A violência contra a mulher foi tema do pronunciamento da deputada Linda Brasil (PSOL), na sessão desta terça-feira (3). Ela lamentou que em plena campanha do Agosto Lilás (mobilização nacional pelo enfrentamento à violência contra mulheres e aniversário de 18 anos da Lei Maria da Penha), os números de casos continuam crescendo no estado de Sergipe.
“A gente começa setembro já com tristes notícias em relação à violência contra as mulheres. Na madrugada de hoje uma mulher morreu vítima de facadas. O caso foi registrado no último final de semana em Boquim e o assassino que é o seu ex-marido, também matou o próprio irmão e ainda feriu o sobrinho da mulher”, ressalta.
Linda Brasil informou que na última segunda-feira (2), um homem foi preso acusado de tentativa de feminicídio após agredir a ex-companheira com uma garrafa de vidro na cidade de Neópolis. “Até quando isso vai acontecer? O combate à violência contra as mulheres tem sido a plataforma de campanhas eleitorais nos últimos anos, mas a verdade é que nenhum gestor em Sergipe prioriza de verdade a eliminação desse tipo de violência, porque na prática não existe uma política pública efetiva e combativa. O governo do estado criou a Secretaria da Mulher, mas no início não tinha um orçamento adequado; esse ano foi criado um crédito especial, mas também não satisfaz as demandas de uma secretaria tão importante”, lamenta acrescentando não existir um plano de enfrentamento à violência.
“No âmbito estadual, a única política efetiva é o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), mas atua com uma perspectiva de punir, de buscar justiça aos assassinatos; e a Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal, mas política de educação e prevenção para educação para além das datas de conscientização não existe de verdade. O combate à violência contra as mulheres não tem centralidade no orçamento do Governo do Estado, nem da Prefeitura de Aracaju e nem nos demais municípios sergipanos. Enquanto isso continuamos a contar corpos de mulheres que têm suas vidas interrompidas com uma violência absurda, com origem numa sociedade machista, misógina que tolera; é omissa e pratica a violência de gênero todos os dias. Não aguentamos mais ouvir falar desse assunto e ver absolutamente nada mudar”, observa.
Manifestação
A deputada também falou sobre uma manifestação na porta do Tribunal de Justiça de Sergipe. “Os trabalhadores e trabalhadoras das empresas Progresso e Paraíso também foram para a porta da Câmara de Vereadores e depois vem aqui para a Assembleia. Eles estão fazendo um protesto cobrando os seus direitos trabalhistas. Eles fazem parte de um grupo demitido da empresa em 2021, que não recebeu a rescisão. Foram 177 demitidos, Segundo eles, perderam 50% dos seus direitos ao firmarem um acordo com o sindicato e mesmo assim, até hoje não receberam. A estimativa é de que. Tem situações em que a justiça já determinou o pagamento e mesmo assim as empresas se negaram”, explica.
Linda Brasil acrescentou que subsídios municipais foram investidos para que o pagamento fosse feito. “Em dezembro de 2021, cerca de 250 rodoviários de duas empresas de transporte público, foram demitidos, principalmente cobradores que tiveram as suas funções extintas. Antes, centenas de trabalhadores chegaram a paralisar as atividades para reivindicar seus salários e benefícios atrasados. Isso é o reflexo de uma ligação perigosa de grandes empresários do transporte público com a política sergipana, com a política aracajuana”, destaca.
Foto: Jadilson Simões/Alese