26/5/2022
Por Ethiene Fonseca/Agência de notícias Alese
Na manhã desta quinta-feira (26), os parlamentares da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) utilizaram o espaço do Pequeno Expediente para tratar sobre a morte de Genivaldo Jesus Santos na última quarta-feira (25) no município de Umbaúba após abordagem realizada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O deputado estadual Iran Barbosa (Psol) foi o primeiro orador a se pronunciar sobre o assunto. Ele ressaltou que os agentes da Segurança Pública desempenham um papel essencial para sociedade, mas ponderou que o Estado tem ultrapassado os limites necessários para a garantia da segurança. Ele informou que irá protocolar requerimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Sergipe e, também, uma moção de protesto contra o fato.
“Nós aproveitamos o momento da nossa fala aqui no Pequeno Expediente para denunciar na Tribuna da Casa o ocorrido no dia de ontem no município de Umbaúba. Mas, mais do que isso: tentar conseguir dentro da Casa uma mobilização no sentido de nós colocarmos um freio em uma série de notícias que nos chegam que dão conta de que o aparelho repressor do Estado vem ultrapassando os limites necessários para a garantia de Segurança Pública. Nós reconhecemos que os agentes de Segurança Pública são essenciais para que possamos produzir uma concepção de segurança para o nosso povo, mas os fatos que têm sido denunciados, apresentados fartamente, dão conta de que há setores da Segurança Pública que extrapolam qualquer medida e aquele fato de ontem não pode passar despercebido porque ali é você usar a força que o Estado lhe dá para torturar e para matar. Isso não pode ser aceito. Aqui na Casa eu já apresentei um requerimento à Comissão de Direitos Humanos para que possamos debater com mais profundidade o caso e também estamos apresentando uma moção de protesto contra o fato, mas nós precisamos ter outras ações. Nós entendemos que esses são passos iniciais para que nós possamos dar desdobramento à discussão sobre qual é a Segurança Pública que o povo de Sergipe merece, qual a Segurança que o povo do Brasil merece e precisa ter, porque não é aquela que assistimos no dia de ontem”, defendeu o deputado Iran.
Quem também usou a Tribuna para falar sobre o tema foi o deputado estadual Francisco Gualberto (PSD). Ele relatou detalhes sobre as cenas que constam no vídeo que registra o momento em que os agentes da PRF abordam Genivaldo. Para o parlamentar, a situação é repudiante, reforçando a necessidade de se propor uma moção contra a ação dos agentes.
“Ontem foi uma coisa realmente degradante. Eu fiz questão de ver a imagem. Um cidadão dominado por três agentes colocado no fundo de um camburão de um carro, algemado, fecharam a tampa. Estou descrevendo como eu vi. Fecharam a tampa do carro, as pernas do cidadão de fora, os policiais tentando empurrar as pernas do cidadão para dentro do camburão e uma fumaça muito forte que saía de dentro do carro. O cidadão dentro daquele camburão gritando. Ali concretamente é uma cena de tortura. Não foi somente uma prisão, não foi reação a uma reação”, comentou Gualberto.
Por fim, o deputado Georgeo Passos (Cidadania) retomou o assunto, destacando que a atuação dos agentes no caso envolvendo Genivaldo não deve se confundir com o trabalho desempenhado pela Polícia Rodoviária Federal enquanto instituição em todo o país. O parlamentar defendeu a realização de uma apuração rígida sobre o incidente e disse que o Poder Legislativo não pode se silenciar diante do fato.
“Com certeza nós sabemos que aquela situação não reflete o que a PRF é enquanto instituição que tem trabalhado pelo Brasil. Temos que separar a instituição dos servidores que no dia de ontem cometeram algo inimaginável. Lógico que, naquele momento, não temos informações de como ocorreu o fato. Aqui a gente não vai passar a mão na cabeça daquele policial. Mas sabemos como é difícil a vida dos policiais. Exigimos que aquele incidente seja apurado com toda a rigidez que o caso requer. Eles como homens da Segurança deveriam dar ao cidadão todos os direitos de responder. Uma cena que realmente não é o que eles aprendem durante a academia. O Poder Legislativo não pode silenciar. É um caso que mancha o nome daqueles policiais. Termino minha fala separando aquele incidente da instituição, formada por homens e mulheres que dignificam os policiais rodoviários federais. Ninguém trabalha para matar ninguém. Entendo que, naquele momento, os meios que foram utilizados não foram os adequados. Temos vários momentos ali que dá para ver que as técnicas de contenção falharam. O cidadão, como qualquer outro, não poderia sofrer o que ele sofreu. Isso não é algo que se aprende em nenhuma academia de polícia. Que a punição aconteça e o Poder legislativo não poderia deixar de registrar o fato”, finalizou Georgeo.
Fotos: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese