Rede Alese

Os desafios enfrentados por músicos que formam as mais de 40 bandas filarmônicas de Sergipe foram apresentados por maestros, na manhã desta segunda-feira, 18, quando da realização de uma audiência pública. O evento foi realizado pelo deputado Dr. Samuel Carvalho (CIDADANIA), no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), com a finalidade de debater o tema: “Filarmônicas de Sergipe e seus desafios”.

Dr. Samuel destacou a importância de discutir os problemas enfrentados pelas bandas

O deputado Samuel Carvalho lembrou de um projeto de sua autoria, apresentado na Alese, reconhecendo a União Lira Paulistana (de Frei Paulo), como Propriedade Cultural e Imaterial de Sergipe.

“E hoje nessa audiência pública, falamos sobre os desafios enfrentados pelas bandas filarmônicas e verificamos os trabalhos sociais que as mesmas apresentam. A União Lira Paulistana cuida de 230 crianças em situações de risco e vulnerabilidade social e é um projeto que a gente fez e estamos incentivando o debate pra encontrar soluções e dar suporte às mais de 45 cidades que têm Liras”, destaca ressaltando a importância das filarmônicas para o estado.

História das Filarmônicas

Gilberto dos Santos: “bandas e liras apontam Sergipe como celeiro musical”

O maestro Gilberto dos Santos, diretor da Banda Filarmônica Santa Terezinha, de Japaratuba, destacou a História das Filarmônicas e o amor pela cultura sergipana.

“Desde a nossa adolescência, aprendemos a cultuar o gosto pela música, vendo passar em dias festivos, as bandinhas. Foi no século XIX, que as primeiras bandas filarmônicas surgiram em Sergipe e em 2002, a Funart, do Ministério da Cultura, cadastrou 58 bandas filarmônicas no estado. O grande número dessas bandas, liras, associações e orquestras tem apontado Sergipe como um celeiro musical, responsável pela formação de compositores, instrumentistas e maestros que atuam tanto no cenário local, como além fronteiras”, relata.

Gilberto dos Santos informou ainda que grande parte das filarmônicas centenárias desapareceu e algumas ainda estão atuantes na maioria dos municípios sergipanos, a exemplo de Itabaiana e Japaratuba, Aquidabã, Arauá, Barra dos Coqueiros, Boquim, Brejo Grande, Campo do Brito, Capela, Carmópolis, Cristinápólis, Estância, Frei Paulo, Gararu, General Maynard, Indiaroba, Itabaiana, Itabaianinha, Itaporanga D’Ajuda, Japaratuba, Lagarto, Laranjeiras, Malhador, Maruim, Muribeca, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora do Socorro, Pirambu, Poço Verde, Porto da Folha, Propriá, Riachão do Dantas, Riachuelo, Riberópolis, Rosário do Catete, Salgado, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão, Simão Dias e Tobias Barreto.

Desafios

Marcus Antônio: “Os músicos estão enfrentando cinco desafios”

O segundo palestrante foi Marcus Antônio Freitas Santos, captador de Recursos da Filarmônica Luiz Ferreira Gomes, do município de Rosário do Catete. Ele falou sobre os desafios para manter as bandas filarmônicas sergipanas.

“Eu sou músico desde os oito anos de idade, hoje tenho 28 anos e durante os 20 anos de música, vivenciei muitos desafios e listei os cinco principais. O primeiro deles é o conhecimento, pois a base de tudo é a educação e para que se possa aprender música é necessário que entre em uma escola. Geralmente todas as filarmônicas têm a sua escolinha e é ali aonde os músicos iniciam a sua carreira. O desafio é mantê-los qualificados, afiados e afinados para que possam exercer a sua função no dia a dia”, entende.

O músico citou como segundo desafio é a estrutura, pois as  filarmônicas são instituições sem fins lucrativos. “Então nós não cobramos para nos apresentar, diferente das bandas populares que cobram 50 mil, 100 mil reais por apresentação e as filarmônicas não têm condição de adquirir imóveis para funcionar; a maioria realiza as atividades em prédios emprestados pelas prefeituras. O terceiro desafio está relacionado a aquisição e manutenção dos instrumentos, fardamentos e materiais essenciais”, destaca.

Marcus Antônio acrescentou que o quarto desafio é o deslocamento dos músicos para as apresentações.

“A maioria das nossas bandas é do interior e elas não têm o próprio ônibus; dependem da prefeitura ou de outra entidade para que cedam o transporte. Eu já vivenciei momentos em que as bandas deixam de se apresentar porque na hora H, o veículo não chega. E por último, temos o desafio da falta de motivação; muitos dedicaram tempo e dinheiro para serem profissionais tão qualificados e dedicados, mas a maioria trabalha como maestro e músico, mas não é reconhecido pelo que amam fazer. Esse é o fator maior para que as filarmônicas estejam fechando. A cultura vem cada dia mais sendo negligenciada pelos nossos governantes”, lamenta.

Políticas Públicas

Juvenilson Lima: “As bandas atuam em espaços que o poder público não consegue chegar”

Já o terceiro palestrante, Juvenilson Lima Menezes, maestro da Filarmônica União Lira Paulistana, da cidade Frei Paulo, falou sobre Políticas Públicas e as Filarmônicas Sergipanas. E destacou a sensibilidade do deputado Dr. Samuel em realizar a audiência pública.

“De tantas situações difíceis que encontramos no nosso dia a dia, nada mais justo do que trazermos aos nossos legítimos representantes, a situação triste que se encontram algumas filarmônicas do nosso estado”, enfatiza.

Juvenilson Lima afirmou que as filarmônicas em Sergipe são responsáveis pelo ensino direto à centenas de crianças e jovens.

“As bandas atuam nos espaços onde na maioria das vezes o poder público não consegue chegar e impactam diretamente na vida social das famílias, elevando a autoestima, o civismo e o empoderamento social. Hoje, a maior tristeza é vermos que várias dessas ferramentas de transformação social estão fechando suas portas por falta de políticas públicas que as amparem”, diz lembrando que o Governo do Estado por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê, promove algumas iniciativas que buscam fortalecer, amparando oito filarmônicas por ano, precisando de ampliação para a sobrevivência das bandas.

Parlamentares

Dilson de Agripino se colocou a disposição dos músicos

Presentes ao evento, os deputados Dilson de Agripino (CIDADANIA) e Capitão Samuel (PSC) parabenizaram o colega Dr. Samuel pela iniciativa.

“É muito bom estar participando aqui de uma audiência pública com os músicos e quero me colocar a disposição de todos e lembrar que, quando estive à frente da Prefeitura de Tobias Barreto, conseguir aprovar um projeto na Câmara de Vereadores, para que se tenha uma sede da Lira e hoje eles têm uma escolinha. Lamento as angústias do dia a dia de vocês e acho inacreditável que não se tenha nem um carro para transportar as bandas”, diz o deputado Dilson de Agripino, contando que quando jovem, tocava piston e trompete na banda de Tobias Barreto.

Capitão Samuel: “Vocês devem colar na secretaria de Educação” (Foto: Júnior Matos)

“É muito importante que vocês estejam aqui cobrando, dialogando, dando ideias, pois é a forma democrática. Pela situação orçamentária do país hoje, onde temos a educação e a saúde com verbas carimbadas, todas as bandas têm que ficar irmãs siamesas da educação; colar mesmo, porque se ficar aguardando vernas das secretarias de cultura, da ação social, do Banco do Estado de Sergipe, não teremos um projeto concreto e efetivo, será um projeto real, porém necessitado a vida toda”, entende capitão Samuel.

Maestros, maestrinas e vários músicos participaram da audiência

Músicos de bandas filarmônicas e de liras que atuam na maioria dos municípios sergipanos, participaram da audiência no plenário da Alese, falando sobre as deficiências e dando ideias de melhorias. “Espero que a partir dessa audiência, a gente possa como a Fênix, renascer das cinzas e reascender as forças para que as filarmônicas não deixem de existir”, disse o maestro da Banda Filarmônica da Universidade Federal de Sergipe, Mário Tavares.

 

 

 

Momento do Hino Nacional

Ao final da audiência pública, foi feita uma ata com o resumo do que foi discutido, para ser entregue ao governador Belivaldo Chagas, a todos os prefeitos sergipanos e aos deputados estaduais, mostrando os desafios enfrentando e os encaminhamentos, a exemplo da regulamentação da profissão (esse será encaminhado aos deputados federais e senadores).

Fotos: Jadilson Simões

 

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