A situação do povo palestino diante das guerras foi tema de debate na Escola do Legislativo João de Seixas Dória (Elese) na tarde desta terça-feira (29). O evento que contou com palestras de professores-doutores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), é de autoria da deputada Linda Brasil (PSOL).
“Essa atividade tem por finalidade discutir a catástrofe que está acontecendo na Palestina, essa invasão; esse conflito que está tendo com milhares de pessoas palestinas sendo executadas. Foi uma atividade pensada com o Centro de Estudos Islâmicos e Árabes da Universidade Federal de Sergipe (CEAI). Trouxemos três professores-doutores, pesquisadores sobre relações internacionais e sobre conflitos. O evento conta com a presença de alunos do Colégio Estadual Jackson de Figueredo, além de várias pessoas da sociedade, para que a gente possa dialogar e entender melhor toda essa situação porque infelizmente há muita desinformação e muita invisibilidade do que está acontecendo que é uma tragédia que terá repercussão por vários anos”, ressalta a deputada Linda .
Para a professora de Geografia do Colégio Jackson de Figueredo, Ana Lina Silva, é pertinente tirar os alunos da sala de aula para participarem de uma palestra importante como a realizada no auditório da Elese. “Dá uma visão a eles , fora da sala de aula, de uma linguagem diferente, com pessoas de várias áreas trazendo informações muito importantes. Eles começam a perceber como é interessante ouvir, ter uma concentração e obter dados diferentes, imagens e informações que talvez no dia a dia da sala de aula, acaba não dando tempo. Além de terem acesso a outros espaços que eles podem estar circulando, aprendendo como estudantes cidadãos”, observa acrescentando que os estudantes cursam o 2º ano do ensino médio.
Os palestrantes foram os professores Geraldo Adriano Campos, do Departamento de Relações Internacionais da UFS, coordenador do Centro Internacional de Estudos Árabes e Islâmicos e coordenador científico do Programa Arab Ltinos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); o doutor em Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da PUC-São Paulo e da Universidade de Campinas (Unicamp), Arthuro Hartmann; pesquisador membro do Centro de Estudos Islâmicos e Árabes da UFS e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para o Estudo sobre os Estados Unidos (INCT-INEU). E Também participou o Doutor pelo Programa de História da Filosofia da UFS; membro fundador do CEAI e tradutor das obras do palestino Ghassan Kanafani: “O que lhes restou” e “Retorno a Haifa”.
Na palestra, os professores destacaram a Nakba, termo árabe que significa catástrofe ou desastre, tendo o dia 14 de maio de 1948 marcando ao mesmo tempo, o fim e o começo de um novo projeto colonial na Palestina.
Segundo o professor Geraldo Adriano, a Nakba é um acontecimento que resultou da guerra, concluindo na implantação do estado de Israel.
“Nakba é uma palavra que vai ter uma centralidade muito grande entre os palestinos. Eles inventaram o seu próprio vocabulário político e as palavras se tornaram referência quando nós estamos no mesmo campo, compartilhando uma experiência de violência comum. Nakba vai muito além de 1948; tanto que hoje historiadores dizem que o que a gente vive é uma Nakba em continuidade, ou seja, a catástrofe não acabou e agora estamos num novo capítulo, que é o genocídio. A catástrofe inclui o genocídio, a limpeza étnica, inclui renomear os lugares, o roubo de terras e prisões arbitrárias; a invisibilidade das pessoas e o apagamento da história de um povo”, explica informando que também foi criada a palavra sumud que quer dizer resistência.
Fotos: Joel Luiz/Alese