Na Sessão Plenária desta quarta-feira (12), a deputada Linda Brasil (PSOL) relatou que, na última terça-feira (11), ela realizou uma visita no Colégio Estadual Marcolino Cruz Santos, no município de Macambira, onde foi convidada para participar de um bate-papo sobre educação em direitos humanos, com professores e alunos.
A iniciativa, que marcou o início do ano letivo, foi organizada pela coordenadora Lusa Mabel e a diretora Samilly Teles, com o apoio do corpo docente da escola.
Durante a visita, porém, a deputada aproveitou para fiscalizar e identificou sérias deficiências na infraestrutura da instituição, destacando-se a falta de instalação de aparelhos de ar-condicionado, apesar de todo o sistema de preparação elétrica já estar concluído e os equipamentos disponíveis. A parlamentar contou que, segundo informações da direção, o impasse se deve à falta de ação da Energisa, que ainda não realizou a ligação necessária para o funcionamento dos aparelhos.
“Ontem mesmo, o calor estava insuportável em um espaço aberto. Imagine dentro das salas de aula”, destacou a deputada que sentiu o que os alunos e o corpo docente passavam. “Nós vamos fazer uma indicação para que a Energisa conclua o serviço”, informou a parlamentar.
Outro ponto crítico levantado pela parlamentar foi a recorrente falta d’água no Colégio, uma situação que persiste desde novembro do ano passado. O problema está relacionado a falhas no abastecimento pela Deso que, apesar das cobranças da comunidade, ainda não apresentou uma solução definitiva. “Vamos buscar um diálogo com a Deso, para que essa situação também seja solucionada”, declarou a deputada.
Violência contra a mulher
Uma reportagem do jornalista Cristian Góes, da Mangue Jornalismo, revelou um aumento preocupante nos casos de violência contra mulheres em Sergipe em 2024. Segundo dados da Delegacia de Atendimento à Mulher, o número de ocorrências subiu de 15.794 em 2023 para 16.516 em 2024, demonstrando um crescimento alarmante.
Apesar da redução nos casos de feminicídio, que caíram de 16 para dez, outros indicadores chamam atenção. As medidas protetivas de urgência em favor das mulheres sergipanas aumentaram 23,5%. Em relação aos crimes sexuais, 104 mulheres foram estupradas no último ano, e ocorreram 200 casos de estupro de vulneráveis, que envolvem menores de 14 anos, pessoas com deficiência ou indivíduos incapazes de oferecer resistência por motivos diversos, como embriaguez ou entorpecimento.
“Os números são chocantes e evidenciam o quanto ainda estamos longe de garantir um ambiente seguro para as mulheres”, destaca a deputada em seu discurso. Um ponto crítico é a falta de dados sobre a violência contra mulheres trans e o transfeminicídio. “O Estado continua ignorando a violência contra os nossos corpos, nos excluindo das políticas públicas”, afirma a parlamentar que faz parte do coletivo de transsexuais.
A Secretaria de Estado de Política para Mulheres defendeu que o aumento nos registros reflete a maior confiança das mulheres nas instituições de segurança. No entanto, a interpretação é vista como simplista por especialistas. “Não basta dizer que as mulheres estão mais confiantes para denunciar. É preciso questionar por que essa violência persiste e investir em políticas públicas efetivas de prevenção e combate”, critica a deputada.
Ela falou que a sensação é de que a violência contra mulheres está tão naturalizada que a sociedade não consegue avançar de forma significativa. “Estamos apenas contando corpos e divulgando números, isso mostra a falha da sociedade e do Governo do Estado na proteção da vida de todas as mulheres, cis e trans”, conclui a deputada Linda Brasil.
Foto: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese